Integralistas brasileiros resolveram tirar suas sigmas do fundo do baú para participar de manifestação contra os direitos democráticos das mulheres.
Há alguns anos vimos discutindo o fato de que a campanha contra o direito ao aborto é a ponta de lança de um movimento direitista muito mais amplo, repressor, contra os direitos democráticos de toda população. Agora não resta dúvida.
Depois de uma intensa campanha moralista, levantando hipocritamente a "defesa da vida" como bandeira, acusando de assassinos e criminosos, promovedores do ódio e da morte os defensores dos direitos das mulheres que apoiam o direito ao aborto, a extrema-direita tirou sua bandeira e uniforme do armário e resolveu mostrar sua cara.
A chamada "Marcha pela Vida" em Fortaleza, realizada no dia 11 de novembro de 2012 foi o marco. Depois de muitos e muitos anos a bandeira com o Sigma, símbolo do movimento nazi-fascista brasileiro, foi vista novamente nas ruas.
O integralismo surgiu no Brasil nos anos 30, como reação à luta revolucionária da década anterior. Junto com a crise econômica, esse foi um período de intensa movimentação revolucionária, na política, nas artes, inclusive das mulheres. Apenas para citar alguns acontecimentos em 22 é fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e é realizada a Semana de Arte Moderna. Nesse período surgem organizações específicas de mulheres ao ponto de o sufrágio feminino ser conquistado justamente em 1932, 80 anos atrás.
O integralismo foi uma resposta de um setor da burguesia ao crescimento da organização e avanço da revolução proletária no Brasil. É uma organização ideológica da burguesia para a pequena-burguesia conservadora, moralista, com discurso nacionalista, contra a corrupção e baseado num cristianismo conservador. Mas é, acima de tudo, a tentativa de organizar setores de classe média em tropa de assalto, em grupo de ataque para serem usados contra a população trabalhadora, a juventude etc.
É um fenômeno típico da época em que estamos vivendo. De crise da direita, e de crise do regime político. Uma medida desesperada.
Assim como ocorreu na década de 30 essa extrema-direita precisa ser derrotada pela ação direta e luta dos setores progressistas da sociedade.
Em 1933 a Frente Única Antifascista derrotou a milícia integralista num episódio que ficou conhecido como "a revoada dos galinhas verdes".
Nesse sentido, é preciso delimitar todos os espaços com esses setores, denunciar a esquerda que se alinha com essa política (agora inegavelmente de direita) e organizar uma ação efetiva em defesa dos direitos das mulheres e de toda população contra a reação.