O que rendeu mais foi a projeção sobre a sucessão de Dilma Rousseff. Eu ainda acredito num cenário próximo ao de 1989, quando todos partidos lançaram candidatos no primeiro turno das eleições presidenciais. Os debates entre candidatos pareciam mais assembléia de caciques políticos.
Por que sustento este cenário? Porque não vejo grandes chances de Aécio Neves. Seu perfil e as pesquisas recém divulgadas (em especial, do Datafolha) indicam que seu nome não mobiliza muitos eleitores. Figura em terceiro ou quarto lugar na preferência do eleitorado nacional. É do bloco lulista, vencedor das eleições desde 2006 (quando efetivamente este bloco se cristalizou), que me parece sair a principal força eleitoral.
Neste caso, PSB emerge como principal alternativa.
Também me orienta a crise econômica gradativa e o aumento do índice de inflação (que pode ser pressionada com o já anunciado aumento do preço dos derivados de petróleo).
Juntemos as duas variáveis. Num cenário de desencanto econômico (não necessariamente uma crise) e de fragilidade do principal nome da oposição, por qual motivo os partidos do bloco lulista não lançariam candidatos no primeiro turno? O que perderiam? Se a fragmentação do bloco em várias candidaturas não corre risco de abrir espaço para um candidato oposicionista, por qual motivo não tentar o podium ou, na pior das hipóteses, massificar um nome para 2018? Neste último caso (lançar para popularizar ou reforçar nacionalmente um candidato para 2018), o lançamento não necessitaria ocorrer muito cedo. Ao contrário, o partido aliado poderia garantir todos benefícios de compor o governo federal até o primeiro trimestre de 2014 e somente aí anunciar o "Novo Príncipe".
No mais, a estrutura política brasileira, toda nacionalizada em função do necessário apadrinhamento de deputados para que a vida dos prefeitos (e de vários governadores) seja mais leve, faz com que os cenários eleitorais fiquem mais nítidos e focados daqui por diante. E, mais que nunca, é da saúde financeira do governo federal e da saúde econômica do país que nasce a senha para entendermos 2014.
Rudá Ricci é sociólogo, Mestre em Ciências Políticas e Doutor em Ciências Sociais.