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110615 ptBrasil - Blog RBS - [Roberto Bitencourt da Silva] Muitos militantes, simpatizantes e aderentes petistas justificam toda e qualquer (in)ação do partido no governo federal. Nos últimos tempos, a bola da vez é argumentar que as coisas "estão difíceis", que o "Congresso é muito conservador".


À revelia de qualquer compromisso com ideias e propostas de esquerda, há anos o PT mantém alianças com partidos, forças sociais, econômicas e personagens os mais obscuros e reacionários, para assegurar a decantada governabilidade.

Nesse ano, em "tempos de vacas magras" – como afirmam articulistas da grande imprensa e diversos personagens dos círculos políticos –, em pleno governo do PT, perdas de direitos sociais e trabalhistas, históricos, tramitam no Legislativo e têm enorme possibilidade de aprovação. Não raro, subproduto de projetos parlamentares apresentados ou ardorosamente defendidos por aliados.

Medidas tipicamente neoliberais estão sendo adotadas pela política econômica, com potencial retração do emprego, dos rendimentos e de deterioração das já limitadas condições de vida de amplas faixas da classe trabalhadora. A lógica privatizante campeia, como as medidas anunciadas em torno de setores de infraestrutura. Mas, segundo nos esclarecem inúmeros petistas, "os tempos são difíceis", a "correlação de forças políticas é desfavorável". Portanto, cabe uma pergunta básica: para que o governo, então?

Uma eventual busca mínima por coerência com um programa de esquerda exigiria ruptura com partidos, setores sociais e personagens incompatíveis com um tal programa. Mas, aí, dizem-nos governistas estrelados de plantão: "em minoria o PT não governa". Esse argumento persiste desde 2003. Todavia, com as atuais, dilatadas e incongruentes alianças, o partido consegue governar?

Procurando escapar um pouco dos parâmetros que norteiam as ideias políticas em vigor, tenderia a pensar que uma alternativa, nada muito radical, para uma hipotética ruptura seria o uso sistemático da TV (uma concessão pública), em cadeia nacional, pela Presidência, denunciando figuras, partidos, grupos econômicos que jogam contra os interesses populares.

Isso poderia dar uma boa sacudida no sistema político, cada dia mais capturado pelo que as forças progressistas espanholas chamam de a "casta" (política e econômico-financeira). Suscitar um debate político, uma reflexão mais atenta da cidadania poderia permitir a criação de condições para o "enquadramento", o exercício de pressões populares substantivas sobre um Congresso, realmente, reacionário. Quem sabe, importantes reformas sociais, econômicas e das comunicações, hoje escanteadas, teriam viabilidade de adentrar a agenda pública?

Não é demasiado argumentar que personagens como Eduardo Cunha e tantos outros do PMDB, por exemplo, dificilmente suportariam alguns minutos de denúncias e questionamentos abertos na TV. Teriam muito a perder com uma hipotética visibilidade das forças que representam, dos motivos em participar do governo. Razões não faltariam para agirem de maneira mais modesta, menos incisiva e nociva aos interesses das classes populares e médias. Poderiam perder a legitimidade conferida pelo universo empresarial, que lhes dá suporte, inclusive em campanhas eleitorais. Credibilidade reforçada, sobretudo, pelos conglomerados de mídia.

Mas, essas ponderações são apenas devaneios. O PT há muito deixou o terreno da esquerda combativa, sintonizada com princípios de democracia participativa e com um esquema de percepção econômica não subalterno às "forças do mercado". Quanto à grossa parte dos seus empedernidos aderentes e militantes, infelizmente, as causas populares e nacionais fogem do horizonte de preocupações. Pensam que política é torcida de futebol, defendendo a "camisa" a todo custo, como as iniciativas e ideias que ontem denunciavam, de maneira ácida e acertada, como neoliberais.

Roberto Bitencourt da Silva – doutor em História (UFF) e professor da FAETERJ-Rio/FAETEC e da SME-Rio.


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