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260714 podemosGaliza - Primeira Linha - [Miguel Cuba] Sejamos sinceros, a mim cai-me bem Pablo Iglesias. Nom vai ser este um artigo em que a figura política do professor da Universidade Complutense de Madrid se critique ao ponto de a tornar inútil para as tarefas da esquerda real e transformadora do nosso país.


Nom é este o nosso estilo, pois consideramos que a irrupçom mediática de Podemos e do seu dirigente-tertuliano nos deixa evidentes liçons das que devemos apreender.

Somos verdadeiros admiradores do carisma como ferramenta para a transformaçom política e por isso talvez sejamos algo indulgentes com o excesso de personalismo que às vezes implica. Seria absurdo criticar grandes condutores políticos da luita de classes contemporánea como Fidel Castro, Hugo Chávez ou o mesmo Lenine pola sua forte personalidade associada ao carisma. E igual que criticamos Beiras nom pola própria utilizaçom que fai das suas virtudes comunicativas e simbólicas, e sim polo projeto político em que se contextualizam estas, assim vamos tentar fazer com Pablo Iglesias e com o projeto político nucleado em torno dele.

E, como último aviso introdutório, nom vamos neste pequeno artigo fundamentar a nossa oposiçom a Podemos na capacidade e focagem analítica do grupo da madrilena Faculdade de Ciências Políticas de Somosaguas; antes consideramos necessário para a militáncia revolucionária apreender lá onde for possível. É impossível desligar o sucesso de Podemos da formaçom académica e academicista de Iglesias, Errejón e Monedero, a modo dum verdadeiro think tank que aplica processos de engenharia social sobre todos nós e, embora nom podamos nem desejemos entrar no mesmo jogo da élite universitária, devemos assumir todo o que necessitarmos e considerarmos importante. A terrível, por certa e necessária sentença de que o burguês nos venderá a soga com que o enforcaremos toma aqui sentido simbólico a respeito do inteletual possibilista. E sobre isto temos a máxima expressom na utilizaçom dos meios de comunicaçom como forma de difusom massiva de ideologia (no sentido marxista original do termo como “falsa consciência necessária”) fundamental para o exercio de hegemonia, neste caso simplesmente eleitoral.

Assim, os meios de comunicaçom de massas pertencentes aos diferentes oligopólios espanhóis dérom a Pablo Iglesias Turrión um espaço mediático sem o qual lhe seria impossível construir a referencialidade necessária para levar a bom porto o projeto de Podemos. Isto é umha verdade inegável que, como muito, pode ser matizada em torno da habilidade do discurso e das formas retóricas de Podemos para romper a apatia e oferecer umha imagem formal de rebeldia e insubmissom que, evidentemente, cativou o eleitorado. É necessário percorrer este caminho já trilhado e golpear com imaginaçom, originalidade e transgressom nos pequenos espaços que o aparelho mediatico pode reservar àqueles que peretendem destrui-lo.

Essa formulaçom pode soar absurda num espaço político da esquerda independentista que se acha expulso de qualquer meio de expressom de caráter mediático. Porém, se assumirmos o ascenso de forças pró-espanholas como um problema para a sobrevivência do projeto nacional galego, devemos identificar suficientes expressons jornalísticas de caráter nacional com potencia formal suficiente para aplicar estratégias semelhantes. Sendo mais claros, o conjunto da esquerda nacional conta com força para aplicar estratégias comunicativas à altura do think thank de Somosaguas se abandonar o acomoditício e aborrecido estilo institucional.

Que é Podemos?

Nos dias de hoje, a formaçom política que, como logótipo, registou a cara do seu próprio lider é ante todo um fenómeno mediatico. A gente posiciona-se, apaixona-se e posiciona-se em torno desta formaçom política com um nome a meio caminho entre umha palavra de ordem futebolística e umha legenda de marketing eleitoral gringo. Isto objetivamente é um sucesso que determina a intervençom do resto de agentes políticos, influindo diretamente na mentalidade e posiçom de grande parte da militáncia da esquerda real. Podemos é hoje mais um fenómeno político de caráter processual que um sujeito político objetivizado dentro de um sistema hegemónico ou contra-hegemónico.

