"A Fantástica Fábrica de Cadáver" não deixa nada a desejar e Eduardo não somente manteve o nível questionador e duro das suas letras, como também lançou um álbum com volume. São 32 músicas que perpassam por diversos temas e contém tantas informações que faz todo o público, em especial o jovem trabalhador da periferia, correr atrás de tudo o que cada letra quis dizer. E essa é justamente a intenção, quando na faixa "Manicômio Judiciário" Eduardo diz que "se o moleque me ver informado, vai tentar se informar".
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Eduardo Taddeo, agora em carreira solo, com esse álbum se firma na cena do rap e também se consolida como uma contra corrente a qualquer forma de adaptação em relação a toda a cena musical brasileira, servindo de exemplo de que é possível ter uma relativa visibilidade e se manter fiel ao que você mesmo quer produzir, escrever e cantar. Isso está diretamente ligado ao fato de que as letras escritas por Eduardo desde os tempos de Facção Central são indigestas à burguesia e à ideologia dominante. Eduardo fala diretamente para as quebradas! O povo da periferia que vive cotidianamente com a violência policial, com o genocídio da população negra, com a desigualdade social, com o crime organizado e com a marginalização entende perfeitamente cada verso.
A mensagem necessária em captar nas músicas do Eduardo são exatamente essas denúncias ao Estado Burguês e à polícia, denúncias que estão presentes em cada linha de suas letras. E suas composições não param nas denúncias, pois, como dito anteriormente, Eduardo quer informar seu público. Esse é o motivo de lembrar por diversas vezes dos Panteras Negras, Marx e Che em seu novo álbum. Mesmo sendo um grande amálgama de conceitos, a grande característica de Eduardo desde o Facção Central é incitar o questionamento no povo periférico e lutar contra a desigualdade social e as opressões. Mesmo o rap sendo um reduto de letras com alguns traços fortes de machismo (presente também no Facção Central), Eduardo se diferencia desde quando estava no grupo, tendo composto a letra de "Mulheres Negras", música interpretada por Yzalú, e agora em seu álbum solo cantar na música "Eu Acredito" os seguintes versos:
"Ai mina, valorize a luta das feministas
Mulheres atiraram por igualdade, política trabalhista
Sua cara não é ser vulgar na coreografia sensual
É tá engajada contra a violência doméstica e sexual"
É a partir desses exemplos e de cada uma das denúncias e questionamentos presentes em toda a carreira de Eduardo Taddeo até seu mais recente álbum que também temos que nos colocar a seguinte pergunta: o que fazer para responder a esses problemas?
A hegemonia proletária responde pela periferia
A luta contra o racismo, contra o machismo, contra a polícia e contra a desigualdade social, dentre inúmeras outras bandeiras levantadas por Eduardo, são lutas de toda a população da periferia, de todos os trabalhadores e de todos os que são oprimidos pelo Estado Burguês e pelo sistema capitalista.
Em cada segmento da sociedade, seja nos transportes, na educação, na saúde ou na produção das fábricas, estamos submetidos à lógica dos lucros dos grandes capitalistas, que ávidos por lucrar cada vez mais, passam por cima de nossos direitos e transformam esse sistema numa grande fábrica de cadáver. Os motoristas, cobradores, professores, enfermeiros, médicos e trabalhadores do chão de fábrica, cada um com o seu conhecimento, aliados a toda a população, é que podem acabar com essa lógica, tomar para si o controle do trabalho e da produção, acabar com essa lógica e transformar o mundo!
Ainda em tempos de Facção Central, a letra de "Discurso Ou Revólver" dizia que "a igualdade social é só em conto de fada", mas a força dos trabalhadores, demonstrada através dos levantes operários que ocorreram em 2014 e continuam em 2015 mostram que o fim de toda a miséria capitalista é sim uma mera questão de tempo!
No espírito de combate à ideologia dominante colocado por Eduardo e no sentimento de estar ao lado dos trabalhadores nas lutas de agora e do próximo período é que chamo a todos a ouvir atentamente "A Fantástica Fábrica de Cadáver":