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racismoBrasil - Diário Liberdade - [Maurício Campos] Nessa história acintosa e deprimente de usar bananas como símbolo de uma suposta campanha anti-racista, em torno da frase absurda e ofensiva "somos todos macacos" [1], eu consigo compreender sem dificuldades a lógica e as razões das "personalidades globais" (brancas), da Loducca (agência de publicidade que arquitetou tudo a pedido de Neymar), de Luciano Huck e sua grife, etc. Afinal, trata-se de gente que nunca sofreu com racismo, nem liga para isso na verdade, mas estão sempre a postos para campanhas bobas onde posam de solidários, ao mesmo tempo que perscrutam novas possibilidades de lucros e auto-promoção.


Mas desde o início me intrigou que os jogadores mesmo, Neymar e Daniel Alves, tenham entrado nessa assim tão fácil. Afinal, eles são vítimas de racismo, ainda que um racismo mais simbólico e atenuado que os jovens negros da sua idade aguentam no Brasil: o dinheiro e a fama os salva das piores humilhações, dos espancamentos, da prisão, dos tiros. Eles não foram simplesmente "manipulados": Neymar procurou a Loducca ao ser ofendido por torcedores racistas, e Daniel teve a atitude que todos viram diante das câmeras. Talvez o gesto de comer a banana não tenha sido tão espontâneo assim, ele já sabia da campanha anteriormente articulada, e existe a hipótese de ter combinado a atitude com Neymar [2]. Mas sua infância e adolescência em Juazeiro foi bem mais sofrida que a de Neymar na Baixada Santista, e com certeza sabe bem o quanto se padece por racismo na Bahia, uma parte do Brasil onde a situação da maioria negra submetida à minoria branca faz lembrar que algo como uma revolução haitiana [3] ainda precisa acontecer no país.

Não penso que devemos nos satisfazer com a constatação de que os dois são jogadores profissionais de futebol de origem pobre, e portanto estudaram pouco, como explica Douglas Belchior no excelente artigo que escreveu pouco depois da campanha ser deflagrada [4]. Corremos o risco de alimentar outro preconceito, o que não reconhece capacidade crítica além daquela obtida da educação formal; ou mesmo de concebermos que o racismo, para ser combatido, tem que ser fundamentalmente compreendido, quando na verdade ele opera muito mais ao nível das emoções e do afeto, e por isso tem que ser antes de tudo sentido. Tenho certeza que Neymar, e muito mais Daniel Alves, tiveram experiências afetivas bem dolorosas com o racismo, dentro e fora do Brasil.

Procurei então entender-lhes as razões através de suas declarações, após o episódio no jogo do time que os contrata atualmente com o Villareal. Neymar tem desempenhado seu papel bem dentro do roteiro traçado, praticamente repete o que foi arquitetado pelos marqueteiros da Loducca. Mas Daniel deixou pistas preciosas em suas declarações. Logo após o jogo explicou assim sua atitude: "Tem que ser assim! Não vamos mudar. Há 11 anos convivo com a mesma coisa na Espanha. Temos que rir desses retardados" [5]. Mais tarde, para o site da CBF, declarou: "Fico feliz em poder contribuir nessa luta, estamos no século XXI e essas coisas não deveriam existir mais. Devemos combater com o nosso jeito brasileiro de ser, fazer com que os racistas se sintam envergonhados de certos tipos de atitudes" [6].

Essas duas declarações devem, penso, ser tomadas em conjunto. Na primeira, o que mais chama a atenção é o fatalismo, a idéia de que as coisas não vão mudar, então o melhor é rir da desgraça e seguir nesse mundo cão. Na segunda, essa conclusão parece ter dado lugar a uma disposição de "luta", mas na verdade foi apenas atenuada na forma de se propor um "jeito brasileiro" de combater o racismo. Esse jeito seria, presumo, a brincadeira, a chacota, o humor ao estilo "Zorra Total" ou "A Praça é Nossa". Não fica claro porque isso causaria vergonha aos racistas. Eu sei que senti vergonha (alheia, como se diz hoje em dia) ao ver personalidades negras (poucas, felizmente) e amigos se dizendo macacos e posando para fotos com bananas. Desconfio que um racista teve outro sentimento ao ver isso.

