Até agosto, 57 milhões de pessoas estão com débitos atrasados, em relação ao mesmo período de 2013, houve um crescimento de 3,6% e de 9,6% em relação a 2012, segundo a Serasa Experian. É o maior número de inadimplentes da história, chegando a dois quintos de toda a população adulta do Brasil.
Apenas no mês de julho, a inadimplência aumentou em 4% em relação ao mês anterior. Em relação ao mesmo mês de 2013, o crescimento foi de 11%. Entre os endividados, 60% possuem débitos atrasados superiores à renda mensal e 53% têm entre uma e duas contas atrasadas.
Compras parceladas, cheque especial e cartão de crédito, todos com juros extremamente altos, são as principais fontes das dívidas. “As dívidas não bancárias, como carnês de lojas, e aquelas contraídas com bancos foram as principais responsáveis pela alta da inadimplência”, aponta a pesquisa.
A empresa responsável pela pesquisa afirma que o crescimento da inadimplência é moderado e tem como causas o aumento dos juros, da inflação e o enfraquecimento do mercado de trabalho. A taxa baixa de juros está estacionada em 11%, o que é considerado um valor alto para ela, mas a taxa de juros paga na maioria das dívidas pode passar de 100% ao ano. A inflação oficial está próxima do teto da meta, de 6,5% no acumulado de 12 meses e em relação ao mercado de trabalho, há cada vez mais demissões e menos contratações, mas ainda não há déficit.
A Serasa ainda alerta que são precisos melhores mecanismos de avaliação de risco para a concessão de créditos, para evitar o aumento e a perduração da inadimplência. Mesmo assim, os analistas da empresa consideram que o risco da atual inadimplência é baixo, pois os valores seriam pequenos, em sua maioria.
O nível de endividamento da população mostra que a economia, ainda que em queda, mantém uma movimentação artificial e problemática. Com o desenvolvimento da atual crise, aprofundando as tendências inflacionárias e de recessão econômica, com aumento das demissões, a tendência é da inadimplência entrar no centro da crise.