Os moradores do Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro, criaram duas páginas na rede social Facebook - um perfil e uma fanpage -, que são utilizados para a integração da comunidade e para o exercício da cidadania.

Na necessidade dos moradores tomarem conhecimento dos fatos que acontecem dentro da favela, esse veículo de comunicação propicia que a informação chegue a quem tem e a quem não tem acesso à internet. Uma interação em que, mesmo os que não estão conectados à rede virtual, recebem a informação por meio dos que estão conectados. Assim, a linguagem da mensagem é fácil de se compreender e de se transmitir, de morador para morador.

Isso é mostrado no curta-documentário "DiDentro", também produzido por moradores do Complexo do Alemão, que fala desses novos canais de comunicação dentro da comunidade.

Para o diretor e editor do curta, Marcos Rey, a interação, o sentimento de pertença, a participação ativa e o compartilhamento de identidades culturais são otimizados pela rede social.

"Em última instância, pretende ampliar a conquista de direitos de cidadania, não somente para pessoas individualmente, mas para o conjunto de segmentos excluídos da população", disse ao Diário Liberdade.

Como está conectada à rede mundial de computadores, a página tem alcance até mesmo internacional. Trezentos de seus seguidores são do Japão, por exemplo. Mas a grande maioria é de pessoas que vivem dentro da própria comunidade - 80%.

O objetivo inicial era mostrar ações da comunidade, mas ao longo do tempo ela serviu para avisar os cidadãos sobre as situações de violência dentro da comunidade. "A página já evitou muitos casos de bala perdida", diz Cléber de Araújo Santos, criador e administrador da página "Complexo Alemao".

"Eu tenho plena convicção de que a página e o 'Morro' (perfil) aproximam muitas pessoas aqui dentro", diz, em seu depoimento para o curta.

Como os grandes meios de comunicação do país não dão a devida atenção ao povo da periferia, esses órgãos de mídia comunitária atuam também para a prestação de serviços à comunidade e ajudam na integração dos moradores, fazendo com que se sintam valorizados e tenham um meio de comunicação a seu serviço.

"O ativismo em mídias sociais é exercício de cidadania", declara Marcos Rey.

Assista abaixo o curta-documentário "DiDentro".