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protesto MPL SPBrasil - Correio da Cidadania - [Raphael Sanz, Gabriel Brito e Valéria Nader] Completa-se um ano do estouro das grandes manifestações de junho de 2013, impulsionadas pela brutal repressão policial aos atos pela tarifa zero em São Paulo, e o Correio da Cidadania volta a conversar com o protagonista inicial, o Movimento Passe Livre, que também comemora um ano da vitória contra o aumento da passagem dos coletivos.


"O MPL acredita que um dos grandes ganhos de junho foi justamente as pessoas voltarem a acreditar que só lutando podemos ter vitórias reais. Passamos de um histórico de imobilismo para uma explosão de auto-organização popular em várias lutas, sem falar na radicalização de várias delas. Isso tudo é muito positivo pra luta popular", afirma o movimento, que respondeu à entrevista coletivamente.

Enquanto o país testemunha essa referida retomada do movimento popular, com ímpeto há muito tempo esquecido, o MPL continua fazendo o 'trabalho de formiguinha', pautando diversas questões da política de transportes (não só a tarifa) pela cidade e apostando na estratégia de fazê-lo a partir das periferias da metrópole, aparentemente um dos grandes débitos da esquerda mais tradicional e partidária.

Sobre a reação do Estado, em todas as esferas, ao crescimento das mobilizações, o movimento é curto e grosso. "As estratégias são sempre reprimir com um brutal efetivo policial e tentar desmoralizar as reivindicações e as táticas de luta. Ou mesmo as velhas táticas de cooptação". De toda forma, mostra e otimismo em relação ao atual momento político, a despeito dos interesses eleitorais cada dia mais em voga. "O que importa é que houve um crescimento significativo do desejo de participação política direta e o povo está se apropriando cada vez mais de tal concepção. Tudo indica que os níveis de abstenção e voto nulo cresçam na eleição", analisa o MPL.

A entrevista completa pode ser lida a seguir.

Correio da Cidadania: Como vocês analisam o cenário político um ano depois da eclosão das grandes manifestações que balançaram o país em 2013? Como avaliam esses últimos 12 meses das movimentações populares nas ruas?

MPL: O MPL acredita que um dos grandes ganhos de junho foi justamente as pessoas voltarem a acreditar que só lutando podemos ter vitórias reais. Passamos de um histórico de imobilismo para uma explosão de auto-organização popular em várias lutas, sem falar na radicalização de várias delas. Isso tudo é muito positivo pra luta popular. O crescimento das ocupações urbanas, os bairros se organizando por seus problemas locais de transportes, os trabalhadores se organizando e lutando por fora de sindicatos pelegos e sindicatos que têm compromisso com sua categoria fazendo lutas bem avançadas, como a recente greve dos metroviários em São Paulo.

Correio da Cidadania: Como enxergam as recentes manifestações lideradas por movimentos como o MTST e alguns sindicatos, muitas vezes a partir das bases e à revelia das direções?

MPL: Entendemos que muitas dessas lutas têm uma relação direta com junho, que é principalmente dizer um "basta" a um modelo massacrante de cidade. A luta pelo direito à cidade perpassa várias dessas lutas, e por isso entendemos que estamos do mesmo lado da barricada. Sobre as mobilizações por fora dos sindicatos pelegos, acreditamos principalmente que a disposição para a luta fez com que categorias enfrentassem o medo, diante de direções mafiosas que impediam a luta dos trabalhadores, como os garis no Rio e os rodoviários em São Paulo.

Correio da Cidadania: Quanto ao MPL, como se movimentou nesse período recente e quais foram, e são, as prioridades do movimento em suas atividades? Vocês planejam se manifestar durante a Copa?

MPL: O MPL segue se organizando junto com a população que está questionando o sistema de transporte coletivo na cidade, atuando especialmente das periferias para o centro. Fizemos várias lutas contra cortes de linha e para a criação de linhas em regiões que não são atendidas pelo transporte coletivo. Faremos um ato no dia 19 de junho, comemorando um ano da derrubada dos 20 centavos (agora só faltam três reais!). Será um ato por tarifa zero, que terminará com uma festa na Marginal Pinheiros e mostrará na prática nossa proposta de transporte verdadeiramente público: as pessoas têm que poder circular para conhecer e transformar a cidade. Enquanto a Copa é dos ricos, a cidade vai ser nossa (nota da Redação: a entrevista foi concedida em 18 de junho).