Mas o presente nom nos pode fazer esquecer a história como contexto geral que determina o futuro. Um pequeno exercício memorístico que se calhar nom tem porque ir além deste ano político, leva-nos a um momento no outono de 2013 em que todos os faladoiros políticos da capital espanhola ferviam ante a manobra de Izquierda Anticapitalista de criar umha nova marca eleitoral sob o comando dum Iglesias Turrión e amigos em ascenso mediatico. Um rumor madrileno transladado ao conjunto de territorios submetidos por Espanha devido às virtudes da internet, que deixavam um claro aroma a conspiraçons de café e cigarro de portas para dentro, num ambiente mui parecido com a velha e triste política de casta. Porque nom podemos esquecer o dinheiro malgasto pola sucursal espanhola do Secretariado Unificado da IV Internacional nós últimos para erguer um espaço político e mediático no panorama espanhol. Igual que nom podemos esquecer o passado político do catedrático da trama, Juan Carlos Monedero, como assessor de um Gaspar Llamazares, na tentativa deste último de converter Izquierda Unida ainda mais num apêndice do PSOE neoliberal.

Sabemos isto e pouco mais, porque o certo é que este perfil de conspiraçom clandestina impregna grande parte do modelo organizativo de Podemos. Nom lhe conhecemos estatutos nem modelo organizativo definido e o que sabemos deste e das dinámicas internas deve-se à rumorologia de internet e às diferentes declaraçons de distintos gurus que se associam ao sucesso eleitoral de Podemos.

Contodo, isto torna-nos, no mínimo, sabedores da intençom que tenhem de criar umha organizaçom sem filaçom nem rendiçom de contas que tivo como primeiro episódio crítico a eleiçom sem alternativa viável dumha gestora sob eleiçom digital de Iglesias Turrión. A impressionante constituiçom de assembleias territoriais ou temáticas sob o nome de Circulos nom nos pode enganar, pois o modelo organizativo reside na telemática, a participaçom aberta e a desapariçom do conceito de militáncia. Esta modernidade política que parece umha utopia democrática nom deixa de ser umha nova forma de caudilhismo ilustrado, que pretende acumular a máxima pluralidade sem debates nem problemáticas associadas. Afirmamos isto porque a combinaçom entre o enorme capital cultural e mediático acumulado polo clam da Complutense (assim como o seu acesso preferencial aos meios de difusom) junto com inexistência de mecanismos de rendiçom de contas diante do esforço da militáncia impossibilitam qualquer tipo de decisom coletiva. Nem Lacan, nem Monedero nem Raimundo Viejo; o modelo organizativo de Podemos foi inventado por Juan Domingos Perón há quase setenta anos e à esquerda pouco mais legou que umha simpática trilha sonora.

Pluralidade ideológica? Flexibilidade programática? Ou oportunismo?

No Peronismo conviviam corporativistas e marxistas, grandes proprietarios com proletariado industrial, organizaçons armadas com caraterizaçons de bonapartismo e fascismo. Todo unido exclusivamente pola magnificência de Perón e a ausencia de qualquer tecido organizativo de caráter democrático. Salvando as distáncias, Podemos tem refletido contradiçons semelhantes entre as suas diferentes expressons organizativas em temas chaves como o feminismo, a questom nacional ou a caraterizaçom da exploraçom social vigente. Independentemente da formulaçom de tais divisons internas, esta claro que as temáticas som as que no campo político geral (e na esquerda em particular) deslindam espaços e constituem material teórico e ideológico para a criaçom de formulaçon orgánicas diferenciadas. A existência de tal heterogenidade em Podemos é permitida pola inexistência dum mecanismo democrático de debate, devido à submissom ao lider, mas também pola prática ausência dum programa político de tal nome.