O jeito brasileiro de Daniel Alves talvez remeta ao famoso, embora cada vez mais execrado, "jeitinho brasileiro"; mistura de improvisação e contravenção, que seria uma habilidade específica nossa para enfrentar problemas e dificuldades. Mas penso que não, creio que devemos procurar as origens da sugestão do jogador baiano numa concepção soft da luta e do conflito, segundo a qual o "brasileiro" teria uma tendência cultural para uma forma hipermediada, pacífica, "não rancorosa", e até mesmo "alegre" de resolver suas contradições e promover seus movimentos, evitando assim a violência e o "radicalismo", que seriam comuns nas lutas sociais de outros povos.

Essa concepção tem uma genealogia extensa, a qual nem me atrevo a investigar aqui. Mas é preciso afirmar, antes de qualquer coisa, que trata-se de puro mito, sem qualquer base na história da sociedade brasileira, desde que ela começou a ser construída, sobre os fundamentos do genocídio indígena e da escravidão africana. Evidentemente, nem da parte dos dominadores e opressores (colonizadores, latifundiários, barões do café ou da indústria, alto clero e alto oficialato militar e policial, oligarquias políticas, etc), nem da parte dos dominados, a regra no trato dos conflitos foi a concessão, a paciência e a conciliação. Não vou aqui nem tentar esboçar o repertório de ditaduras, rebeliões, revoluções, quilombagens, massacres e guerras civis que desenharam nossa história; só não sabe disso hoje quem não quer. Daniel Alves, jovem em Juazeiro, trabalhou como figurante em "Guerra de Canudos" de Sérgio Rezende; pelo menos desse modo deve ter tomado conhecimento desse aspecto da formação do Brasil.

Certo, é um mito, mas não deixa de ser poderoso e eficaz. Tem sido contado de diferentes maneiras por igrejas, governos, academias, clubes, partidos. Não me consta que tenha aplacado a fúria sanguinária dos dominantes quando se deparam com levantes e insurreições populares. Mas tem sido eficiente no sentido de promover uma tendência à conciliação e ao acordo (eu diria, quase à rendição) no seio dos movimentos dos oprimidos e explorados. Desde que a guerrilha que resistiu ao regime de 1964 deu seus últimos tiros antes de ser esmagada, o que temos assistido no Brasil é uma sucessão constrangedora de conciliações, postergações, renegações, para não dizer falar a palavra "rancorosa", traições. Desde a "transição negociada" e a Anistia que perdoou torturadores, passando pela inércia diante da derrota das Diretas Já!, chegando ao abandono completo da reforma agrária e outras demandas de mudanças estruturais, e ao mergulho da militância mais tradicional na burocracia e na institucionalidade domesticada.

Mas quero falar mais detidamente desse mito no que ele tem trazido para o movimento anti-racista. Nesse campo fundamental das lutas sociais no Brasil, o mito do "jeito brasileiro" de lutar está relacionado a outros mitos, segundo os quais a segregação racial, o racismo e o preconceito de conteúdo étnico seriam bem mais suaves ou mesmo inexistentes no Brasil. Esses mitos, entre os quais o já bastante dissecado da "democracia racial", tem sido felizmente objeto de críticas social e acadêmica bastante competentes nos últimos quarenta anos, aproximadamente, tendo sido o movimento negro organizado pioneiro e protagonista disso tudo.

Essa crítica demonstrou que a "miscigenação", o "sincretismo religioso", as "sínteses culturais" e outros processos que seriam demonstrações de ausência ou fraqueza do racismo no Brasil, significavam apenas que, por aqui, a estratégia dominante de dominação sobre os negros (e também sobre os indígenas) era o que se pode chamar de "branqueamento", e não as diversas modalidades de apartheid, como a que que predominou até bem recentemente nos Estados Unidos, por exemplo. Branqueamento (dissolução genética e/ou cultural dos negros numa matriz dominante euro-descendente) e apartheid (segregação radical para submetimento político, econômico e cultural dos negros) são estratégias distintas mas nem sempre excludentes, e existem em graus variados de combinação em todas as sociedades com forte presença da diáspora africana, às vezes de maneira surpreendente [7].

Supremacia racial e racismo da forma como se exerce predominante no Brasil são mais velados e sutis, e os mitos sobre sua inexistência parecem ter algum fundamento. Afinal, trocas genéticas e culturais, se forem mutuamente consentidas, e não impostas por um lado dominante, podem existir e ser uma forma de construir uma síntese genuína onde o resultado é algo diferente das "raças" ou culturas envolvidas. Mas, no caso do Brasil, a dominação revela-se quando prestamos atenção tanto nos objetivos declarados (o branqueamento sempre foi assumido como uma forma de "melhorar" a população do país fazendo os negros mudarem sua aparência e sua cultura na direção dos padrões brancos/ocidentais dominantes) como nos resultados: a concentração de poder tem se mantido na parcela branca (ou "embranquecida"), e a concentração de índices econômicos e sociais desfavoráveis tem predominado sempre entre a população negra (e indígena). As estatísticas têm sido grandes aliadas de quem busca desmascarar o racismo brasileiro. Só que os números têm se tornado cada vez mais sinistros, quando focamos os dados da "segurança pública": a prova definitiva e sombria da dominação racial no Brasil são os corpos negros que se amontoam nas chacinas e nas prisões.

