O dramaturgo alemão Bertolt Brecht deixou-nos uma pergunta famosa: Que é roubar um banco em comparação a fundar um banco? No Brasil, a resposta fica na ponta da língua: em se tratando de sistema financeiro, seja para o que for, não há no mundo país melhor.
O lucro líquido do Bradesco no 1º trimestre deste ano foi de R$ 2,103 bilhões. Bilhões. Não fosse pouco, representa um aumento de 22,1% em relação ao mesmo período de 2009. Congratulações.
Na soma de todo o ano passado, o líder entre os privados, Itaú Unibanco, teve lucro líquido de R$ 10,1 bilhões. Dez bilhões. Um crescimento de 29% contra o resultado de 2008, de R$ 7,8 bilhões. Parabéns, parabéns.
Os caras não param de bater recordes, dia após dia, o céu como limite. Porque a usura deixou de ser pecado capital faz tempo. Mas bem que gostaria de ver todo esse dinheiro arder nas chamas eternas do inferno.
Veja bem: não quero queimar banqueiros em praça pública. Mas sim cada centavo acumulado nessa atividade de tão baixo risco. Ainda mais no país com a segunda maior taxa de juros do planeta. Voltaremos à liderança em breve, tudo indica.
Quando vejo uma fila daquelas de 45 minutos de espera. Ou aquelas tarifas ininteligíveis, sempre caríssimas. Os juros do cheque especial. Os salários dos bancários. A falta de retorno social desse negócio. Os dividendos astronômicos que os executivos da área recebem.
E esses lucros de bilhões e bilhões. Ah, minha gente. Sabe o que me vem, no fundo da alma? Simples: vontade de fundar um banco. Dá menos trabalho.