É conhecida a admiraçom por parte de Iglesias Turrion em relaçom a Julio Anguita e à sua sentença em relaçom à possiblidade de pactos políticos de “programa, programa e programa”. Nós somos defensores da necessidade das articulaçons programáticas para o exercício da política (quer para a elaboraçom de pactos e alianças, quer para outra circustáncia qualquer) e por isso mesmo somos conhecedores da importáncia da análise destes, além da simples retórica eleitoral. Parece que a dirigência de Podemos nom é da mesma opiniom, pois a sua proposta de programa é insuficiente como programa político e impossível de levar a cabo a partir do Parlamento europeu. Esta ambivalência converte tal instrumento político num exercício de marketing com que vender o maior número de packs sem transformar a consciência de nengum dos compradores, pois para isso parece que já bastam as tertúlias.

Fora desta caraterizaçom do programa como umha ferramenta auxiliar às figuras mediaticas, existe umha clara insufiência e contradiçom entre as suas medidas relativas à Europa, que, lembremos, é a unica instáncia à qual concocorreu por agora a eletoralista Podemos. Estamo-nos a referir à relativa ambigüidade a respeito do Euro, assim como à proposta de realizar umha auditoria sobre a dívida em vez de a declarar ilegítima na sua totalidade. Há que ter presente que, independentemente da pergunta de quem realizaria tal auditoria, é impossível qualquer exercicio soberano no que di respeito à dívida externa, quando a soberania monetária se encontra seqüestrada polos mesmos credores.

Um novo projeto nacional?

Quando Podemos fala da pátria ou da soberania como respeito à divida, fai-no dumhas coordenadas distintas às que estamos habituados a escuitar por parte da esquerda. Para nós, a esquerda nacional galega, a pátria tem um significado inequívoco, que se refere ao sujeito sociopolítico e cultural, num espaço territorial, onde pretendemos erguer a República da Galiza. A Pátria (Galega) é um projeto político, de carácter nacional, que historicamente estivo nas maos das camadas populares e que hoje representa a nossa alternativa para transformar a realidade numha chave socialista e feminista. Que este projeto seja galego representa umha ruptura com a opressom nacional e umha ampla margem de liberdade para mudar todo, ao cortar amarras com a pressom simbólica (e nom só) que o chauvinismo nacional espanhol representa.

Porque “pátria” referido a Espanha é a denominaçom dum projeto nacional expansionista que foi encolhendo com o passar dos séculos, mas que aumentou compensatoriamente a pressom sobre os restantes. Espanha é um projeto político, mas também material (nas suas formas económicas e militares) dumha burguesia subsidiária a nível internacional que nos tem que oprimir para poder sobreviver como tal. Podemos quer utilizar o termo Espanha como se estivesse vazio de significado e de conotaçons materiais, como alavanca simbólica de mobilizaçom; pretende recuperar para a esquerda espanhola o termo pátria. Mas o problema é que, por muito que mudem formalmente a conceçom tradicional de Espanha por umha fundamentada na vontade, a realidade presente é a que é.

Espanha existe e pressiona a consciência dos seus súbditos como um narcótico imobilizador em forma de seleçom de futebol ou orgulho monárquico. As identidades nacionais definem-se por oposiçom e a espanhola define-se por oposiçom à galega (ou à basca, ou à catalá), antes que por oposiçom à alemá ou à francesa. Os aderentes a Podemos na Galiza entendem-no muito melhor que os seus inteletuais e tenhem bem claro que o seu inimigo simbólico é o galego.

Conclusom

Podemos é um produto de marketing político e engenharia social que pretende ser umha alternativa amável de um setor concreto da oligarquia espanhola que neste momento se encontrada afastada dos centros de decisom pola hegemonia do bipartidarismo monárquico. As suas formas de intervençom política estám contextualizadas neste ámbito, mas, apesar disto, suponhem umha escola de aprendizagem que a militáncia revolucionária deve estudar, embora só seja por curiosidade política

Ora bem, isto nom nos pode baralhar e devemos ter sempre presente que Podemos é umha alternativa regeneracionista e orgulhosamente espanhola, que inclusive deixa de ser frentepopulista para ficar em populista. A feroz crítica que hoje em dia sofre está mais relacionada com a necessidade de assegurar umha transiçom pacifica perante a “pasokizaçom” do PSOE, do que com um temor real. Podemos ameaça o bipartidarismo, mas nunca Espanha nem o seu projeto capitalista.


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