Negar o racismo no Brasil está cada vez mais difícil, mesmo assim a crença de que ele pode ser combatido/superado de uma forma fraca, amena, pacífica e "bem humorada", continua forte e prosperando. As atitudes e palavras de Daniel Alves são apenas mais um exemplo, nem de longe isolado. Por quê?

Em parte porque, ao que parece, a visão de que o racismo brasileiro é atenuado e pouco prejudicial continua forte, mesmo nas classes mais pobres onde os negros são maioria. Considera-se em geral que a formulação clássica desse mito deve-se a Gilberto Freyre em meados dos anos 30 do século passado, mas parece-me que essa versão mais acadêmica serviu mais para auto-justificativas da elite branca, e para redução do desconforto dos negros e mestiços que se aproximaram dessa elite. As força do mito junto às classes trabalhadoras e populares deve ser buscada em outras fontes.

Uma delas é a própria cultura da esquerda e dos movimentos dos trabalhadores que predominou até bem pouco tempo. Retrocedendo à mesma época em que Casa-Grande & Senzala foi escrita e publicada, é instrutivo considerarmos as teses El Problema de las razas en la América Latina, apresentada e discutida na Primeira Conferência Comunista Latino-americana, realizada em junho de 1929 em Buenos Aires [8]. Os trechos a seguir das teses, relativas ao Brasil, são transcrições das palavras do delegado brasileiro ao encontro:

"O preconceito contra o negro assume reduzidas proporções. No seio do proletariado, este não existe. Na burguesia, em certas camadas da pequena burguesia, este mal se percebe [...] Tal atitude não provém, entretanto, de um verdadeiro ódio de raças, como nos Estados Unidos, senão do fato de que, no estrangeiro, muitas vezes se referem ao país chamando-o, com uma evidente intenção pejorativa, 'país de negros'. Isto excita a vaidade patriótica do pequeno burguês, que protesta, esforçando-se em demonstrar o contrário. Mas é comum ver esse mesmo pequeno burguês, em festas nacionais, exaltando o valor de seus antepassados africanos.

Deve-se anotar, também, que há inúmeros negros e mulatos ocupando cargos de relevo no seio da burguesia nacional.

Se deduz disso que não se pode falar em rigor, no Brasil, de preconceitos de raças. Claro que o Partido deve combatê-los em qualquer circunstância sempre que apareça. Mas não é necessária uma ação permanente e sistemática porque muito raramente se manifesta.

A situação dos negros, no Brasil não é tal que exija que nosso Partido organize campanhas reivindicativas para os negros, com palavras de ordem especiais".

Essas palavras lamentáveis traduziam a compreensão dos comunistas brasileiros sobre a questão racial no país a essa altura. As teses generalizam as conclusões para toda a América Latina:

"O negro, na América Latina, não sofre o mesmo desprezo que nos Estados Unidos [...] No Brasil, o preconceito contra o negro quase não existe, devido a que sua porcentagem de mulatos chega perto de 40 por cento.

Da constatação de seu papel econômico e de suas condições sociais, se compreende que na América Latina, em geral, o problema negro não assume um acentuado aspecto racial [...]

Em todos os países os negros tem que lutar por suas reivindicações de caráter proletário mais fortemente que contra os preconceitos e os abusos de que são vítimas como negros."

Toda essa incompreensão do racismo contra os negros era ainda mais impressionante porque, nas mesmas teses, a questão indígena era tratada com profundidade e consequência, se reconhecia o racismo contra os indígenas na América e se propunha reivindicações bastante concretas que levavam em conta também sua realidade étnico-cultural, e não somente econômica e social. Na verdade, ao contrário da realidade indígena, as teses mostram um conhecimento extremamente pobre da história e vida dos negros latino-americanos:

"Enquanto a maioria dos índios está ligada à agricultura, os negros em geral se encontram trabalhando preferentemente nas indústrias [...]

O negro, importado pelos colonizadores, não tem enraizamento na terra como o índio, quase não possui tradições próprias, lhe falta idioma próprio [...]."

