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251112 lenineBrasil - Sul21 - [Felipe Prestes e Rachel Duarte] Enquanto o palco era montado pela equipe de Lenine, o Sul21 conversou com o cantor e compositor pernambucano na plateia ainda vazia do Auditório Araújo Vianna — onde ele se apresentaria horas depois — mas não para falar apenas de música.


O papo, na última quinta (22), passou por direitos civis, direitos autorais, internet, religião x comunismo e o centenário de Gonzagão. Ou passou simplesmente por política, como define Lenine: “Política no sentido mais na alma da palavra, porque você faz política. A gente é coletivo e precisa se relacionar com as pessoas e política é esse exercício. Então eu, trabalhando com música, prefiro acreditar que o que eu faço tem a ver com política”.

O músico falou sobre as contradições de ser criado por um pai socialista, que o batizou inspirado no líder da Revolução Russa, Lênin, e por uma mãe católica fervorosa. “Aos oito anos meu pai disse que poderíamos escolher entre ir à missa com minha mãe ou nos encontrarmos com o divino por meio da música. Minha mãe perdeu todos os parceiros de missa”, contou, às gargalhadas.

Se definindo como daltônico por não enxergar as diferenças das pessoas na cor da pele. Quando a reportagem perguntou como “via” a questão os conflitos atuais em torno do direito autoral, também brincou com a visão, antes de sentenciar de maneira contundente por que a internet pode ser benéfica para o criador: “Eu sou míope. Mas eu vejo. Eu vejo uma coisa que foi fundamental. Nessa primeira discussão que houve para discutir esse formato (da repartição dos lucros na indústria do disco) o criador não estava presente. Isso eu não acho, isso eu tenho certeza. A internet talvez seja a possibilidade de o autor entrar nessa história”.

Sul21 – Nós gostaríamos de fazer uma conversa diferente, aprofundando alguns temas.

Lenine - Tá bom, se eu conseguir… Eu gosto das profundezas, mas é difícil mergulhar.

Sul21 – Tu vieste pra Jornada da Diversidade. Como tu vês a questão dos direitos dos homossexuais, a onda de violência e intolerância e o fato de termos uma numerosa bancada no Congresso que é contra os direitos LGBT?

Lenine - Não é só contra os homossexuais. Todo o Código Florestal que agora está emperrado por causa da bancada ruralista, isso é menos minoria no sentido do que seria uma coisa mais convergente de interesses e, no entanto, está esse impasse. Me preocupa muito. Eu continuo achando que nós estamos ainda na adolescência. Eu talvez seja muito romântico de imaginar que o Brasil seja aquele jovem de 15, 16 anos com a cara cheia de espinhas, uma profusão de coisas acontecendo. Ele sem conseguir muito arrumar as idéias, de frente pro espelho, se achando horrível, mas sabendo que é passageiro. As pessoas mais velhas, que já passaram por esse processo dizendo pra ter calma, que vai passar.

Sul21 – A tua música “Amor é para quem ama?” diz que “qualquer amor já é um pouquinho de saúde/um montão de claridade/contribuição para a cura dos problemas da cidade”. Geralmente suas letras falam de amor, mas esta tem alguma relação com esta questão dos direitos LGBT?

Lenine – Sim. Tem a ver. Totalmente a ver. Eu costumo dizer que anjo e abacaxi não têm sexo. Eu sou um abacaxi meio anjo. Sobre as minhas letras eu acho que eu falo mais do que amor, eu falo de política. Eu acho que existe a política do amor, talvez a mais difícil de lidar. Quando eu falo de política, prefiro entender a palavra no que ela se transformou. Política no sentido mais na alma da palavra, porque você faz política. A gente é coletivo e precisa se relacionar com as pessoas e política é esse exercício. Então eu, trabalhando com música, prefiro acreditar que o que eu faço tem a ver com política. Agora, eu prefiro que a minha política seja apartidária. Isto é outra questão.

Sul21 – Por quê?

Lenine – Porque eu não confio nos partidos. Juntou muita gente, já confundiu. Hoje em dia não existe regra. É seis e meia dúzia. Não existe diferença nenhuma. Existem pessoas. Eu optei por acreditar em pessoas, não em siglas.

Sul21 – Por uma questão de independência?

Lenine – Não só de independência, mas de vivência. Eu vi o Partido dos Trabalhadores ser destruído para Lula poder ficar no poder.


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