Os black blocs fazem da ação direta a sua estratégia política e visam atingir sobretudo estruturas físicas do capital e do Estado - estilhaçam vidraças de bancos e picham prédios públicos, símbolos do poder.
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De clara inspiração anarquista, os grupos black blocs identificam no Estado e no Capital a violência contra a sociedade. Para os black blocs, a violência está na ação do capital e do Estado e não na ação destrutiva simbólica por eles praticada. A performance destrutiva é uma concepção política, uma ação pedagógica e politizadora para o conjunto da sociedade.
Tapumes protegendo as fachadas de bancos, shoppings e prédios públicos fazem a população se perguntar: Do que se protegem?
A ação direta e virulenta dos black blocs remonta os anos 60, porém, ganharam visibilidade nos protestos contra a OMC em Seattle, naquela que ficou conhecida como a 'Batalha de Seattle' (1999) e depois em Genova (2001) por ocasião do encontro do G7 – que vitimou o ativista Carlo Giuliani – primeiro mártir do movimento antiglobalização.
Os encontros da OMC, do FMI, do G7 e do Banco Mundial são alvos dos black blocs - identificados como poderes paraestatais que subordinam os povos do mundo.
A interpretação de que os black blocs são meros grupos de vândalos e baderneiros é equivocada. Constituem-se como grupo político, agem como grupo político e sua ação possui fundamentação teórica e política. Aceitar ou não os métodos dos Black blocs é outra coisa.
Utilizando-se de uma hermenêutica foucaultiana, os black blocs exercem a biopolitica contra o biopoder .
Cesar Sanson é professor de sociologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).