Militante trotskista, Guga, como é conhecido no movimento estudantil, vem sendo perseguido pelo reitor Rodas desde que participou do movimento da moradia retomada, sendo um dos companheiros que foram presos e processados por encabeçar a luta dos estudantes da USP.
Jornal Luta Operária (JLO): Como se deu a ocupação da Reitoria no começo de outubro?
Augusto Saraiva (AS): Já existe uma luta de longa data da USP pela transformação desta universidade elitista, com o objetivo que tenhamos uma universidade aberta à população e aos trabalhadores, para que mudemos o caráter da USP que foi projetada pela burguesia paulista. Esse combate se deu nas ocupações da reitoria nos últimos anos e agora, no começo de outubro, em torno da disputa do projeto de universidade, ou seja, se vai vingar o projeto da classe dominante ou se conseguimos transformá-la em uma universidade para os trabalhadores. Nesse sentido, a ocupação atual se realizou a partir da tentativa dos estudantes de transformar a estrutura de poder da USP. Isto se viu através de várias reivindicações como do governo tripartite na USP, como na defesa das diretas com o voto universal, pelo fim do vestibular, a devolução do bloco K e L que foi invadido pela reitoria, mas eram blocos de moradia estudantil, pelo fim dos muros excludentes da USP!
JLO: Qual o papel do DCE no processo de ocupação?
AS: O papel do DCE que hoje é controlado pelo PSOL-MES e PSTU sempre foi nos últimos anos o setor conciliador do movimento, aquele setor que é contra as iniciativas de luta dos estudantes, que foram contra as ocupações de reitorias e as greves. Hoje este setor participa da ocupação, mas tentando reduzir esta luta a busca por um espaço dentro da burocracia da USP, tanto que eles estavam e estão até hoje contra ampliar esta luta para as pautas surgidas no movimento. Hoje estes setores participam da ocupação na tentativa de reduzir esta luta a uma mera reivindicação por eleições diretas e paritárias para reitor. Só que o movimento é muito mais amplo do que isto. O DCE tenta atravancar a luta de uma forma mais geral, que se expressa através da ocupação, das greves, no enfrentamento com a polícia e a burocracia universitária servil a Alckmin (PSDB).
JLO: Acabou de ocorrer a assembleia unificada dos estudantes de História e Geografia. Quais as perspectivas do movimento daqui para diante?
AS: A assembleia dos estudantes da geografia e história foi muito positiva porque caminhou no sentido de ampliar a luta por uma universidade a serviço dos trabalhadores e não restringi-la a busca de um espaço de negociação com a burocracia universitária. A tentativa do DCE de rebaixar a pauta por eleições diretas e paritárias foi derrotada. Em todo o movimento estudantil da USP, vários ativistas e lutadores estão percebendo o papel traidor do PSOL e PSTU, que inibem a luta contra Rodas e Alckmin. Tiramos um calendário de luta, que passa por fortalecer a greve e a ocupação.
JLO: Sendo militante trotskista, como você vê a luta dos estudantes da USP no sentido de construir uma nova direção para o movimento estudantil aqui e em nível nacional?
AS: A luta esta avançando. A experiência com estas direções traidoras e oportunistas no DCE (PSTU e PSOL) e na UNE (UJS e PT) tem demonstrado a tendência ao combate independente da burguesia e em unidade com os trabalhadores, pelo enfrentamento direto para conquista vitória. A participação dos estudantes da USP nas jornadas de junho e agora nas lutas atuais vão no sentido de radicalizar para construir uma direção combativa para os estudantes e trabalhadores rumo ao socialismo!