Essas poucas frases são tudo o que as teses têm a dizer sobre os afrodescendentes, nada sobre quilombos, palenques, marronage, nada sobre as profundas tradições culturais e religiosas mantidas mesmo nas piores condições de opressão, nada sobre as experiências de literatura e nacionalismo negro que já se desenvolviam no Caribe, etc.

No Brasil, tal ignorância e equívoco da tradição comunista sobre a questão negra e o racismo duraria muitas décadas. Milhares de afrodescendentes atraídos para a luta sindical, camponesa e política, seriam durante anos ensinados a pensar que "não se pode falar em rigor, no Brasil, de preconceitos de raças", e que a luta por seus interesses classistas era suficiente para sua "emancipação". Imagine-se o estrago que isso causou nas possibilidades de desenvolvimento da luta anti-racista, precisamente dentro das camadas populares, onde ela podia e precisava se fortalecer [9]. Com o tempo a própria cultura da esquerda no Brasil foi obrigada a mudar, mas pagamos por esse atraso até hoje, e muitos ainda veem a questão racial como secundária. Então, se você pertence a uma corrente organizada de esquerda e criticou a atitude de Daniel Alves, pense um pouco na sua própria tradição.

Assim, aos mitos das igrejas e da abolição "concedida", seguiram-se as modernas teses da ciência oficial e da própria esquerda "contra-hegemônica" para manter essa dissimulação do racismo, e consequentemente o enfraquecimento da luta contra ele. Isso deve ter gerado na população negra, vítima do racismo que todavia existia, inclusive "no seio do proletariado", um persistente sentimento de desamparo e de incapacidade de escapar de tal realidade. Talvez aí se encontrem algumas das raízes do fatalismo evidenciado nas palavras de Daniel.

Nessas condições, refugiar-se na "diversão" e na magia de suas tradições artísticas e religiosas podia ser o que restava para boa parte da população afrodescendente, e era uma forma de resistência possível ao racismo. Esse poderia ser o aspecto positivo e recuperável do "jeito brasileiro" aludido por Daniel Alves.

Pois propor um movimento anti-racista mais combativo, consequente e radical, não quer dizer em absoluto propugnar um movimento sisudo ou "mal humorado". Em 2007, viajei à Alemanha e conheci a FIB (Flüchtlingsinitiative Brandenburg, Iniciativa dos Refugiados em Brandenburg) e outros grupos de refugiados africanos, e algo que me chamou a atenção foi que, apesar de sua seriedade e das histórias trágicas de perseguição, confinamento e ameaças constantes de expulsão, eles sempre se manifestavam dançando e cantando nos protestos de rua. Nos acampamentos dos protestos contra o G8 em Rostock (norte da Alemanha), os africanos eram os mais incansáveis, quem queria escutar música e dançar ficava sempre em volta de suas barracas [10]. Na África do Sul, os protestos de massas e passeatas, tanto antes como depois do apartheid, são sempre uma espécie de dança cadenciada com cânticos. Na África ao sul do Saara, bem sabemos, quase tudo se faz dançando e cantando. É o tipo de herança que temos e da qual não precisamos nem devemos abrir mão.

No protesto pela morte de DG do Pavão-Pavãozinho na praia de Copacabana no dia 27/04, sua mãe, a admiravelmente combativa Maria de Fátima, estava à frente da marcha como percussionista, e todo o protesto foi ao som de funk e samba. Não foi menos combativo e não significou uma desafio menor ao Estado que assassina negros e negras por causa disso. As tradições combatentes dos antepassados e dos irmãos africanos de hoje podem estar voltando às nossas lutas mais cedo do que esperávamos.

Maio de 2014.

Notas:

[1] As críticas à campanha #somostodosmacacos acompanhadas por fotos das pessoas participantes com bananas surgiram logo depois de seu início, as mais fundamentadas partiram de pessoas e ativistas do movimento negro. Confiram, por exemplo, o artigo de Douglas Belchior, publicado no seu blog: http://negrobelchior.cartacapital.com.br/2014/04/28/contra-o-racismo-nada-de-bananas-por-favor/ (acessado em 01/05/2014), ou o de Ana Maria Gonçalves, "A banalização do racismo" (http://www.geledes.org.br/racismo-preconceito/racismo-no-brasil/24458-a-bananizacao-do-racismo-por-ana-maria-goncalves, acessado em 04/05/2014). A própria ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, contradizendo a opinião da presidenta Dilma Roussef, opinou, ainda que timidamente, que tal campanha poderia reforçar os estereótipos racistas (http://g1.globo.com/brasil/noticia/2014/04/para-ministra-frase-de-neymar-contra-racismo-pode-reforcar-estereotipo.html, acesso em 04/05/2014). Não vou insistir aqui nos argumentos já expostos nessas e outras manifestações, o objetivo desse meu artigo é, partindo do que poderia ter sido as motivações dos jogadores de futebol envolvidos, abordar uma questão subjacente mais profunda. Inclusive porque, incomodado, Daniel Alves acabou fazendo uma autocrítica parcial da campanha (http://gshow.globo.com/programas/altas-horas/O-Programa/noticia/2014/05/lateral-daniel-alves-revela-nao-gosto-muito-do-somostodosmacacos.html, acesso em 04/05/2014). Agradeço a Raquel Barreto as valiosas sugestões sobre uma versão preliminar deste texto.

