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290113 lgbtBrasil - Vermelho - [Erikson Walla] O 29 de janeiro foi definido como o dia da Visibilidade Trans, para que a realidade de travestis e transexuais seja discutida ao menos uma vez por ano.


Na Bahia, uma programação está sendo preparada pelo Núcleo LGBT da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (SJCDH-BA) para marcar a data. A coordenadora do núcleo, Paulete Furacão, que é transexual, falou ao Vermelho sobre os preparativos para o dia, preconceito, conquistas e até sobre a origem do nome “Furacão”.

Portal Vermelho: Quais os preparativos para o Dia da Visibilidade Trans aqui na Bahia?
Paulete Furacão: A gente vem construindo essa agenda desde o ano passado, desde setembro. Houve também o encontro de travestis e transexuais na cidade de Vitória da Conquista e a gente vem nivelando as demandas das trans. Para amanhã [terça-feira, 29], preparamos a abertura do curso para transexuais na função de auxiliar administrativo, algo inovador no Brasil, já que, geralmente, se disponibiliza para o segmento cursos relacionados à estética ou ações sexistas. A gente quer outro direcionamento e há uma preocupação com esse rótulo. Precisamos quebrar esse rótulo para que essas funções sejam opção e não obrigação. Logo após a aula inaugural, vamos ter um coquetel e uma caminhada da sede [do Centro de Educação em Direitos Humanos, no Corredor da Vitória] até o Campo Grande, com as próprias meninas, para simbolizar o nosso dia.

Por que é importante ter um dia específico para a visibilidade trans?
Hoje eu sou estado, mas é o meu dia também, já que eu sou transexual. A gente precisa se manifestar, sair da invisibilidade, porque somos inexistentes na sociedade e hoje o governo tem essa preocupação muito grande da gente ser inserida, de fato, na sociedade.

Qual a diferença entre a transfobia, termo que vocês usam, e a homofobia?
É só para diferenciar, para explicar cada fobia do segmento LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais). Se acontece uma agressão ao transexual, automaticamente a gente identifica como transfobia.

As travestis e transexuais adotam mais características femininas do que os somente gays. Há mais transfobia do que homofobia, por conta disso?
Com absoluta certeza porque o novo assusta. O que para muitas pessoas é tido como não natural é assustador. Por si só, a gente consegue chamar atenção em qualquer espaço, por sermos diferentes.

Como vê a transfobia aqui na Bahia?
É crescente. A gente do movimento entende que esse é o grupo mais vimitizado, pela exposição que a travesti e a transexual estão sujeitas, pela questão do machismo e tantas outras.

Você é do Nordeste de Amaralina, uma comunidade carente de Salvador. Como é o tratamento ao travesti e a transexual nesses espaços, é diferente?
Excelente. Existe um respeito muito grande ao público LGBT, tanto que a gente consegue fazer uma parada gay com 5 mil pessoas e com total apoio da comunidade. O acolhimento não é só para as trans, mas vejo que até as lésbicas conseguem também transitar com mais facilidade. Há uma aceitação muito grande, por incrível que pareça.

Em março do ano passado, você foi escolhida para comandar o Núcleo LGBT da SJCDH, se tornando a primeira transexual do órgão e uma das poucas no funcionalismo público. O que a sua ida para lá representou?
Uma luta. Ser a primeira requer muita responsabilidade. Como disse na minha posse, sou a primeira, mas não quero ser a única. Quero que as minhas companheiras, minhas amigas, minhas irmãs tenham a mesma oportunidade que eu tive.

Qual a avaliação que faz do trabalho nesse período de quase um ano?
Existe toda uma equipe trabalhando e a gente conseguiu estar em vários espaços, colocar a primeira campanha contra a homofobia nas ruas, ter um espaço institucionalizado, temos feito visitas às penitenciárias e várias outras atividades, como palestras, seminários, marchas. Foi um ano bastante produtivo. Eu não tinha nem hora de almoço. Uma vez eu vi um depoimento de um jovem pelo facebook que me deixou impressionada. Ele me perguntou como eu estava e eu respondi que estava esgotada. Foi tão significativo o que ele disse: o meu cansaço era o descanso dele. Isso me marcou para cada vez mais trabalhar, trabalhar e trabalhar.

O que o segmento ainda falta conquistar?
O respeito da sociedade e isso é uma desconstrução. Quando pensei no meu nome, pensei justamente nisso. Mas por que o Furacão? Pela destruição. Destruição do preconceito para que haja um recomeço de respeito. Tudo está relacionado ao respeito e se você consegue se respeitar, você respeita o outro. Historicamente, o Brasil esteve ligado a lutas. Negros, índios, mulheres e agora LGBTs. As pessoas estão ficando mais abertas e entendendo que somos apenas seres humanos querendo seu espaço e isso deve ser respeitado.


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