Além de sites, Lins consultou 66 livros para tecer seu vigoroso retrato de época, situado no vértice da decolagem da era do rádio e do disco e, por consequência, da exploração dos compositores populares como mão de obra barata. Mas as virtudes documentais do livro engessam seus voos ficcionais, por vezes, atados a narrativas didáticas e diálogos artificiais.
Ainda assim, é uma bela façanha deslindar em prosa e versos (com citações de sambas reais) a saga, muitas vezes reprimida pela polícia, de compositores e malandros como Brancura, Baiaco, Ismael Silva, Bide (apontado como criador do tamborim e do surdo), João Mina (cuíca), Nilton Bastos, Rubem Barcelos e Benedito Lacerda. Vários deles são citados apenas por uma parte do nome, como ainda os cantores (Carmen) Miranda e (Francisco) Alves, este um notório comprador de sambas, e intelectuais entusiastas deste caldo cultural como Manuel (Bandeira), Mário (de Andrade), (Augusto Frederico) Schmidt e (Carlos) Drummond. O polêmico diálogo do homossexualismo explícito assumido por Silva e Mário, numa era repressora de enrustidos e entendidos, é apenas um detalhe nos conflitos entre ficção e realidade do livro.