Publicidade
Publicidade
first
  
last
 
 
start
stop
1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 (1 Votos)

Foto de Marcelo Casal Jr-Agência Brasil - Crianção saindo do Lixão da Vila Estrutural em DFBrasil - JdT - Trabalho infantil diminuiu no país, mas faltam estratégias de governo para, de fato, eliminar o problema.


Do amarelo, a luz do semáforo passa para o vermelho. Os carros, então, param. Dois garotos, de aproximadamente 14 e 16 anos, de bermuda, camiseta e chinelo, se aproximam dos veículos e começam a colocar pacotes de doces nos retrovisores. Eles têm menos de dois minutos para colocar os doces no máximo de retrovisores possível, e vendê-los. Andando entre os carros, os dois precisam, ainda, ficar atentos às motos que transitam nos corredores.

Quem nunca viu uma cena como essa? Ela, de certo modo, é comum nos grandes centros e revela um problema social: o trabalho infantil. De modo geral, houve redução do problema no país. No entanto, a solução ainda está muito longe.

Redução

Alguns especialistas acreditam que o trabalho infantil no Brasil tem características semelhantes ao período da escravidão, no qual o trabalhador cumpria cargas horárias absurdas, sem condições e sem direitos. Só para se ter uma ideia, pesquisas já constatam que crianças cumprem carga horária de mais de 40 horas semanais.

No entanto, é preciso lembrar que houve redução de 13,44% do trabalho infantil no país entre 2000 e 2010. Os números revelam avanço, mas falta muito para comemorar se levarmos em conta o período contabilizado e as políticas implantadas, como os programas de transferência de renda.

Números

Atualmente, cerca de 4,2 milhões de crianças entre 5 e 17 anos trabalham. E o perfil da criança que trabalha no Brasil é simples: pobre e negro. Nas cidades, o problema é difícil de ser combatido, mas não nas áreas rurais que o trabalho infantil se mostra mais presente. Muitas crianças saem de casa pela manhã para ajudar a família nas plantações ou até manuseando maquinário pesado. Elas correm riscos de se machucar ou até de serem picadas por animais peçonhentos.

Na cidade também há riscos, já que trabalho infantil acontece principalmente nas ruas, expondo os pequenos a problemas como o tráfico de drogas e até à prostituição infantil.

Além dos riscos físicos e psicológicos, esse tipo de trabalho é ruim porque afasta as crianças da escola. No caso das áreas rurais, onde o déficit de escolas é maior, a solução do problema passa pela construção de mais centros educacionais, já que é comum os pais terem de levar os filhos para trabalhar porque não têm aonde deixá-los.

Das crianças que tentam conciliar escola com emprego, seja na cidade ou no campo, pesquisas revelam que o desempenho escolar delas é menor.

Características

O problema do trabalho infantil no país passa por duas questões, segundo Isa Oliveira, secretária executiva do FNPETI (Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil). A primeira está relacionada à exclusão social e à pobreza, já que muitas crianças trabalham para complementar a renda familiar. A segunda é a questão cultural, pois muitos acreditam que a formação do caráter da criança - para que ela se torne um adulto responsável - passa pelo trabalho.

"Mas isso é uma inverdade, se não todas as crianças deveriam ter a oportunidade de trabalhar", desmistifica Isa.

Sem perspectiva

Até os 14 anos é proibido trabalhar no Brasil. Só a partir dessa idade é que as crianças podem realizar algum tipo de atividade profissional, mas sob o regime do menor aprendiz, o que lhes garante direitos. Mas a preocupação quanto o trabalho infantil é que, além de não garantir direitos, ainda expõe os pequenos a riscos atraindo-os para atividades perigosas em lixões, por exemplo, atividade considerada uma das piores formas de trabalho infantil.

Contudo, o Brasil se comprometeu com a ONU (Organização das Nações Unidas) a erradicar essa forma de trabalho até 2015. "O Brasil não deve atingir essa meta", analisa Expedito Solaney, secretário nacional de políticas sociais da Central Única dos Trabalhadores. Para Expedito, a solução do trabalho infantil passa por três pontos. O primeiro é a melhora do salário e condições de vida do trabalhador. Depois por uma fiscalização mais efetiva do Ministério do Trabalho. E o terceiro ponto é o investimento em mais políticas sociais, como as de transferência de renda.

No entanto, Isa Oliveira diz que não há nada em curso no país que indique uma revolução no combate ao trabalho infantil. E lembra que essa é a função dos governos municipal, estadual e federal. Ela diz ainda que é função de cada cidadão denunciar para o conselho tutelar ou assistência social quando vir uma criança trabalhando. No caso do trabalho nos semáforos, como citado no começo dessa reportagem, ela recomenda que nunca se compre os produtos vendidos pelos pequenos.


Diário Liberdade é um projeto sem fins lucrativos, mas cuja atividade gera uns gastos fixos importantes em hosting, domínios, manutençom e programaçom. Com a tua ajuda, poderemos manter o projeto livre e fazê-lo crescer em conteúdos e funcionalidades.

Microdoaçom de 3 euro:

Doaçom de valor livre:

Última hora

first
  
last
 
 
start
stop

Quem somos | Info legal | Publicidade | Copyleft © 2010 Diário Liberdade.

Contacto: info [arroba] diarioliberdade.org | Telf: (+34) 717714759

Desenhado por Eledian Technology

Aviso

Bem-vind@ ao Diário Liberdade!

Para poder votar os comentários, é necessário ter registro próprio no Diário Liberdade ou logar-se.

Clique em uma das opções abaixo.