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sp 15jun atoBrasil - Diário Liberdade - [Diego Cruz] Circula nas redes um texto de uma seita, no caso o PCO, acusando o PSTU e PSOL de "reprimirem" os Black Bloc's e de fazerem o papel de "polícia" no movimento, com base nos acontecimentos ocorridos na manifestação em São Paulo no último dia 15. O protesto reuniu amplos setores e, em essência, exigia democracia na universidade, diretas para reitor e "Fora Alckmin", entre outras reivindicações.


 

Há muito não acredito em conceitos como imparcialidade e isenção, seja da imprensa ou dos próprios indivíduos ou organizações. Quando vemos e percebemos um fato, o fazemos a partir de nossa própria subjetividade, repertório, posição política e um longo etc. Dentro da esquerda e do movimento é a mesma coisa. Outra coisa, bem distinta, é a calúnia, método historicamente utilizado por algumas correntes e, em especial, no Brasil, pela referida seita.

Vamos aos fatos. A manifestação nesse dia 15 começou a se concentrar no Largo do Batata no final da tarde, já cercado por um forte aparato repressivo. A definição era que caminharíamos até o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo Alckmin. Já no início da passeata, começou uma tensão entre os manifestantes e um setor dos Black Bloc's que insistia em permanecer na frente do ato. Tradicionalmente, e foi assim nos atos de junho puxados pelo MPL, a faixa principal, que unificava as manifestações, abria a marcha. E todos seguiam atrás. Mas alguns ali, contra a vontade da maioria, não aceitavam isso.

Já na Faria Lima, o impasse durou uns trinta minutos, paralisando o ato. Vim saber depois, através de companheiros, que alguns "adeptos da tática Black Bloc" tentaram arrancar e rasgar faixas e bandeiras do movimento e de partidos, o que certamente colaborou para elevar o nível de tensionamento (lembrando os episódios de junho, quando fomos atacados por hordas fascistas).

Organizadores da marcha, dirigentes do DCE da USP e de outras entidades tentaram pacientemente argumentar com esse setor. Em vão, infelizmente. Isso gerou uma irritação muito grande por parte deles. "Eles querem uma Marcha para Jesus, vão se foder", cheguei a ouvir de uma garota.

Pois bem, sem acordo, a passeata seguiu. Os Black Bloc's à frente, com umas 100 pessoas (suponho) e atrás, tentando manter uma certa distância, o conjunto da manifestação (umas 2 mil pessoas). Os Black Bloc's, porém, pareciam não muito dispostos a aceitar a ideia de que a maioria ali não os queria à frente fazendo sua "proteção", e o tensionamento não terminaria por aí.

Já na Marginal Pinheiros, alguns Black Bloc's arrastaram vários sacos de lixo e os lançaram contra os estudantes que estavam à frente da marcha. Como jornalista, cubro manifestações há pelo menos uns 10 anos (eu sei, estou ficando velho). Já vi brigas, discussões e empurra-empurra entre correntes e partidos, algo que, embora lamentável, não chega a ser uma novidade. Mas confesso que me surpreendi com aquele ataque, principalmente por não se dirigir contra um setor específico, mas sim contra a própria manifestação que diziam "proteger"! Felizmente, houve muito sangue frio ali para evitar que tudo não descambasse para um confronto físico generalizado.

É importante frisar que isso não partiu do conjunto dos Black Bloc's, mas de um setor de ranço mais autoritário. Bem, por fim se chegou a um "acordo" com parte deles de se estabelecer uma "linha de contenção" à frente da marcha, com integrantes dos Black Bloc's e demais ativistas. Bem mais à frente, caminhava o grosso do bloco. Na prática, eram duas manifestações distintas.

Isso tudo não impediu, porém, que fosse uma bela manifestação, grande e com o apoio explícito de muitas pessoas pelas ruas, como se os ventos de junho estivessem de volta. Até a polícia resolver intervir e acabar com o protesto.

