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131013 mosquitosBrasil - Adital - Em julho passado, depois do êxito dos testes de campo em Juazeiro, a Oxitec protocolou a solicitação de licença comercial na Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio).


 Desde o final de 2012, a empresa britânica possui CNPJ no país e mantém um funcionário em São Paulo. Mais recentemente, com os resultados promissores dos experimentos em Juazeiro, alugou um galpão em Campinas e está construindo o que será sua sede brasileira. O país representa hoje seu mais provável e iminente mercado, o que faz com que o diretor global de desenvolvimento de negócios da empresa, Glen Slade, viva hoje numa ponte aérea entre Oxford e São Paulo.

"A Oxitec está trabalhando desde 2009 em parceria com a USP e Moscamed, que são parceiros bons e que nos deram a oportunidade de começar projetos no Brasil. Mas agora acabamos de enviar nosso dossiê comercial à CTNBio e esperamos obter um registro no futuro, então precisamos aumentar nossa equipe no país. Claramente estamos investindo no Brasil. É um país muito importante", disse Slade numa entrevista por Skype da sede na Oxitec, em Oxford, na Inglaterra.

A empresa de biotecnologia é umaspin-outda universidade britânica, o que significa dizer que a Oxitec surgiu dos laboratórios de uma das mais prestigiadas universidades do mundo. Fundada em 2002, desde então vem captando investimentos privados e de fundações sem fins lucrativos, tais como a Bill & Melinda Gates, para bancar o prosseguimento das pesquisas. Segundo Slade, mais de R$ 50 milhões foram gastos nesta última década no aperfeiçoamento e teste da tecnologia.

O executivo espera que a conclusão do trâmite burocrático para a concessão da licença comercial aconteça ainda próximo ano, quando a sede brasileira da Oxitec estará pronta, incluindo uma nova biofábrica. Já em contato com vários municípios do país, o executivo prefere não adiantar nomes. Nem o preço do serviço, que provavelmente será oferecido em pacotes anuais de controle da população de mosquitos, a depender o orçamento do número de habitantes da cidade.

"Nesse momento é difícil dar um preço. Como todos os produtos novos, o custo de produção é mais alto quando a gente começa do que a gente gostaria. Acho que o preço vai ser um preço muito razoável em relação aos benefícios e aos outros experimentos para controlar o mosquito, mas muito difícil de dizer hoje. Além disso, o preço vai mudar segundo a escala do projeto. Projetos pequenos não são muito eficientes, mas se tivermos a oportunidade de controlar os mosquitos no Rio de Janeiro todo, podemos trabalhar em grande escala e o preço vai baixar", sugere.

A empresa pretende também instalar novas biofábricas nas cidades que receberem grandes projetos, o que reduzirá o custo a longo prazo, já que as liberações precisam ser mantidas indefinidamente para evitar o retorno dos mosquitos selvagens. A velocidade de reprodução do Aedes aegypti é uma preocupação. Caso seja cessado o projeto, a espécie pode recompor a população em poucas semanas.

"O plano da empresa é conseguir pagamentos repetidos para a liberação desses mosquitos todo ano. Se a tecnologia deles funcionar e realmente reduzir a incidência de dengue, você não poderá suspender estas liberações e ficará preso dentro desse sistema. Uma das maiores preocupações a longo prazo é que se as coisas começarem a dar errado, ou mesmo se tornarem menos eficientes, você realmente pode ter uma situação pior ao longo de muitos anos", critica Helen Wallace.

O risco iria desde a redução da imunidade das pessoas à doença, até o desmantelamento de outras políticas públicas de combate à dengue, como as equipes de agentes de saúde. Apesar de tanto a Moscamed quanto a própria secretaria de Saúde de Juazeiro enfatizarem a natureza complementar da técnica, que não dispensaria os outros métodos de controle, é plausível que hajam conflitos na alocação de recursos para a área. Hoje, segundo Mário Machado da secretaria de Saúde, Juazeiro gasta em média R$ 300 mil por mês no controle de endemias, das quais a dengue é a principal.

A secretaria negocia com a Moscamed a ampliação do experimento para todo o município ou mesmo para toda a região metropolitana formada por Juazeiro e Petrolina – um teste que cobriria meio milhão pessoas –, para assim avaliar a eficácia em grandes contingentes populacionais. De qualquer forma e apesar do avanço das experiências, nem a organização social brasileira nem a empresa britânica apresentaram estimativas de preço pra uma possível liberação comercial.

