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caros amigosBrasil - É pra lutar - A notícia de que a direção da revista Caros Amigos, uma referência histórica na mídia de esquerda brasileira, demitiu todos os seus funcionários que faziam greve pegou muitos de surpresa.


Na última sexta-feira (08/03), toda a equipe que forma a redação da publicação resolveu cruzar os braços depois que, no início da semana, o diretor-geral da Casa Amarela (editora que publica a Caros Amigos) Wagner Nabuco anunciou que a partir de abril a redação sofreria um corte na folha salarial de 50% (leia o manifesto da greve aqui ).

Em resposta à paralisação, Wagner Nabuco convocou a equipe da redação e comunicou que todos os grevistas estavam demitidos, alegando "quebra de confiança".

O Sindicato É Pra Lutar! [sindicato dos jornalistas do Estado de São Paulo] entrevistou a porta-voz da equipe demitida da Caros Amigos, Gabriela Moncau, que falou sobre a situação. Veja abaixo a entrevista:

Sindicato É Pra Lutar! - Todas as pessoas que se envolveram na greve foram demitidas? Houve alguém que não entrou em greve?

Gabriela Moncau - A greve foi realizada por todos os integrantes da equipe de redação da Revista Caros Amigos. No total são 11 pessoas, incluindo jornalistas, editores e designers gráficos. Todos foram demitidos.

SPL - Como vocês receberam a notícia da demissão?

GM - É triste ver tamanha incoerência em um veículo que cumpre o papel de crítica e contra-hegemonia em um cenário estarrecedor de concentração dos meios de comunicação. Entendemos a importância que a Caros Amigos tem e, claro, por isso muitas vezes nos submetemos a condições que em outros veículos não nos submeteríamos. Mas era o nosso trabalho, não a nossa militância. Até quando patrões de instituições de esquerda utilizarão a "militância" dos que ali trabalham para fechar os olhos às condições precárias a que estes são submetidos? Recebemos a notícia da demissão com imensa indignação. Utilizamos um instrumento legítimo e constitucional, histórico da luta dos trabalhadores, e ao sermos chamados para uma reunião, imaginávamos que haveria a possibilidade de conversa, negociação. Mas não houve essa vontade por parte da direção da revista desde quando o corte de 50% do salário foi anunciado.

SPL - Vocês chegaram a questionar a direção sobre a demissão? O que eles argumentaram sobre demitir grevistas?

GM - O anúncio da demissão durou poucos minutos. Optamos por não bater boca com o diretor-geral da revista, Wagner Nabuco. Não havia ali clima para qualquer conversa. A demissão dos 11 integrantes da redação em greve foi feita sob a alegação de "quebra de confiança".

SPL - O que vocês pensam fazer agora?

GM - Vamos conversar com um advogado ainda hoje e aí pensar os próximos passos. De qualquer forma, apesar da tristeza que a situação nos traz, estamos todos muito orgulhosos do processo que temos vivido até agora. Não podíamos, enquanto jornalistas, trabalhadores, cidadãos e principalmente, enquanto pessoas que lutam por um mundo mais justo, aceitar de cabeça baixa imposições tão desrespeitosas e incoerentes. Em meio a imenso apoio e solidariedade que recebemos até agora, alguns nos disseram que estamos equivocados pois a questão é muito maior que nossos empregos e nossa sobrevivência pessoal, que temos que pensar na preservação da revista. Nossa luta nunca foi contra a revista, pelo contrário, foi pelo fortalecimento dessa publicação a qual todos nós temos o maior orgulho de participar. Que a questão é muito maior que o salário e emprego dos 11 grevistas, disso temos certeza. A questão é sobre as precárias condições a que os trabalhadores estão submetidos, é sobre as contradições e incoerências dos espaços da esquerda, é sobre o "silêncio militante" que muitas vezes rondam esses espaços e que nos impedem de avançar, é sobre as dificuldades de sobrevivência de veículos contra hegemônicos, é sobre a reprodução de lógicas conservadoras dentro desses ambientes, é sobre a luta por um mundo melhor.


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