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241014 casa tortura ilha floresBrasil - Comissão Nacional da Verdade - Cerca de 200 pessoas foram presas no local entre 1969 e 1971, segundo período em que a atual base de Fuzileiros Navais abrigou presos políticos na ditadura militar.


Dez ex-presos políticos e um ex-soldado do corpo de fuzileiros navais da Marinha reconheceram locais de prisão e tortura na Base Naval de Ilha das Flores, no município de São Gonçalo (RJ), durante diligência realizada pela Comissão Nacional da Verdade e pela Comissão da Verdade do Rio. Na base funcionou, entre 1969 e 1971, um presídio mantido pela Marinha.

Antes do uso do local como prisão pela ditadura militar, funcionou no mesmo edifício do antigo presídio, entre 1907 e 1966, a Hospedaria dos Imigrantes. O local também abrigou prisioneiros de guerra na I e II Guerra Mundiais.

Além das alas feminina e masculina da cadeia, os ex-presos reconheceram uma casa no local da ilha conhecido como Ponta dos Oitis como o principal local de tortura do complexo.

Homens e mulheres foram torturados na casa. Os ex-presos relataram o uso de pau-de-arara, choques, telefone e palmatória. As mulheres relataram também o uso de toalhas molhadas e o abuso e ameaça sexuais. "A gente era cercada nua, por homens ameaçando de abuso sexual o tempo todo", contou Iná Meireles.

Ziléa Reznik, primeira mulher presa na Ilha das Flores, em 1969, também reconheceu a sala em que foi torturada, na casa da Ponta dos Oitis. Segundo ela, as presas eram obrigadas a ficar nuas diante dos torturadores e as sevícias tinham cunho sexual.

Assista o vídeo em que ex-presas e ex-presos reconhecem a casa e indicam as torturas que ocorriam ali: http://bit.ly/casailhadasflores.

Também foi reconhecida pelos ex-presos a guarita em frente ao antigo presídio, que além de posto de sentinela era utilizada como local para punição e isolamento de presos. "Ficávamos agachados e o cheiro de fezes era terrível. Além da punição, os algozes queriam que fôssemos vistos ali por nossas companheiras, que de suas celas conseguiam nos ver", contou o ex-preso Umberto Trigueiros Lima.

O atual comando da base foi reconhecido como local de triagem, interrogatórios e tortura psicológica. E a atual sala de ginástica da base foi reconhecida como o local em que os presos recebiam visitas aos finais de semana.

A ex-presa política Martha Alvarez disse que, além das torturas físicas, os presos foram submetidos a torturas psicológicas. "Pediam que eu escrevesse numa folha de papel dez nomes de pessoas que eu achava importantes e eu repetia dez vezes o nome de meu avô. Então eles tocavam um mi, bem agudo, com uma corneta quase colada ao meu ouvido. Uma vez a cornetada foi tão alta que lembro de ter acordado já na minha cela", afirmou. Ela e outros presos relataram que a tortura era acompanhada por um oficial médico, o dr. Coutinho, que avaliava se a tortura poderia prosseguir ou não. Ela chorou ao lembrar que um de seus braços foi fraturado em três partes após a tortura com palmatória.

EX-MILITAR CONFIRMA 

O ex-soldado do corpo de fuzileiros navais Heleno Cruz, que trabalhou na Ilha das Flores de junho de 1970 a junho de 1971, e trabalhou no transporte e carceragem de presos.

Ele afirma que os praças e demais militares que serviam na Ilha das Flores eram apartados e não tinham acesso às ações de tortura, conduzidas por oficiais de inteligência da Marinha, que contavam também com servidores cedidos pela Polícia Federal e pelo DOPS do Rio. "A tropa não se envolvia com a tortura e os torturadores não ficavam aquartelados", contou.

Cruz, que chegou a atuar no transporte e carceragem dos presos, e mais dois amigos, correndo risco de prisão e de vida, procuravam ajudar os presos como podiam. O ex-militar contou que tentou sabotar as sessões de tortura, jogando no mar equipamentos como terminais elétricos usados para dar choques, palmatórias, marteletes e bastões de madeira. Foi ele que conduziu a CNV e a CEV-Rio até o local reconhecido pelos ex-presos políticos como local de tortura.

Também participaram da diligência, como testemunhas, os ex-presos políticos Luiz Carlos Souza, Jovanildo Savastano, Lincoln Penna, Tania Marins Roque e Victor Hugo Klagsbrunn. O trabalho foi acompanhado por peritos da CNV e seu resultado integrará o capítulo do relatório da Comissão sobre instalações de tortura.

Essa foi a última de uma série de visitas realizadas pela CNV desde novembro de 2013 em sete centros de tortura da ditadura que funcionaram em unidades das Forças Armadas ou em instalações usadas especialmente para esta finalidade. A CNV concentrar-se-á agora na elaboração do relatório final, que será entregue em 10 de dezembro.

Veja fotos e mais informações sobre a diligência no Facebook da CNV.

Comissão Nacional da Verdade

Assessoria de Comunicação.


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