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270815 elitBrasil - Blog do R. Bittencourt da Silva - Neste fim de semana, o governo estadual do Rio de Janeiro adotou medidas que chocaram a diferentes setores da população. 


A Polícia Militar fez operações em áreas da zona sul carioca, parando ônibus e detendo jovens, menores de idade, oriundos de favelas e demais áreas do subúrbio carioca, que tinham as praias como destino (1).

Alguns jovens foram encaminhados ao Centro Integrado de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Ciaca). A alegação oferecida pelo governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) é que a ação policial visava “impedir crimes, como os arrastões”. Ao que tudo indica, o ficcional futuro projetado pelo filme “Minority Report” está se desenhando no Rio de Janeiro.

A arbitrariedade das ações e a pseudojustificativa apresentada pelo governador dão uma amostra da cosmovisão de sociedade esposada pela trupe peemedebista. Uma cidade em que negros e pobres são concebidos enquanto criminosos potenciais e que o direito de ir e vir, uma dimensão elementar dos direitos individuais e do direito à cidade, é tolhido por uma perspectiva elitista e racista de sociedade.

Forçoso é registrar que tal concepção política e social, que impera no Rio de Janeiro, foi tecida décadas a fio por diferentes atores individuais e coletivos: nos anos 1950/60 pelo lacerdismo (acusado de matar mendigos e notabilizado pela remoção de favelas, quando teve seu líder à frente do governo – 1961-65). Nos anos 1980-90, pelas suas “viúvas”, organizadas e estimuladas pelo PMDB de Moreira Franco e pelas Organizações Globo.

Sobretudo durante os anos de governo trabalhista de Leonel Brizola (1983-1986 e 1991-1994), a orientação do Estado era radicalmente distinta, assim como a cosmovisão política e social que prevalecia no Rio. Isso para enorme apreensão e desgosto dos lacerdistas e globoteleguiados elitistas, hoje possivelmente satisfeitos com as “realizações” do PMDB de Pezão.

Brizola, célebre por empreender iniciativas que visavam inibir a violência policial contra as populações pobres e faveladas, assim como integrar a cidade – via ligação de ônibus e ênfase orçamentária na educação pública –, no máximo, colocou a PM para organizar filas de ônibus na zona sul e para solicitar aos jovens que colocassem a blusa, de modo a terem acesso ao transporte coletivo.

Como então jovem morador da zona norte que era, assinalo por experiência e memória próprias. Se hoje tivesse 16 anos, provavelmente estaria me vendo também constrangido pela repressiva e abusiva ação inconstitucional do governo. O garoto suburbano de ontem se solidariza e se identifica com os meninos e as meninas da periferia de hoje.

Triste quadro. Pezão e seu PMDB instalam o verdadeiro terror cotidiano contra as populações faveladas – por intermédio das UPPs –, reduzem continuamente os investimentos em educação, fechando mais de 200 escolas de ensino médio, nos últimos anos. Têm operado com um verdadeiro desmonte das escolas técnicas e das universidades estaduais. À juventude destinam apenas a repressão, o terror policial e a segregação racial e geográfica. A desesperança, eis o que Pezão tem a oferecer aos jovens cariocas e fluminenses.

É lastimável ver a que ponto a antiga capital federal – autorepresentada e representada por outros estados da Federação como o “bumbo da Nação”, o espelho de uma cidade que se preocupava em construir um País soberano e popular – pode estar sujeita a um governo tão medíocre e reacionário, norteado por práticas racistas e elitistas. Infelizmente, talvez hoje o Rio de Janeiro seja um microcosmo que espelha nocivas forças latentes ou em ascensão no Brasil.

Roberto Bitencourt da Silva – doutor em História (UFF) e professor da FAETERJ-Rio e da SME-Rio.

(1)Saiba mais:

EBC: http://www.ebc.com.br/noticias/2015/08/pezao-diz-que-retirada-de-jovens-de-onibus-e-para-impedir-crimes-nas-praias

Extra: http://extra.globo.com/noticias/rio/pm-aborda-onibus-recolhe-adolescentes-caminho-das-praias-da-zona-sul-do-rio-17279753.html


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