De acordo com os resultados da mesma pesquisa, 65% dos entrevistados concordam também com a afirmação de que "mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas".
A partir desses dados alarmantes, conseguimos extrair algumas percepções comuns que se tem da violência contra a mulher: Ao invés do agressor, a mulher é responsabilizada e culpabilizada caso sofra alguma violência pelo motivo de não se vestir ou se comportar "adequadamente". Isso só ocorre, pois os homens se sentem no direito, instituído sob os corpos femininos, de utilizá-los como bem entenderem. Seja no espaço privado ou público. Aí reside a leitura mais perigosa. Leitura esta que explica o aumento de 217,6% do feminicídio nos últimos 4 anos. Hoje a cada 2 horas uma mulher é assassinada e a cada 11 minutos uma mulher é estuprada.
A pesquisa do IPEA causou grande repúdio e adesão nas redes sociais através da campanha #EuNãoMereçoSerEstuprada, encabeçada por mulheres que se negam a ser culpabilizadas. Defendemos, agora, ocupar as ruas para fazer valer nossos direitos!
Em resposta à pesquisa, a presidenta Dilma divulgou em seu twitter que a sociedade brasileira tem muito a avançar no combate à violência contra a mulher e que devemos ter tolerância zero à esse tipo de violência. Porém, esta intolerância não se revelou no seu governo. A Lei Maria da Penha ainda não saiu do papel. Há poucas casas-abrigo, delegacias de mulheres, juizados e varas especializados conforme previsto na lei.
Nós, mulheres da LSR, lutamos diariamente para superar esta condição de violência. Queremos os 30 bilhões da Copa para garantir segurança e a vida das mulheres brasileiras, trabalhadoras! Abaixo ao Machismo! Ele mata todos os dias! Pelo fim da violência contra as mulheres!
OBS: Esta nota foi escrita antes da errata do IPEA, porém a crítica se mantém relevante pois muitas das demandas das mulheres ganhou voz. E continua sendo real os milhares de estupros e assasinatos diários contra as mulheres no Brasil. E na nova pesquisa a quantidade de brasileiros que culpabilizam a vítima continua relevante, fazendo as reinvindicações das mulheres continuarem a serem legítimas.