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220515 coresBrasil - Esquerda Diário - [Virgínia Guitzel] Dia 17 comemorou-se 23 anos, desde que em 17 de Maio de 1992 se retirou o prefixo "ismo" e a concepção patológica (de doença) das sexualidades não heterossexuais. A comemoração desta importante conquista da comunidade gay deve fortalecer a luta permanente pela retirada das identidades de gênero não cisgêneras (homem/mulher definido a partir do órgãos genitais) da Organização Mundial de Saúde e a luta pelos direitos civis de toda comunidade LGBT.


Apesar dos comerciais televisivos e as novelas progressivamente irem incorporando personagens LGBT reforçando os esteriótipos de identidades normativas e submissas a ordem capitalista, a revolução sexual dos anos 60 e os questionamentos da relação entre a profunda opressão e repressão sexual e identitária converteram-se na domesticação e na cooptação do ideia revolucionário de emancipação em todos os níveis.

A realidade da ampla maioria de LGBT está marcada por um combate permanente desde sua própria aceitação até mesmo com sua relação cotidiana nos distintos ambitos sociais. A lamentável situação da medicina contemporânea, da "medicina dos sintomas", produz uma roleta russa na sobrevivência de milhares de transsexuais e travestis que têm a sua identidade ser encarada como doença, submete milhares à condições desesperadas de tratamentos hormonais e injeções de silicone industrial, altamente fatais para grande parcela dessa população.

Os abusos sexuais, como o recente escândalo na Argentina, onde se reduziu a pena de um pedofilo que abusou de uma criança de 6 anos com a justificativa que a criança seria homoafetiva. Os abusos sofridos pelas lésbicas pela via do "estupro corretivo", sejam por seus "amigos", colegas de trabalho ou da faculdade, ou por grupos organizados sob ideologias nazistas e o altíssimo indice de suicídio da comunidade LGBT reverberam a miséria da sexualidade perpetuada pelo sistema capitalista, que exalta o individuo tornando-o um objeto à serviço do consumismo, do individualismo e dos prazeres "de ser" e de "estar com" a partir da industria farmacéutica, das maquiagens e da prostituição.

O Brasil na contramão dos 23 anos de despatogização?

Como publicado no Estadão no último sábado, a Comissão de Direitos Humanos contra suas própria razão de existir como defensora de direitos "humanos", organizará uma audiência pública para ouvir depoimentos de "ex-gays" que afirmam sofrer preconceito por sua escolha, abrindo assim caminho para os projetos reacionários abertos pela Frente Religiosa do Congresso Nacional, como "A cura Gay" e outras bizarrices como "O dia nacional da heterossexualidade" e criminalização da "heterofobia" (!). 

Idealizado por uma psicologa Marisa Lobo, que teve seu registro profissional cassado justamente devido a sua conduta homo e transfóbica prepara um novo documento para ONU defendendo sua tese da "recuperação, tratamento ou conversão" dos homossexuais como parte da manobra para reverter a determinação do Conselho Federal de Psicologia que proíbe hoje que os psicologos tratem a homossexualidade como doença, alegando que seria preconceito com os ’ex-gays" não oferecer tal tratamento.

Ainda que o Conselho Federal de Psicologia e a maioria dos juízes não encarem seriamente este debate da "cura gay’ como uma ameaça a conquista da despatologização, se preparam novos embates ideológicos e políticos num Congresso Nacional mais conservador construído justamente pelos acordos e costuras eleitoralistas entre o governo do PT com os setores mais conservadores, que frente a própria crise do governo federal vem ganhando mais espaços como é o atual presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

A roleta russa: A mira sobre a juventude LGBT

A profunda marginalização das identidades trans produz na juventude uma angustia própria da miséria do capitalismo assim como as sexualidades não normativas que não competem as idealizações produzidas nos filmes, romances, livros do auge da "felicidade amorosa". A vivência de anos num corpo que não condiz com a identidade de gênero de milhares de jovens produz uma insatisfação de se viver uma vida inteira para ao envelhecer poder conquistar o direito à medicina (tratamentos hormonais, cirurgias) e a "cidadania" (com a alteração do nome nos documentos oficiais).

A vida dos LGBT é de uma roleta russa. Onde se há mais balas para os LGBT negros e negras e principalmente da classe trabalhadora. São estes onde a bala acerta em cheio pela intensa depressão que não os encaixa na sociedade como uma pessoa normal. São onde as balas da hormonização deforma os corpos e causa diversos efeitos colaterais que escancaram a impossibilidade de uma livre e real construção de identidade de gênero nesta medicina contemporânea à serviço da manutenção da ordem capitalista. Que respalda os abusos sexuais das mulheres lésbicas e incentiva a homofobia e a transfobia buscando formas de "curar" o que não segue a ordem capitalista-cristã. É a bala que acerta em cheio a juventude que é jogada nas ruas da prostituição, onde as drogas contaminam a lucidez para amenizar o sofrimento cotidiano, e onde as balas buscam não apenas matar, mas normatizar, deixando exemplos da impotência individual de responder a esta profunda opressão social.

Para tirar da cabeça dos LGBT esta roleta russa, que a cada 28 horas assassina um LGBT, e onde a maioria dos casos de agressões e assassinatos de trans no mundo ocorre no Brasil é preciso uma profunda reorganização do movimento LGBT que não reconheça a "paz" da democracia burguesa, que segue encarceirando Verônicas e assediando nos locais de trabalho, reprimindo dentro dos lares e colocando balas nas cabeças, nos peitos, nos corações da juventude que poderia reavivar a apaixonante luta da revolução social e sexual tão necessária. Somente se enfrentando com a institucionalização dos movimentos sociais promovida pelo governo do PT de contenção das revoltas e dos questionamentos das profundas injustiças sociais é que se pode lançar luz a saída verdadeiramente progressista a situação da comunidade LGBT. A cura gay é apenas um alerta, das vias institucionais para se retroceder a luta mundial contra a patologização, e a confirmação da falência da idéia de avanços graduais e progressista.

É preciso reacender as chamas de Junho na luta pelo Estado Laico e pela separação real da Igreja do Estado e retomar as bandeiras de Stonewall (EUA) que se rebelavam em luta pela liberação sexual. A juventude que se prepara para os congressos nacionais da ANEL e da UNE tem como tarefa hoje constituir uma terceira via, onde o movimento estudantil, possa se provar como sujeito político nacional capaz de influenciar a realidade e combater as balas que atingem a juventude negra com a redução da maior idade penal assim como as que matam as mulheres do feminicidio e os LGBT da profunda opressão que vivemos.


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