Se no mercado de trabalho comum a presença do negro é menor que sua representação na sociedade, na caixa preta que é o Poder Judiciário a situação fica ainda pior.
Um censo do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) publicado recentemente apontou que 84,5% dos trabalhadores da Justiça são homens brancos (84,5%) e somente 15,4% são pretos (negros e pardos).
O levantamento do CNJ teve participação de 60% (170,7 mil) dos servidores do Judiciário e de 64% dos juízes (10,7 mil).
Essa informação mostra que a democracia burguesa é incapaz de resolver os problemas do negro, como o acesso ao trabalho assalariado, que marcaria a diferença do regime de escravidão para o atual.
A Caixa preta
A composição do Poder Judiciário é uma das mais racistas, e não por menos. É o poder mais incontrolável que existe no regime brasileiro. Nenhum de seus integrantes é eleito, como no Executivo e Judiciário.
Essa questão, que deveria ser outro problema a ser resolvido pela democracia burguesa, coloca em xeque todas as ações do Estado vindas desse poder. Por esta razão, ao contrário dos demais, tende a ser o mais corrupto.
É por isso que apresenta esse altíssimo grau de racismo em sua composição. É um poder controlado diretamente pela burguesia, ninguém julga os julgadores.
O negro, na verdade, é uma vítima do Poder Judiciário. É ele, o judiciário, que determina as remoções de comunidades inteiras, os interditos proibitórios, que leva milhares de negros para os campos de concentração que são as penitenciárias, que mantém a impunidade de policiais assassinos, etc.
O judiciário, para ser minimamente democrático, deveria ter eleição para todos os seus postos. Os tribunais superiores também deveriam ser extintos, pois dessas casas de é que costumam sair os maiores ataques à população, sem direito a recurso.