Infelizmente, poucos petroleiros de GTBs estiveram presentes na reunião. Para se ter uma ideia, na quinta-feira (20/09), segundo dia de discussões, apenas 18 companheiros estiveram presentes. Em relação aos GTBs dos setores siderúrgicos e petroquímicos a situação é ainda pior, no qual o número chega até mesmo à estaca zero. Como consenso ficou o preocupante balanço de que os debates da CNPBz estão praticamente restritos à Petrobrás.
A mesma dificuldade é encontrada nas comissões regionais e estaduais, responsáveis por discutir a realidade de cada local de trabalho e trocar experiências. Com um engessamento sistemático da patronal nos trabalhos, a empresa vem bloqueando a participação efetiva dos integrantes dos GTBs nessas discussões, recusando a liberação desses trabalhadores para as reuniões.
Essa situação reforça a denúncia que o Sindipetro-LP e a FNP vêm fazendo sistematicamente: os gerentes locais estão engajados em impedir a liberação dos trabalhadores que integram os GTBs regionais para as reuniões da Comissão. Não por acaso, a FNP vem exigindo, no mínimo, dois representantes por GTB, o que garantiria 128 trabalhadores – além daqueles que representam as entidades sindicais.
Mesmo assim, é importante lembrar que as CIPAS têm autonomia para, de acordo com o seu plano de trabalho, definir quantos trabalhadores participarão das reuniões – direito garantido, inclusive, em lei. Entretanto, isso não está sendo respeitado e a empresa vem formalmente limitando o número de participantes.
Durante a manhã, quando a bancada de trabalhadores se reuniu para ler as atas das reuniões de Salvador e São Paulo (março e julho), foi citada a recusa dos empregadores em aprovar a ata da reunião realizada em Salvador, na Bahia. A justificativa da patronal é de que ata estaria muito detalhada.
Causa estranhamento essa restrição dos representantes da patronal, uma vez que o objetivo da ata é justamente dar transparência e divulgação completa das atividades realizadas na comissão. Adaedson Costa, diretor de imprensa do Sindipetro-LP, comentou este caso. “O relato minucioso é muito importante. Sabemos que na bancada de trabalhadores há rotatividade de representantes e, por isso, é fundamental que se construa um histórico de tudo discutido”.
Em relação à visita técnica realizada em Urucu, a bancada dos trabalhadores afirmou que a estrutura da unidade está – positivamente – muito diferente daquela vista na Bahia, onde a situação é crítica. Por outro lado, foi lembrado que em cada visita da comissão nas unidades da Petrobrás já é comportamento comum das gerências “esconder muita coisa por baixo do tapete”.
Prova disso foi o “curioso” pedido da patronal para que novas visitas não sejam feitas em refinarias “até que se adaptem”. Neste sentido, rechaçaram a proposta de que a primeira visita técnica da comissão, em 2013, seja na RLAM, na Bahia. A recusa não é por acaso, uma vez que a unidade abriga uma das situações mais críticas relacionadas ao benzeno, inclusive com uma parada de manutenção interditada por órgãos de fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego por conta da situação caótica da refinaria.
Outra questão que veio à tona por conta da visita em Urucu é o fato de que as CIPAS para bases de confinamento precisam ter tratamento diferenciado, pois as necessidades são diferentes. Como exemplos, os presentes citaram as plataformas.
Próximas atividades
Em 5 de outubro, será celebrado pela primeira vez o Dia Nacional de Luta Contra a Exposição ao Benzeno. A data escolhida é uma homenagem ao operador da RPBC Roberto Krappa, que faleceu no mesmo dia, em 2004, por leucemia mieloide aguda – em decorrência da exposição ao benzeno.
Os representantes do Sindipetro-LP ressaltaram a necessidade de que os 17 sindipetros do país se organizem para que esse dia seja de grandes mobilizações e ações educativas. No Litoral Paulista, haverá atos e palestras com a finalidade de conscientizar a categoria sobre os perigos do benzeno. Entrevistas com especialistas e dirigentes engajados no tema já estão sendo realizadas e serão publicadas, em breve, para divulgar amplamente este dia. A programação, assim que for concluída, também será divulgada em nossos boletins.
A próxima reunião da CNPBz está agendada para acontecer em dezembro, em Brasília. Na oportunidade, haverá uma importante atividade – o encontro dos GTBs para troca de experiências, dificuldades, ações positivas e o que pode ser feito conjuntamente para aprimorar o trabalho dos grupos e das CIPAS, alinhando a atuação em nível nacional.
A importância deste encontro foi ressaltada, assim como a necessidade de divulgar amplamente o risco da exposição ao benzeno, ainda mais diante da ofensiva da empresa contra a segurança dos trabalhadores. A intenção da Petrobrás continua sendo avançar no conceito de limite de tolerância ao benzeno, substituindo a interpretação do VRT (Valor de Referência Tecnológico) e adotando o critério quantitativo no lugar do qualitativo.
O encontro de GTBs é o lugar onde os lutadores devem se encontrar, é o lugar onde os trabalhadores que batalham pela vida devem se reunir. É preciso, mais do que nunca, fortalecer a comissão para impedir que a sede por lucro se sobreponha à preservação da vida. O trabalhador vende sua força de trabalho, não sua vida!