[2] Vejam aqui: http://veja.abril.com.br/noticia/economia/neymar-ia-comer-a-banana-se-foi-o-daniel-alves-maravilha-tambem-diz-publicitario (acessado em 01/05/2014).

[3] Estou falando aqui da revolução que acabou com a escravidão, expulsou os brancos e conquistou a independência do Haiti no final do século XVIII e início do século XIX.

[4] Ver nota 1.

[5] Aqui, por exemplo: http://globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/brasil-mundial-fc/post/beijinho-no-ombro-para-o-racismo.html (acessado em 01/05/2014).

[6] Aqui: http://www.cbf.com.br/Not%C3%ADcias/2014/04/28/Daniel%20Alves%20defende%20jeito%20brasileiro%20para%20combater%20racismo (acessado em 01/05/2014).

[7] Numa longa conversa informal há pouco tempo, uma companheira historiadora me explicou que a elite branca do sul dos EUA tendia a ser como a do Brasil ou de Cuba, ou seja, havia uma proximidade física entre escravos e proprietários, e ela não teria adotado o tipo de segregação que depois se tornaria o sistema Jim Crow, se não fosse a proximidade do Norte inteiramente branco onde seus filhos e filhas eram educados. Ou seja, o sistema de apartheid que existia nos EUA está relacionado com a totalidade da sociedade norte-americana, não só com o sul escravista. Por isso, a pesar da segregação racial existir legalmente somente no Sul, a situação dos afro-americanos era em todo o território dos EUA de subalternidade social e racial, pois tinham uma cidadania de segunda classe. Isso ajuda a entender porque uma experiência tão radical e revolucionária como os Panteras Negras tenha surgido na Califórnia, e não no Sul.

[8] Todas as citações são da versão que consta de Mariátegui: Textos Básicos (Fondo de Cultura Económica, Lima-México-Madrid, 1991), p. 210-257. As teses foram escritas por Mariátegui e principalmente pelo médico Hugo Pesce, outro histórico comunista peruano que seria mentor e amigo de Che Guevara décadas depois. As partes mais constrangedoras são de autoria de Pesce, mas a seu favor deve-se notar que na parte sobre o Brasil ela cita literalmente "el compañero delegado del Brasil", que não consegui descobrir quem foi.

[9] Não só a luta anti-racista sofreu com isso: a própria luta anti-capitalista/socialista empobreceu-se e não pôde contar com o potencial revolucionário que as tradições de luta e resistência dos negros continha. Há cerca de 20 anos atrás, refletindo mais sobre a alienação dos movimentos socialistas em relação às manifestações espontâneas de resistência cultural, eu apontava o paradoxo da situação: "Grande parte da militância socialista, em especial a do PCB, sem dúvida conhecia e participava da cultura espontânea das massas: acompanhava e praticava seus esportes (futebol, etc), sua música (samba, ritmos do Nordeste, etc), seus festejos, o carnaval, etc. Muitos, inclusive, compartilhavam, "clandestinamente", as manifestações religiosas populares (candomblés, terreiros de umbanda, tradições católicas do interior, etc). Porém, não viam nessa atividade cultural um espaço para praticarem a política socialista. O "marxismo" vulgarizado, deformado e dogmático que lhes era transmitido só podia lhes parecer, e efetivamente era, imprestável na hora de compartilharem com as massas sua realidade cultural. E essa realidade por sua vez lhes parecia, embora não fosse, imprestável para a luta socialista."(texto sem título, mimeo, 1994)

[10] Os relatos de minha viagem à Alemanha em 2007 estão nos links a seguir:

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/128.html;

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/129.html;

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/131.html;

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/132.html;

http://www.redecontraviolencia.org/Noticias/139.html.


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