Correio da Cidadania: No transporte público, além da tarifa zero, quais as pautas mais importantes na visão de vocês?

MPL: Acreditamos que a tarifa zero é parte de um processo de organização popular que vise a gestão popular do transporte. Ou seja, a gente acredita que a tarifa zero é o caminho para que quem usa e trabalha no transporte todo dia mande nele, e não os técnicos, empresários e políticos. Só assim teremos um transporte realmente popular e que atenda às necessidades da população.

Correio da Cidadania: Como vocês veem a atual greve dos metroviários e as respostas da justiça (que considera a greve abusiva e impôs multa) e do governo?

MPL: O MPL prestou total apoio à greve dos metroviários, porque entendemos que, só com a união dos trabalhadores e dos usuários do transporte, é que podemos enfrentar os interesses por lucros que massacram o nosso cotidiano superlotado nos trens e ônibus. Não é crime lutar por melhores condições de trabalho, que se revertem na melhora das condições de uso do transporte. Os metroviários estão sendo perseguidos por expor para toda a população os desmandos do PSDB no metrô há mais de 20 anos, com contratos superfaturados e falhas técnicas que geram um cotidiano de risco aos trabalhadores e usuários. Entendemos como um ataque a todos os lutadores a demissão dos 42 companheiros metroviários pelo governo do estado e lutaremos junto com o sindicato até a readmissão de cada um deles.

Correio da Cidadania: E quanto aos governos federal e estaduais, no geral, como vocês avaliam as suas reações e estratégias recentes frente aos protestos que se espalham pelo país?

MPL: As estratégias são sempre reprimir com um brutal efetivo policial e tentar desmoralizar as reivindicações e as táticas de luta. E há ainda as velhas táticas de cooptação das organizações populares. Entendemos todas essas estratégias como lamentáveis, mas também vemos, hoje em dia, um movimento mais forte de resistência.

Correio da Cidadania: Recentemente, vocês se acorrentaram na Secretaria de Segurança Pública contra o famoso "inquérito dos black blocs". Há militantes do MPL sendo investigados nesse inquérito? Como vocês analisam esse subterfúgio repressivo?

MPL: Sim, há vários militantes do MPL, apoiadores do movimento, um de nossos advogados e até mesmo mães de militantes sendo investigados. Para nós, essa é só mais uma das ilegalidades a que o "Estado penal" submete todo dia a população que resiste contra a barbárie do Estado, especialmente a população negra e periférica. Estamos propondo um Habeas Corpus de trancamento desse inquérito ilegal.

(Ver mais aqui.)

Correio da Cidadania: Acreditam que 2014 repetirá 2013 com suas multitudinárias manifestações?

MPL: 2013 não foi planejado para ter aquela extensão, processos como aquele não podem ser fabricados, reproduzidos. Acreditamos que 2014 já teve momentos de forte mobilização, mesmo que com uma adesão menor. Pensamos que os casos mais emblemáticos foram a greve dos garis no Rio, a greve dos rodoviários em São Paulo e agora a greve dos metroviários. Estamos vendo uma ascensão de várias formas de luta, que não são apenas as marchas na rua.

Correio da Cidadania: Como imaginam que a atual conjuntura do país vá impactar as eleições de outubro, tanto no que se refere às eleições majoritárias, como no sentido de incentivar um debate e união de correntes mais progressistas?

MPL: O MPL é um movimento apartidário, o que importa para nós é que houve um crescimento significativo do desejo de participação política direta, ou seja, vemos um esgotamento da política representativa. Só a luta muda a vida e o povo está se apropriando cada vez mais de tal concepção. Tudo indica que os níveis de abstenção e voto nulo cresçam na eleição, expressando esse fenômeno.

Raphael Sanz e Gabriel Brito são jornalistas. Valéria Nader, jornalista e economista, é editora do Correio da Cidadania.


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