Entre elas está a 3ª Marcha da Nacional da Periferia contra o racismo, que tem como tema este ano "Pela destruição do racismo: basta de genocídio, violência, criminalização, opressão e exploração". O objetivo da marcha é levar às ruas a denúncia contra o racismo que mata e divide a classe trabalhadora e denunciar a situação de crescente extermínio da população negra, sobretudo de sua juventude e os ataques aos quilombolas. A data também foi incorporada à agenda de luta do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) do ANDES-SN.
Leia mais: No dia de Zumbi, população sai às ruas pela luta do povo negro
Maristela Farias, uma das coordenadoras DA executiva do Setorial de Trabalho Negros e Negras da CSP-Conlutas afirma que é necessário que os trabalhadores, sindicatos, movimentos sociais e estudantil, e toda a população se unifiquem e compreendam que a luta contra o racismo deve ser feita também contra o capitalismo. "Não existe capitalismo sem racismo. Como dizia Malcolm X: não há como destruir um sem combater o outro", explicou Maristela que ainda afirmou que o racismo é utilizado pela burguesia para explorar a classe trabalhadora.
A marcha que teve origem em São Luiz, no Maranhão, no ano de 2006, foi criada pelo Movimento Organizado de Hip Hop Quilombo Urbano, que completa 25 anos. Em 2012, o Movimento Nacional Quilombo Raça e Classe nacionalizou a marcha chegando a atingir 12 estados brasileiros. Ano passado o tema da marcha foi "Pelos Amarildos, da copa eu abro mão".
Neste ano, a marcha no estado do Rio de Janeiro será nesta quarta-feira (19) em Nova Iguaçu (RJ) na baixada fluminense, às 15h. Diferente dos anos anteriores em que se concentrou na Candelária. "Escolhemos Nova IguaçU por concentrar a maioria da população negra, ter os maiores índices de violência e extermínio contra os negros, mulheres e LGBTs", informou Maristela Farias.
Em Minas Gerais, a marcha se concentra na sexta-feira (21), às 15h, na ocupação Willian Rosa, em Contagem. Na capital paulista, os manifestantes farão uma panfletagem na quinta-feira (20), às 12h, em frente ao Masp. Além de atividades em outras cidades do estado de São Paulo: São José dos Campos, no campo dos Alemães (próximo a Pinheirinho), Capão Redondo, Santos e Guarulhos.
Nos atos serão questionados ainda a banalização do racismo em campanhas midiáticas, as agressões racistas dentro e fora dos campos de futebol, a situação do Haiti, cuja revolução negra naquele país completa 200 anos, além dos 10 anos da desastrosa ocupação militar das tropas brasileiras; e a epidemia do Ebola na África.
Desigualdade
Gean Santana, um dos coordenadores do Grupo de Trabalho Classe, Etnicorraciais, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN, ressalta que a violência no Brasil é fortemente marcada pela categoria de classe e raça e que morrem mais negros do que brancos no país. "Grande parte dessas mortes é efetuada pela Polícia Militar, conforme pesquisas realizadas e divulgadas amplamente nos meios de comunicação. É importante que a organização de outras marchas em outras cidades brasileiras para denunciar essa política genocida e reivindicar uma melhor condição de vida para os negros e negras".
Ele destacou como ponto positivo a questão das cotas para estudantes negros, mas que ainda é preciso garantir a permanência desses estudantes nas universidades. "Uma política de permanência estudantil efetiva demanda um aporte de recursos importantes dos governos estaduais e federal, pois, parafraseando os estudantes cotistas da Uefs, cotas sem uma efetiva política de permanência estudantil é racismo. E os governos estaduais, federal e reitorias precisam ser responsabilizados pela escassez e insuficiência de recursos que fazem parte da maioria das IES públicas", disse.
Consciência Negra
Comemorado há mais de 30 anos por ativistas do movimento negro, o dia 20 de novembro foi incluído em 2003 no calendário escolar nacional. Mas somente em 2011 virou Lei (n°12.519), que instituiu oficialmente o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra. A data é feriado em mais de mil cidades brasileiras.
O dia 20 de Novembro foi escolhido como uma homenagem a Zumbi dos Palmares, principal representante da resistência negra à escravidão na época do Brasil Colonial e que liderou o Quilombo dos Palmares, comunidade livre formada por escravos fugitivos dos engenhos, índios e brancos pobres expulsos das fazendas, chegando a alcançar uma população de aproximadamente 30 mil habitantes.
Agenda das atividades
Alagoas
22/11 - III Marcha da Periferia AL Praça da Formiga – Benedito Bentes – às 15h;
28/11 - Baile Black do QRC ICHCA – às 20h.
Minas Gerais
21/11 – Marcha da Periferia – concentração a partir das 15h na comunidade Willian Rosa.
Rio Grande do Sul
20/11 – Marcha do Genocídio da Comunidade Negra – às 17h em frente ao Palácio Piratini;
21/11 – Cine debate do filme "Vista minha Pele" no Sindppd 21/11 – Panfletagem na Contac;
22/11 – Plenária do Quilombo Raça e Classe – no SIMPA.
Rio de Janeiro
19/11 – III – Marcha da Periferia/RJ – Nova Iguaçu, às 15h;
19/11 – Debate Colégio Pedro II – São Cristovão, horário a confirmar;
19/11 – Debate Sindicato dos Comerciários de NI, às 19h;
19/11 – Debate UNIRIO – Rio, às 19h. 20/11 – Seminário SEPE/Duque de Caxias/Rio, das 9h às 17h. 20/11 – Abertura Seminário FENAJUF, às 10h. 20/11 – Feijoada do Buraco do Galo/Osvaldo Cruz, às 13h;
20/11 – Debate Centro Cultural Mª da Graça, às 15h;
21/11 – Mesa Seminário FENAJUFE, ás 14h;
21/11 – Panfletagem Central do Brasil, às 17h.
Com informações da CSP-Conlutas.