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Foto - Educação em GreveBrasil - Diário Liberdade - A iniciativa é inédita nos últimos 19 anos. Hoje haverá assembleia e passeata.


A rede municipal de ensino do RJ entrou em greve na última quinta. Hoje, quarta (14/08), é o dia da reunião geral do sindicato e haverá uma passeata, que começará após a assembleia (marcada para 10 horas no Largo do Machado), e que tem como ponto final o Palácio da Cidade, em Botafogo.

Lucrécia Mascarenhas, ativa participante na greve, é Professora de História da rede municipal no Rio de J aneiroe enviou uma carta para o Diário Liberdade explicando a situação da educação municipal e como a greve tenciona cobrar atenção a respeito da baixa qualidade do ensino público municipal. A docente classifica de "conflito ético" o exercício na rede municipal, pois ele obriga a "ser condizente com uma educação que apenas faz é reproduzir a lógica excludente da nossa sociedade".

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"Sou professora de História do município do Rio de Janeiro e estou em greve. Há 19 anos isso não acontecia na maior rede pública de ensino da América Latina.

Eu e meus pares enfrentamos cotidianamente salas de aula completamente lotadas e péssimas condições de trabalho. Aproximadamente 40 alunos por turma disputam a atenção do docente que, em meio ao caos, luta para ensinar. O seu trabalho não é reconhecido. A remuneração é baixíssima e, em boa parte, composta por bonificações que serão perdidas tão logo chegue a aposentadoria. O bônus cultura, o auxílio transporte e o auxílio alimentação, apesar de serem utilizados para compôr a renda dos professores, não fazem parte do salário. Assim, não são direitos adquiridos para a aposentadoria. Não é raro encontrar relatos de professores que atuam em sala de aula pela manhã, pela tarde e pela noite. O tempo livre é praticamente inexistente em muitos casos. A formação continuada do professor é prejudicada. Quase não há tempo para o estudo e para o preparo das aulas. A satisfação com a realização do ofício por vezes perde espaço e o número de professores em licença psiquiátrica está em crescente. A depressão e o stress são a expressão da dor magisterial.

A Secretaria de Educação manipula informações a seu favor e apresenta um quadro distinto. "A educação no Rio vai bem, muito obrigada." Existe até prêmio na obscura meritocracia do governo: o 14° salário. O 14° salário é um "prêmio" para as escolas que batem metas arbitrariamente impostas pela Secretaria. A omissão feita pelo governo é que para bater as metas uma escola deve funcionar praticamente com "aprovação automática". Isto é, o rendimento do aluno não é corretamente avaliado. E o resultado é amplamente conhecido: o desnível de formação de um aluno proveniente de uma família de baixa renda e dependente do ensino público é enorme com o de um aluno de classe média matriculado em uma instituição particular. É evidente, existem exceções, mas, que fique claro, não são mérito da política governamental.

A situação dos demais profissionais da educação não é melhor. Agentes educadores e merendeiras enfrentam problemas similares. Remuneração baixíssima em carga horária de trabalho extenuante. Há também a carência de profissionais concursados sobrecarregando os poucos que resistem. Atuo em uma escola com aproximadamente 900 estudantes para apenas 4 agentes educadores. Dedicadíssimos, são incansáveis. Ainda assim, a necessidade de novos concursos é urgente. A educação do Rio precisa de mais profissionais.

Muitos de nós estão desistindo da carreira. Profissionais que dedicaram anos à sua formação sucumbem diante do que se tornou o ensino público no Rio. Mas ainda há muitos que persistem na esperança de dias melhores. Numa assembleia com aproximadamente 1.500 pessoas os profissionais da educação decidiram pela greve. Na pauta, solicitamos reajuste salarial, melhores condições de trabalho, um plano de carreira unificado para professores e funcionários administrativos, o fim da política de meritocracia e o 1/3 do tempo de trabalho semanal para o planejamento das aulas.

Atuar na rede municipal de ensino do Rio é um conflito ético. A verdadeira vocação do magistério é o serviço público para todos. O que fazer quando esse serviço não é de qualidade? Como ser condizente com uma educação que apenas faz reproduzir a lógica excludente da nossa sociedade? Por isso eu e muitos colegas estamos em greve. Em greve em defesa do direito à educação pública de qualidade. Estou em greve por uma educação que liberte a todos nós."


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