"Ontem nós estávamos fazendo os primeiros estudos, pra analisar qual é o preço deles, qual o nosso. Porque eles sabem quanto custa o programa deles, que não é barato, mas não divulgam", disse Mário Machado.

Em reportagem do jornal britânicoThe Observerde julho do ano passado, a Oxitec estimou o custo da técnica em "menos de"£6 libras esterlinas por pessoa por ano. Num cálculo simples, apenas multiplicando o número pela contação atual da moeda britânia frente ao real e desconsiderando as inúmeras outras variáveis dessa conta, o projetoem uma cidade de 150 mil habitantes custaria aproximadamente R$ 3,2 milhões por ano.

Se imaginarmos a quantidade de municípios de pequeno e médio porte brasileiros em que a dengue é endêmica, chega-se a pujança do mercado que se abre – mesmo desconsiderando por hora os grandes centros urbanos do país, que extrapolariam a capacidade atual da técnica. Contudo, este é apenas uma fatia do negócio. A Oxitec também possui uma série de outros insetos transgênicos, estes destinados ao controle de pragas agrícolas e que devem encontrar campo aberto no Brasil, um dos gigantes do agronegócio no mundo.

Aguardando autorização da CTNBio, a Moscamed já se preparara para testar a mosca-das-frutas transgênica, que segue a mesma lógica do Aedes aegypti. Além desta, a Oxitec tem outras 4 espécies geneticamente modificadas que poderão um dia serem testadas no Brasil, a começar por Juazeiro e o Vale do São Francisco. A região é uma das maiores produtoras de frutas frescas para exportação do país. 90% de toda uva e manga exportadas no Brasil saem daqui. Uma produção que requer o combate incessante às pragas. Nas principais avenidas de Juazeiro e Petrolina, as lojas de produtos agrícolas e agrotóxicos se sucedem, variando em seus totens as logos das multinacionais do ramo.

"Não temos planos concretos [além da mosca-das-frutas], mas, claro, gostaríamos muito de ter a oportunidade de fazer ensaios com esses produtos também. O Brasil tem uma indústria agrícola muito grande. Mas nesse momento nossa prioridade número 1 é o mosquito da dengue. Então uma vez que tivermos este projeto com recursos bastante, vamos tentar acrescentar projetos na agricultura.", comentou Slade.

Ele e vários de seus colegas do primeiro escalão da empresa já trabalharam numa das gigantes do agronegócio, a Syngenta. O fato, segundo Helen Wallace, é um dos revelam a condição do Aedes aegypti transgênico de pioneiro de todo um novo mercado de mosquitos geneticamente modificados: "Nos achamos que a Syngenta está principalmente interessada nas pragas agrícolas. Um dos planos que conhecemos é a proposta de usar pragas agrícolas geneticamente modificadas junto com semestres transgênicas para assim aumentar a resistências destas culturas às pragas".

"Não tem nenhum relacionamento entre Oxitec e Syngenta dessa forma. Talvez tenhamos possibilidade no futuro de trabalharmos juntos. Eu pessoalmente tenho o interesse de buscar projetos que possamos fazer com Syngenta, Basf ou outras empresas grandes da agricultura", esclarece Glen Slade.

Em 2011, a indústria de agrotóxicos faturou R$14,1 bilhões no Brasil. Maior mercado do tipo no mundo, o país pode nos próximos anos inaugurar um novo estágio tecnológico no combate às pestes. Assim como na saúde coletiva, com o Aedes aegypti transgênico, que parece ter um futuro comercial promissor. Todavia, resta saber como a técnica conviverá com as vacinas contra o vírus da dengue, que estão em fase final de testes – uma desenvolvida por um laboratório francês, outra pelo Instituto Butantan, de São Paulo. As vacinas devem chegar ao público em 2015. O mosquito transgênico, talvez já próximo ano.

Dentre as linhagens de mosquitos transgênicos, pode surgir também uma versão nacional. Como confirmou a professora Margareth de Lara Capurro-Guimarães, do Departamento de Parasitologia da USP e coordenadora do Programa Aedes Transgênico, já está sob estudo na universidade paulista a muriçoca transgênica.Outra possível solução tecnológica para um problema de saúde pública em Juazeiro da Bahia – uma cidade na qual, segundo levantamento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS) de 2011, a rede de esgoto só atende 67% da população urbana.


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