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cristoBrasil - Diário Liberdade - [Rodrigo Barreto da Silva Moura] Como pesquisador de identidade e sujeito nos âmbitos literários, sempre estive em contato com diversas indagações acerca dos sujeitos e sua formação identitária. 


Na Universidade de Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desenvolvi alguns trabalhos sobre Psicose e Síndrome do Pânico, trabalhei também com as alterações do sujeito após o uso de drogas mais pesadas, tais como a cocaína e a heroína. No Mestrado em Literatura Portuguesa dissertei sobre a concepção de sujeito e identidade na obra A jangada de Pedra, de José Saramago. E hoje, escrevendo com um tom mais impessoal, me vejo na obrigação de tentar refletir sobre um assunto que ainda parece tabu em nossa sociedade hipócrita: os direitos civis da comunidade LGBT. Não pretendo emitir qualquer juizo de valor ou lançar qualquer ponto de vista científico, posto que gostaria apenas de participar de um debate que há anos eu precisava participar.

Alguns grupos de pesquisa com uma experiência bem maior que a minha contabilizaram cerca de 326 mortos no ano de 2014 de gays, lésbicas, transexuais, travestis e héterossexuais que foram confundidos com homossexuais. Parece um número pequeno tendo em vista a nossa população de quase 205 milhões de habitantes (segundo dados atualizados do IBGE). Contudo, este número cresceu em comparação com o número de 2013, logo a situação está piorando em nosso país. Apesar de inúmeras campanhas, novelas e debates, o Brasil ainda está na lista dos países que mais mata homossexual no mundo. Não precisa ser um pesquisador da área para notar que a situação é muito grave, tendo em vista a crueldade e a frieza como esses crimes são cometidos.

A mídia, até o momento, com seu ponto de vista, lançou, digamos, uma cartilha de como ser gay preconizando que as pessoas têm o direito de ser como são desde que respeitem certas regras ou obedeçam a certos padrões, tais como ser: branco, com boa aparência, não ser afeminado e por aí vai. Onde quero chegar? Os gays que não seguem este padrão continuam sendo vistos como verdadeiras aberrações e muitas religiões têm ajudado na propagação do ódio contra homossexuais.

Acredito que falte um pouco mais de compreensão no que tange à comunidade LGBT, pois dentro da mesma há inúmeras divisões que apenas reforçam o preconceito dentro da própria comunidade. Não é difícil escutar "Bicha pão com ovo" para designar pessoas que não se encontram no padrão mídia. Poderíamos pensar como é ser gay, negro e morador de uma comunidade carente? Poderíamos pensar sobre como os gays têm apoiado a luta das transexuais e travestis?

Não podemos deixar que a Comunidade LGBT seja dividida em castas, temos de aprender a utilizar o pronome "Nós" quando falamos de nossa Comunidade e defender seja quem for. Não estamos lutando por respeito? Creio que poderíamos começar entre nós mesmos, tendo em vista que quanto mais nossa Comunidade for unida, mais teremos chances de provocar as mudanças que tanto almejamos. 326 mortos não é pouco. São 326 vidas que se foram pelo direito negado de "ser".

É lastimável que nossa Comunidade não consiga, por vezes, enxergar o Outro. Enquanto isso, batemos palma como loucos para Cait Jenner por assumir sua identidade de gênero feminino. É claro que não quero desmerecer a conquista desta mulher que, durante muitos anos, viveu aprisionada num corpo masculino. Mas, somos incapazes de perceber que há pessoas do nosso lado que não nasceram em condições como Cait? Não somos capazes de perceber que grande parte de transexuais scometem suícidio por não terem amparo familiar e de sua própria comunidade?

Não podemos estender nossa luta para um grupo seleto de pessoas com alto poder. Temos de pensar em "Nós", temos de ter sensibilidade com cada sangue derramado. Temos de lutar por direitos iguais agora, sem mais desculpas. O mundo está passando e há pessoas que não podem esperar mais um segundo. Temos de lutar por cada vida, pelo direito de ser, pelo direito de viver.

Rodrigo Barreto da Silva Moura - rodrigobarreto.uerj@gmail.com


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