Na Marginal Pinheiros, pouco antes da repressão policial, alguns vidros de uma concessionária foram quebrados. Seria leviano de minha parte dizer que os Black Bloc's iniciaram o confronto com a PM. Até porque eles estavam bem à frente, a pelo menos uns cem metros do restante da marcha, fora, portanto, do meu raio de visão. Mas o fato é que o conflito se iniciou entre os Black Bloc's e alguns policiais. Segundos depois, chegou o reforço policial e o conflito se acirrou, ainda que permanecesse isolado à frente do ato.

Enquanto isso, a manifestação seguia parada na Marginal. Com o acirramento do conflito, parte significativa dos Black Bloc's correu para trás dos demais manifestantes (e aqui me eximo de fazer qualquer juízo de valor, pois seria ingênuo pensar que aqueles poucos jovens poderiam fazer frente ao aparato armado do Estado). A Tropa de Choque então irrompeu por trás e, de forma covarde, começou a reprimir de forma generalizada.

A marcha, encurralada dos dois lados, conseguiu resistir de forma organizada nos primeiros minutos, mantendo-se unida e evitando a dispersão. Mas a polícia começou a atacar de forma tão violenta aquele bloco de estudantes, que tiveram que buscar refúgio na loja da Tok&Stok. Não contente, a polícia lançou bombas dentro da loja, sobre manifestantes indefesos e sem saída. A partir dali, seguiram as cenas de brutalidade policial que assistimos. As 60 detenções ocorreram de forma aleatória e ilegal, sem qualquer flagrante.

Não pretendo aqui fazer uma análise sociológica sobre a gênese e o papel dos Black Bloc's, mas tão somente relatar o que ocorreu naquele dia 15, evidentemente não tendo qualquer presunção de "isenção". A relação com esse setor daqui para frente o próprio conjunto do movimento precisa discutir e definir. Assim como a autodefesa, tanto em relação à polícia quanto aos provocadores.sp 15jun om

Agora, dizer que o PSTU, o PSOL, ou qualquer outro partido, organização ou entidade do movimento, "reprimiu" ou tentou "expulsar" os Black Bloc's do ato não passa de uma estapafúrdia calúnia. Não tenho procuração para falar em nome das outras organizações ali presentes, mas seria injusto dizer o contrário.

Cobrar responsabilidade de uma seita conhecida por sua completa ausência de moral e pelo uso sistemático de calúnia na disputa política é difícil, eu sei. Mas o que é lamentável é que setores da esquerda e ativistas repercutam essas calúnias com o objetivo de atacar o PSTU, que não abre mão (como algumas correntes) de travar o debate político com os Black Bloc's.

Dizer, e mais, repercutir que "PSOL e PSTU agiram como policiais dentro do movimento estudantil" é leviano e irresponsável. No ato de São Paulo tivemos pelo menos 16 militantes detidos, alguns deles espancados pela PM. No Rio, dois dos nossos foram encarcerados pela PM de Cabral e só conseguiram relaxamento da prisão três dias depois. Em Porto Alegre, um militante nosso teve a casa invadida pela Polícia Civil, livros e computadores confiscados e está respondendo inquérito que pode levá-lo para a cadeia. Isso tudo por lutar. São só alguns exemplos.

O PCO e os que embasam suas calúnias sabem também que a defesa de qualquer setor do movimento diante da repressão policial é um princípio do PSTU. Durante as manifestações em julho no Rio, por exemplo, quando a burocracia sindical tendo à frente centrais como CUT e CTB, colocou seguranças para entregar "mascarados" à polícia ou expulsá-los do ato, denunciamos publicamente essa prática criminosa (http://psturio.blogspot.com.br/2013/08/em-defesa-de-todo-e-qualquer-ativista_5.html).

Afirmar que tal ou qual partido agem como "polícia no movimento" é denúncia grave e precisa ser provada. Na época da ditadura, levava a atos de "justiçamentos" (e com razão) entre os grupos de esquerda. Lembra ainda o estalinismo, que acusava de "agente da CIA e do imperialismo" qualquer um que lhe fizesse oposição, a fim de exterminá-lo.

Dessa seita degenerada não espero nada. Dos setores que estão fazendo coro com esse absurdo para ataques políticos, é bom que repensem esse método. Num momento em que somos atacados e criminalizados pelo Estado, a quem realmente interessa isso?

 



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