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261112 dilmaBrasil - Literatura em Construção - [Diego Mileli] A população reunida às dezenas de milhares em organização e luta por uma causa comum, ocupando todas as faixas da rua, tomando as calçadas e se estendendo por quilômetros por não caber em menos espaço. 


É a consciência política da importância individual compondo um coletivo forte, ciente dos impactos econômicos e sociais que pode causar, onde cada indivíduo se vê como agente da construção da sociedade e, sendo assim, se manifesta para fazê-la tal como concebe melhor. É incrível! São os frutos da democracia impelindo a população à reflexão e à ação, à participação. Em plena segunda-feira, no meio da tarde tantos se ausentarem do trabalho para tentar um futuro melhor! O aprimoramento do espírito democrático. É lindo!

Essa pode ser a impressão de algum desavisado que venha a assistir pelos telejornais ou quem vier a ler alguma notícia nos grandes veículos sobre o ato chamado de "Veta Dilma". Pode até ser que este seja o viés a que se queira induzir quem não sabe o que acontece, já que normalmente os protestos são organizados pela população contra o governo, condenando-lhe atitudes ou exigindo-lhe outras. Porém, este tal "Veta Dilma", sobre a distribuição dos "Royalties do Pré Sal", foi organizado pelo Governo do Estado, em faixas, cartazes e comerciais na TV com uma propaganda milionária que sei lá quem pagou. O Governador é contra que os royalties – que grande parte dos participantes do protesto e da população em geral, certamente não sabe do que se trata – sejam distribuídos entre todos os Estados brasileiros. Seria Injustiça.

Para garantir a participação, as empresas de transporte – que nos roubam diariamente com tarifas absurdas – liberam as catracas (só no sentido centro e no horário do ato e depois de volta para casa) para garantir que todos possam ir, afinal, os salários que nos pagam para trabalhar nas empresas deles muitas vezes não nos permite arcar com custos extras de passagem, nem para lazer, quanto mais para protestos. Assim não tem desculpa. Todos podem comparecer.

Se fosse à noite, ninguém compareceria, pois já estaríamos cansados das longuíssimas e estafantes jornadas de trabalho. Com isso, voltaríamos todos para casa enfrentando as duas horas de trânsito para, com sorte, ter umas duas horas de descanso antes de dormir de novo para trabalhar no dia seguinte. Por isso, o ato é à tarde.

Mas, trabalhamos e não poderíamos comparecer. É em dia útil (para quem?) e em horário que se está preso ao labor. Todavia, o Governador e o Prefeito querem a qualquer custo mostrar que a população apóia o pleito deles, ainda que não saiba o que são royalties e como isso vai melhorar a vida dela, já que o Estado é um dos mais ricos do país, o país é uma das maiores economias do mundo – a sexta, acima da França, disse orgulhoso o Ministro da Fazenda –, mas a educação é uma das piores do mundo e a desigualdade social uma das maiores. Governo Estadual e Municipal decretam ponto facultativo. A fim de não ter desculpa de não participar, patrões dispensam os empregados com a justificativa de que o ato vai complicar o trânsito e a volta dos funcionários para casa, mas provavelmente não haveria ato se eles não fossem dispensados. Não seria isso uma espécie do proibido "lock out" já que os empregados são proibidos de trabalhar pelo trancamento dos locais de trabalho em uma reivindicação? Mas, ah, agora sim todos podem comparecer.

Enfim... Serei eu também expulso do meu trabalho e irei para casa pelas ruas em meio às pessoas correndo para seus lares – diga-se de passagem, se enfileirando ante os cobradores do metrô, do trem e do ônibus para pagar suas passagens. Chegarei em casa sem saber o que são royalties, e qual percentual será cobrado pela exploração ou se está compatível com o resto do mundo; sem sequer imaginar onde irá esse dinheiro, quem o paga e com qual ontra-partida; e mesmo sem ter ideia do que é Pré-Sal ou de como se extrai o petróleo, do qual tenho uma noção imprecisa do que é, dessa camada tão profunda que eu não tinha notícia de existir. Assisto perplexo a este evento que, não fosse a luta por uma causa, soaria carnaval, já que tem shows, apresentações de "famosos" e trios elétricos. Quase todos, acredito, sem nem mesmo aquelas consciências as quais citei antes.

Este mesmo evento, usando o nome da Justiça (ela mesma, não o Judiciário), defende a concentração de riqueza na parte do país que mais possui – alimentando as desigualdades regionais que ocasionam em migração de pessoas e capitais dentro do país – a esvaziar umas regiões e inchar outras cidades até a explosão, aumentando o mar de problemas que decorrem dessa concentração, mas a população pouco e o governo quase nada se manifestam para solucionar. Entre os problemas, o transporte – caro, lento, insuficiente e restrito em espaço e horário. E com que qualidade! – que segunda, por deboche ou não, nos ofertarão com alguma gratuidade. Um espetáculo!

24-11-12


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