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b 450 0 16777215 00 archivos Administradores Maurício 2015 01 230115 cpiBrasil - BR247 - [Roberto Bitencourt da Silva] Não deixam de ser curiosas as críticas ao aumento de impostos e a demais medidas antipopulares e recessivas tomadas pela presidente Dilma Rousseff (PT). Particularmente curiosas vindas de eleitores de Aécio Neves (PSDB). A presidente está adotando ações defendidas precisamente pelo próprio opositor tucano. No seio da tucanada, coerência programática deveria ser o mínimo a se praticar.


Chamam igualmente a atenção diversas manifestações de apoio a tais medidas, provenientes das hostes petistas. Típicas do "esqueça o que disse ou escrevi", nos moldes do lastimável ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Ademais, os petistas que se dizem "traídos" pela presidente reeleita também não deixam de ter sua graça. Foram 12 anos de governos do PT, enclausurados na lógica neoliberal financista e privatizante, com pitadas de um importante, mas tímido keynesianismo. Anos esquecidos na última eleição.

PT e PSDB, há duas décadas, expressam uma polarização que conforma uma verdadeira "jaula" da política brasileira. Uma "jaula" que delimita as principais opções eleitorais oferecidas ao Povo Brasileiro. Em que pesem diferenças, PT e PSDB possuem muitos traços de convergência, sobretudo derivados das suas origens de formação: foram gestados no ambiente paulistocêntrico das corporações multinacionais. Duas faces de uma mesma moeda antinacional. O "petucanato", como define Gilberto Vasconcellos.

Bem argumentava o saudoso Darcy Ribeiro, que anos atrás identificava no PSDB a face gerencial do capital estrangeiro e ao PT atribuía a sua face operária. O velho caudilho Leonel Brizola definia o PT como a "UDN de macacão", por conta do seu antigo e renitente moralismo. Mas, a sintonia com a velha legenda reacionária e golpista se apresenta, hoje, com especial nitidez, sob uma ótica abertamente favorável e acrítica à participação do capital estrangeiro na economia brasileira.

O PSDB é a versão de um liberalismo econômico mais radical que o PT. Mais conservador do ponto de vista moral e político que o seu adversário petista. Porém, para usar antigo jargão esquerdista, ambos são entreguistas. Ademais, os dois partidos encontram-se assentados nos limitados espaços da democracia representativa, avessa a qualquer participação popular mais dilatada. Uma democracia que sofre com a intensa ingerência dos oligopólios nacionais e multinacionais nas decisões de Estado.

PT e PSDB não têm absolutamente nada a dizer sobre o País. A persistente disputa se dá em torno de quem entrega mais ou menos o patrimônio público, privatiza mais ou menos, desgraça mais ou menos a vida do Povo Brasileiro, concede mais ou menos vantagens aos endeusados "investimentos" externos. Um subproduto da hegemonia do estado de São Paulo sobre a política nacional, alcançada há anos.

O pensador estadunidense Noam Chomsky mobiliza a ideia de "expansão da jaula", como uma analogia para a defesa dos direitos coletivos e à participação popular nos negócios públicos, contra a "tirania privada das corporações". Nesse sentido, uma das iniciativas mais importantes para as esquerdas brasileiras, no presente momento, é desmitificar a "jaula" da polarização entre o PSDB e o PT, naquilo que costuma ser esquecido: ambas as siglas assentam os seus projetos de poder na intocabilidade dos interesses espoliativos das corporações multinacionais.

São estes interesses que condicionam o baixo domínio tecnológico nacional, forçando a importação de equipamentos e maquinários. São eles que promovem a remessa de lucros extraídos dos consumidores e dos trabalhadores brasileiros. Riqueza nacional forçosamente exportada. São estes interesses que justificam a precariedade da educação brasileira, que possui baixa demanda de capacidade criativa e inventiva do seu alunado.

Com técnicas, saberes e máquinas importadas, incidindo decisivamente no perfil da produção e do emprego no país, a demagógica "pátria educadora" ventilada por Dilma traduz um propósito inócuo, destituído de qualquer sentido prático.

Sem uma disciplina e uma reorientação do papel do capital estrangeiro, a educação brasileira permanecerá atrelada a expectativas de formação e a investimentos necessariamente rudimentares. Portanto, é extremamente necessário, senão romper, ao menos dilatar a "jaula" dos valores e credos que circulam na política brasileira, anos a fio sob a batuta entreguista de PT e PSDB.

Roberto Bitencourt da Silva – doutor em História (UFF), mestre em Ciência Política (UFRJ), professor da FAETERJ­-Rio/FAETEC e da SME­-Rio.


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