Uma das principais pautas do ato era criticar os meios de comunicação, que usam sua influência para distorcer o que de fato ocorre no país.
O ato faz parte da jornada da Jornada Continental de Luta pela Paz, que acontece de 11 a 17 de maio em seis países da região: Argentina, Peru, Honduras, México, Cuba e Brasil. Além de São Paulo, em Brasília manifestantes realizaram ato em frente à Rede Globo.
De acordo com Gerson de Souza, do MST, é fundamental mostrar solidariedade ao povo venezuelano.
“As organizações políticas e movimentos de luta em geral devem fortalecer a solidariedade internacional à Venezuela. Vemos no Brasil uma grande ofensiva dos meios de comunicação de fazer um cerco a Venezuela, tentando desgastar o governo Maduro".
"Hoje há grupos paramilitares, uma resistência armada na Venezuela, que tenta a todo momento desestabilizar o governo. Infelizmente há mortes, pessoas feriadas, e a direita tem se articulado internacionalmente para desestabilizar o governo Maduro nesse momento, e isso é ignorado pelos meios de comunicação, afirma Gerson”.
Os manifestantes caminharam do vão do MASP até a praça do ciclista. Ao longo do caminho, Mostraram os avanços sociais do governo venezuelano.
O número de crianças escolarizadas saltou de 6 milhões em 1998 à 13 milhões em 2011. O número de médicos por habitantes quadriplicou: de 20 para cada 100 mil habitantes em 1999 para 80 a cada 100 mil habitantes em 2010. A taxa de mortalidade infantil caiu, a expectativa de vida do povo subiu.
Em 1999, a taxa de pobreza era de 42,8%, caindo para 26,5% em 2011. A pobreza extrema caiu pela metade e mais de 700 mil casas populares foram construídas desde a eleição de Chavez.
"Quem protesta contra Maduro são jovens ricos"
Diego Ferrari, argentino e membro da Frente Poplar Dario Santillan, esteve na Venezuela de fevereiro a maio deste ano como parte de uma brigada permanente de apoio ao governo Maduro. Diego estava presente no ato, e conta o que viu em sua estada na Venezuela.
"Estive na Venezuela de fevereiro a março desse ano. Estamos com uma brigada permante de apoio porque nos preocupa muito o que acontece lá e porque queremos aprender com o maior processo democrático na América Latina, que está recuperando depois de muito tempo essa ideia de América Latina integrada, como pátria grande".
O militante afirma que “essa nova etapa da revolução bolivariana está sofrendo um ataque do império, com um plano da direita venezuelana articulada, que foi lançado em janeiro e avança mais. Parte do plano eram grandes mobilizações da direita, e também começaram a haver assassinatos de militantes que apoiam o governo”.
Diego conta que o papel da imprensa em apresentar o governo Maduro como “vilão” é fundamental para o plano da direita venezuelana.
“O que acontece é que a direita se debilita na base social, porque o povo venezuelano não quer essa violência que a direita sempre promove. Mas quando o governo tenta controlar a situação, a impressa internacional demoniza. A pressão dos meios hoje sobre a Venezuela é muito grande, impedindo a liberdade de agir de um governo eleito democraticamente”.
Apesar da imprensa afirmar que há uma ditadura na Venezuela, o país teve 16 eleições em 14 anos. Segundo Diego, “a experiência na Venezuela é importante para todos os trabalhadores conhecerem. É hoje o único lugar onde cresce um projeto de socialismo para o século XXI. Essa democracia precisa avançar, não só para os votos, mas também a socialização dos meios de produção, da riqueza produzida”.
A brigada argentina conta com a Frente Popular Dario Santillan e o movimento Maria Popular. Há outras brigadas internacionais de solidariedade à Venezuela presentes no país, como a do MST, e A Aliança Bolivariana para as Américas (ALBA) tem uma presença contínua no país.
Apesar das ofensivas da direita, Diego afirma que o governo Maduro está forte. “Os trabalhadores estão com o governo. Quem protesta são jovens ricos, que claramente tem preconceito e ódio à classe trabalhadora, e agora encontraram o momento para se expressar”.
Apesar de Hugo Chávez ter morrido, Diego acredita que o processo venezuelano vai continuar, e para isso a solidariedade internacional é importante. “Essas reações da direita ocorrem após a morte do comandante, que é uma dor grande para a Venezuela, mas o povo está unido para defender esse processo. É fundamental o que se pode fazer nos outros países para se solidarizar e contestar esse plano do império”.