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grafite sp criseVaidapé - [Henrique Santana] Submersos no maior colapso de abastecimento de água da história do estado de São Paulo, grafiteiros resolveram dar um rolê pela represa de Atibainha, em Nazaré Paulista, para fazer o que sabem melhor: grafitar. A Vaidapé participou da ação do início ao fim e o registro vocês conferem nesta reportagem.


O time foi composto por grandes nomes do graffite da cidade: Thiago Mundano, encabeçador do projeto "Pimp My Carroça", que estiliza o principal objeto de trabalho dos carroceiros paulistas; Mauro, do movimento Imargem; Enivo, um dos responsáveis pelo polêmico graffite nos Arcos do Jânio, criticado por fazer uma suposta exaltação ao líder venezuelano, Hugo Chavez; Subtu, famoso pelos desenhos de macacos brancos espalhados pela cidade; e Fel, exímio escalador de prédios, que estampa desenhos gigantes em edifícios da cidade.

O aparelho de medição

A trupe do spray foi ao Cantareira com o objetivo de fazer um graffite-medidor. As pinturas, realizadas em baixo da ponte da represa de Atibainha , serão usadas de parâmetro para acompanhar o nível da água. "Estamos aqui para ver, de fato, o nível da água do Cantareira, porque não dá para confiar muito no que a gente vê na TV, no que a Sabesb diz, no que dizem nossos governadores. Então a gente veio fazer uma arte para ser um nivelador, para a população que vem aqui também possa acompanhar a situação da água. Não é porque cresceu um pouquinho que está bem. O nível está negativo e a gente vai acompanhar por essa arte, que é um jeito de trazer um novo olhar para essa crise hídrica", explica Mundano.

Subtu, o famoso pintor de macacos brancos, criticou o desperdício de água e não deixou de lado seu carro chefe, estampando na ponte mais um de seus primatas. "Eu fiz o macaco assim, desperdiçando água, porque o macaco é o ser humano desprovido de inteligência. Então ele é meio burro e tal. É para fazer uma referência a essas pessoas que não se tocaram ainda que a gente está numa crise violenta de água, que continua lavando o carro, que não reutiliza a água. Então é meio que isso, ele tá na 'gozolândia', ele tá aqui na Cantareira despejando água da garrafinha", provoca.

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"A gente está aqui hoje, na Cantareira, fazendo o que a gente mais gosta de fazer, que é arte, que é pintar. E hoje tá servindo como um alerta, como uma crítica", conta Enivo ao falar que a ideia é que os graffites sejam submerso – caso o nível da represa volte a subir.

O protesto artístico surgiu de uma camaradagem que aflorou nas ruas de São Paulo. Apesar dos grafiteiros atuarem em diferentes regiões da cidade, a afinidade entre seus projetos individuais e os roles pelo asfalto quente da terra da garoa fez com que seus caminhos se cruzassem. Enivo pontua que a ação "acaba sendo um encontro de amigos para pintar, mas agora com um porquê".

Arte dentro e fora de casa

Além do graffite-medidor, a ida para a represa de Atibainha teve outros porquês. Tanto Mundano quanto Mauro irão, no dia 7 de março, inaugurar a exposição "Ver-A-Cidade Mudana", na galeria A7MA, Vila Madalena, zona oeste de São Paulo. O nome da mostra faz referência ao trabalho dos dois artistas. A ideia é construir um diálogo entre a arte exposta dentro e fora das galerias. Enivo é um dos sócios da A7MA, que abriu espaço para que artistas independentes consigam vender obras para garantir sua subesistência.

"Para a gente, que é artista, grafiteiro, é um prazer e uma missão poder falar disso, seja nas ruas, seja aqui nesse marco, nesse lugar monumental, importante para a sociedade paulistana. E também poder mostrar isso em um ambiente fechado, relacionando toda essa nossa poética em obras móveis que as pessoas podem olhar, podem até levar para casa. Então, na galeria A7MA, a gente vai fazer está exposição e vai relacionar tudo isso: arte na rua e arte dentro dos espaços", diz Mauro, que também é idealizador de outros projetos, como o Cartograffiti.

Os artistas também vão abordar temas relativos a crise de abastecimento, levando para a galeria o projeto dos cinco grafiteiros no Cantareira. A arte ganha moldes de protesto e navega de Nazaré Paulista ao centro. Do subúrbio seco aos bairros em que o racionamento não veio.

O graffite no sertão paulista leva vida aos arredores de terra rachada. Enquanto isso, os moradores da "gozolândia" central continuam sem ver a cor da falta d'água. Na periferia, por outro lado, a torneira que não pinga já virou rotineira.


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