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Leonel BrizolaBrasil - Caros Amigos - [Gilberto Felisberto Vasconcellos] A classe dominante paulista, que é formada no topo pelos estamentos multinacionais, odiava Leonel Brizola. Continua odiando. Querem tacar fogo em sua memória. Por isso Lula escalou Lupi para fazer a faxina pró-imperialista dentro do PDT.


Foto: Brizola volta ao Brasil em 1979 devido a lei da anistia da ditadura (1964-85).

Patológico é o esquecimento de Leonel Brizola, a imprensa em São Paulo não deu sequer uma linha. Vexame. O Homem, o líder, o político representativo da América Latina. Faz dez anos que morreu (21/6) e nada, nenhuma menção. Tudo passou em brancas nuvens. A perda da memória não é lacunar ou localizada, é sistemática, pega todos os meios de comunicação e escolas. Nenhum professor escreve artigo, nenhum programa de auditório evoca Leonel Brizola na história do Brasil. A historiografia brasileira contemporânea é um lixo.

Quer dizer então que o povo paulista não gosta dele? Negativo. O povo em São Paulo nunca soube quem era ele. Nunca. A mais vaga ideia. Nunca deixaram que dele soubessem alguma coisa. Quem foi, o que fez, quais foram os seus poderosos inimigos. Boicote permanente. Acredito que desde antes do golpe de 64 foi armado o boicote. Que se façam pesquisas nas teses universitárias, nos cursos ministrados nas pós-graduações, nas páginas de jornais e revistas. Nada será encontrado. Absolutamente nada.

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Darcy Ribeiro antes de 64 já havia sido apagado nas ciências sociais em São Paulo, embora tivesse sido aluno de Sergio Buarque de Holanda na escola de sociologia. Os sociólogos de São Paulo ficaram enciumadíssimos porque Darcy Ribeiro criou a Universidade de Brasília para descolonizar o pensamento brasileiro, que era uma forma de despaulistizar a hegemonia nas ciências sociais, reflexo da Revolução Constitucionalista de 32 e instrumento separatista de balcanização cultural do Brasil.

Elite paulista

A classe dominante paulista, que é formada no topo pelos estamentos multinacionais, odiava Leonel Brizola. Continua odiando. Querem tacar fogo em sua memória. Por isso Lula escalou Lupi para fazer a faxina pró-imperialista dentro do PDT. Não sabemos se Lupi nasceu na Freguesia do Ó, mas seguramente é paulistocêntrico. Não há manifestação ideológica dominante que não seja bandeirante e multinacional. A patota FHC considera Leonel Brizola um inculto, quando na verdade o pensamento original brasileiro está mais para o caudilho revolucionário do que para os colonizados das ciências sociais.

Mas, afinal, por que a classe dominante paulista odeia tanto Leonel Brizola? A resposta disso encontra-se na aristocracia professoral da USP e da Fapesp diante do golpe de 64. Recentemente a Revista Fapesp perpetuou um balanço de direita, inidôneo e deformado, sobre o golpe de 64. Jovens e velhos historiadores petucanos quiseram perdoar a burguesia bandeirante da Fiesp por ter sido a ponta de lança de Wall Street e Pentágono em 1964. Ocultaram que a burguesia bandeirante foi protagônica do golpe. E a maior loucura: FHC e Florestan Fernandes aparecem como as principais vítimas, e não Leonel Brizola e Darcy Ribeiro. É assim que a classe dominante vencedora escreve a história do Brasil.

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A verdadeira crítica histórica do golpe de 64 (Gunder Frank e Rui Mauro Marini) foi também recalcada pela historiografia chapa branca endolarada. Essa historiografia dominante é um hibridismo petucano. Que não lida com as causas, principalmente quando se trata do imperialismo e da acumulação de capital para além do whisky do embaixador Gordon e do teutochimarrão do doutor Goldemberg.

"Petucanismo"

O petucanismo é uma espécie de pós-modernismo típico da universidade shopping center. Leonel Brizola tinha razão quando asseverava que a Guerra Fria não explicava o golpe de 64; afinal, a abertura política (democracia das multinacionais) foi promovida pelo tesudo Rockfeller. A gênese da piração de Mourão Filho, a vaca fardada em Juiz de Fora, está na Guerra do Paraguai do empresário Barão de Mauá, que acreditava em lucros honestos e em ética na política. Claro, claro, o problema passa pelas becas e pesquisas a peso de ouro cacifando os figurões acadêmicos para deixarem Leonel Brizola debaixo do tapete. O nome de Leonel Brizola é associado por correspondência antitética com o seguinte: por que na historiografia medram a inópia conceitual e a penúria estilística? Oswald de Andrade já dizia: sem historiadores intelectualmente idôneos nós estamos fordidos. De Ford. De Ford que bancou o lépitopi dos literatos. Estamos fordidos. A economia do automóvel perseguiu Leonel Brizola, inclusive o cantor pop norte-americano Bob Dylan, que foi preferido à Luís da Câmara Cascudo.

O que foi a forderola de Richard Morse em 1964, hoje é a super-exploração Toyota da força de trabalho, ainda que Lula, personagem de telenovela, seja considerado na sacristia do PT como o homem providencial que acabou com a luta de classes no Brasil. A imprensa inteirinha (inclusive OAB e ABI) apoiou o golpe de 64, antes e depois da tortura.

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Os jornalões e a Globo se arrependem de araque. Os golpistas de 64 são lindos quando promovem a autocrítica. O que não se faz nunca é perguntar: quem se deu bem com a derrubada de João Goulart? O ministro Francisco Weffort chegou ao céu da bem aventurança petucana porque provou que o populista João Goulart deveria ter sido derrubado. O único problema para o sociólogo do populismo é que depois da derrubada de Goulart veio a ditadura. Não por acaso o sociólogo banhou-se nas águas tucanas. O golpe de 64 é a prova do progresso de São Paulo. Isso foi dito em 1964 por Gunder Frank, o enguiço das ciências sociais. São Paulo reproduz até hoje o assassinato cultural feito contra Leonel Brizola e Darcy Ribeiro.

Gilberto Felisberto Vasconcellos é jornalista, sociólogo e escritor.


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