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ptpsdbBrasil - Diário Liberdade - [Israel Souza] Tratar o PSDB como direita e colocar-se como esquerda tem sido um recurso bastante utilizado pelo PT. Tal estratégia tem-lhe servido como uma espécie de trunfo moral.


Quando as coisas apertam (como nas últimas eleições), os petistas colocam como obrigação moral das forças políticas comprometidas com "os de baixo" não permitir que a direita (PSDB) volte ao poder. Isso tem dado certo resultado positivo para eles.

Emblemático a esse respeito foi a atitude de Luciana Genro (Psol) que, no segundo turno disputado entre Dilma e Aécio, disse a seus eleitores que estavam livres para votar, que ela não apoiaria ninguém. Todavia, para evitar confusão, foi enfática: "Aécio, não". Faria alguma diferença se ela tivesse dito "Dilma, sim"?

A atitude de Luciana Genro foi a mesma de muitos outros, e contribuiu para a vitória de Dilma.

Não vamos engrossar o coro daqueles que dizem que não faz mais sentido falar em direita e esquerda. Digo apenas que, se os partidos tomados como parâmetro de uma e outra coisa forem PT e PSDB, então realmente não faz mais sentido falar em direita e esquerda.

Hoje muitos criticam Dilma, inclusive gente do governo e do PT, de Marta Suplicy a José Dirceu. Criticam-na, como se ela tivesse dado um inusitado e imperdoável giro à direita em seu governo. Entretanto, observando atentamente a "verdade efetiva das coisas" (como diria Maquiavel), Dilma tem sido coerente, isto é, segue aprofundando e ampliando (contra)reformas iniciadas sob os governos Lula, do mesmo modo como este aprofundou e ampliou (contra)reformas começadas sob os governos FHC.

Um exemplo para ilustrar. Fernando Henrique Cardoso tinha intenção de taxar os inativos. Na oposição, o PT não deixou. Quando no governo, uma das primeiras ações de Lula foi esta: taxar os inativos. Vê-se, por este ângulo, que as (contra)reformas na previdência recentemente efetivadas por Dilma apenas aprofundam e ampliam algo já começado por seus antecessores.

Tomando estas e outras tantas coisas em conta, não há motivos para gritar contra Dilma e silenciar sobre FHC e Lula. Tomando estas e outras tantas coisas em conta, nada há de substancial que nos autorize tratar PSDB como direita e PT como esquerda, como se um fosse o contrário do outro.

A propósito, vale lembrar duas frases do ex-presidente Lula. Numa delas, respondendo a críticas vindas de setores comprometidos com as classes subalternas e procurando justificar a orientação (destrista) de seu governo, disse que "o PT nunca foi esquerda", que ele sempre foi um "partido de centro". Noutra, afirmou que "nunca os banqueiros haviam ganhado tanto como em seu governo". Com razão, Paulo Maluf, "companheiro" seu, pôde dizer em tom de galhofa que, perto de Lula, ele era "um comunista", posto que não apoiaria as multinacionais como o ex-presidente o fez, e sua sucessora continua fazendo.

A fim de tratar as coisas pelo seu devido nome, importa dizer que o "centro" é a fronteira avançada da direita e a zona onde os desertores da esquerda usam folhas de parreira para esconder sua rendição à direita. A terceira via nunca foi mais que o fruto da confraternização que direitistas e ex-esquerdistas fazem a expensas "dos de baixo". Não sem razão, na Europa como nos EUA, há quem veja em Lula uma espécie de Tony Blair tropical.

Os motivos de tal comparação são assaz patentes. Este, como aquele, tem vínculos com as forças trabalhistas. Mas orientou seu governo no sentido de enquadrá-las nos projetos do capital. Retomando uma expressão utilizada em décadas passadas, poderíamos definir os governos petistas (sob Lula e sob Dilma!) como "governos violino", porquanto serem "levantados pela esquerda, mas tocados pela direita".

Como dissemos acima, tratar PT como esquerda e PSDB como direita tem servido como trunfo moral para o PT. Um trunfo de que há muito ele vem se mostrando indigno. Por isso, para construção de um projeto societário verdadeiramente popular, cumpre deixar claro que PT e PSDB não são partidos com projetos societários opostos e mutuamente excludentes. Eles são, na verdade, variação de uma única e mesma coisa. PT e PSDB são, respectivamente, as alas vermelha e azul da direita brasileira.

Israel Souza é Cientista Social e membro do Núcleo de Pesquisa Estado, Sociedade e Desenvolvimento na Amazônia Ocidental - NUPESDAO. E-mail: israelpolitica@gmail.com


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