Carla ficou internada por alguns dias com diversos ferimentos, principalmente na cabeça. Liberada após a realização de uma tomografia, para identificar um possível coágulo na cabeça devido as pancadas, Carla foi à delegacia de polícia. Sem um atendimento adequado, procurou a delegacia da mulher da cidade.
O Coletivo LGBT de Erechim, grupo que está começando a se organizar na cidade, visitou a vítima para prestar apoio e orientação. Logo após foi à delegacia da mulher onde conversou com a delegada Diane Zanatta, para obter informações e cobrar medidas duras por parte da polícia. A delegada, numa atitude franca, falou da limitação da atual legislação, da falta de condições da segurança pública em oferecer ajuda às mulheres e às vítimas de violência homofóbica e reconheceu o forte machismo e homofobia existentes na justiça e na corporação policial. Reconheceu, ainda, que este foi o primeiro caso de violência homofóbica que chegou à delegacia. Por fim, Diana comentou que casos como este não chegam até a delgacia em virtude do medo que as vítimas de homofobia tem de se expor.
É preciso um resposta da comunidade LGBT: organização!
Para nós do Coletivo LGBT de Erechim o caso de Carla deve servir para que todas as lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBTs) da região comecem a se organizar e mobilizar. Carla teve a corágem de levar adiante seu caso indo até a polícia, embora saiba que muito pouco pode esperar do poder público. Nos colocamos à disposição para prestar apoio e solidariedade no que estiver ao nosso alcance.
Queremos fazer deste caso um exemplo para a cidade e a região. Estamos acompanhando junto à delegacia da mulher, e pressionando as autoridades a tratarem com seriedade essa agressão para que não morra nos empoeirados arquivos policiais. E queremos alertar a todos os LGBTs que é preciso que estejamos organizados e atentos, pois casos como este (e tantos outros) deixam claro que o poder público e suas autoridades não podem oferecer a segurança de que precisamos.
Não é possível esperar que a resposta para nossos problemas venha do Estado. Precisamos fazer frente a essas agressões e construir um forte movimento LGBT na cidade que dê visibilidade à onda de discriminação e violência contra LGBTs e que chame os demais movimentos sociais para se somarem na luta contra o preconceito.
Criminalização da homofobia já!
O crime cometido contra Carla e tantos outros LGBTs é um crime de ódio, motivado pela homofobia (aversão aos LGBTs) e deve ser tratado como crime hediondo. No Brasil um LGBT é assassinado por dia. Pelo simples fato de termos uma orientação sexual ou identidade de gênero diferente daquela que é dominante, corremos o risco de morrer e somos alvo de todo tipo de violência e discriminação. Mas o país não possui uma legislação que criminalize esse tipo de violência contra a população LGBT. Dessa forma, crimes hediondos, como o que foi cometido contra Carla e tantos outros com final mais trágico, são tratados como briga de bar, e os agressores pagam penas mínimas como uma pequena multa. Isso tem nome: IMPUNIDADE!!!!
Por isso chamamos os movimentos sociais organizados, a população de Erechim e a sociedade em geral a apoiar e exigir a aprovação do Projeto de Lei Complementar 122 (PLC-122), que criminaliza a homofobia e que está tramitando no Congresso Nacional.
Chega de violência e mortes! Vamos denunciar a homofobia em Erechim e exigir a aprovação do PLC-122!
Foto: Skyscrapercity - Erechim (RS)