O Mapa da Violência 2012 foi divulgado esta semana e trás uma série de números e dados que revelam o genocídio do povo negro. Para se ter uma ideia quase 35 mil jovens negros foram executados no Brasil entre 2002 e 2010.
O estudo foi elaborado com base no levantamento das certidões de óbito e constatou que, em 22 dos 26 estados e também no Distrito Federal, o número de assassinatos de negros supera o de brancos.
O autor do estudo, Julio Jacobo, não esperava uma diferença tão grande entre as mortes de negros e brancos. “Me surpreende a tendência crescente. Sei que há esforços de política pública, da sociedade civil e eu esperava que isso contribuísse a diminuir essa diferença de mortalidade violenta. Mas está aumentando, está aumentando muito”, disse.
A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), através de Luiza Bairros, afirmou que “é um estudo bastante aprofundado, com informações por estado, por municípios. Acho que todos os dirigentes e gestores públicos terão uma ferramenta importantíssima para orientar a sua ação”.
A socióloga Ivone Costa, por sua vez, afirma que “não há como encaminhar e resolver qualquer problema, se não fizer isso de forma participativa, através de um conjunto de diálogos entre todos os entes, entre todas as organizações e movimentos sociais, estado, sociedade e polícia”.
A verdade é que as políticas de segurança pública, inclusive a federal defendida pela SEPPIR, não tem o objetivo de reduzir o número de negros assassinados, muito pelo contrário.
Vê-se que os estados estão todos investindo na repressão, pura e simplesmente. No aumento do policiamento das comunidades, na autorização para uso de armas de choque e gás lacrimogêneo em pessoas dependentes do crack, etc.
Além disso, existe, especialmente em São Paulo e Rio de Janeiro, programas específicos para a repressão das comunidades. São as ocupações militares das favelas e cidades tidas como dominadas “pelo tráfico”.
No Rio foram as Unidades de Polícia Pacificadora que, repetindo o que foi feito durante a ditadura, instituiu regimes de terror e medo nas comunidades ocupadas.
Em São Paulo a chamada “onda de mortes” deste mês na realidade tem levado à morte de jovens negros e moradores de periferia, através dos grupos de extermínio, uma espécie de atuação paralela da Secretaria de Segurança Pública.
Nos demais estados também não existem políticas para o jovem negro, absolutamente nenhuma. Nem educação, nem acesso à saúde, trabalho ou habitação. Ou seja, estão abandonados à própria sorte.