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110514 patrGaliza - Primeira Linha - [Abraám Alonso Pinheiro] As recentes alianças que forças (auto)denominadas soberanistas e independentistas tenhem acometido com outras de ámbito estatal podem ser avaliadas de múltiplas perspetivas.


 

Nós qualificamo-las de abandono de um princípio irrenunciável, mas quem as defende, como mudança rumo a uns fins comuns a toda a esquerda. Para nós, é a renúncia a um potente catalisador para o desenvolvimento da luita de classes na Galiza e, portanto, também em escala internacional. Aprofundemos um chisco.


Umha autocrítica (des)necessária

Um partido comunista, que em consonáncia com o marxismo defende que a contradiçom principal no seio da sociedade na qual atua é a existente entre capital e trabalho, burguesia e proletariado, povo trabalhador e oligarquia… vê-se na obrigaçom de relacionar todas as opressons existentes com a necessidade de combater quem detém o maior grau de responsabilidade das mesmas.

O feminismo demonstrou, e há amplo consenso ao respeito, que o patriarcado precede à divisom da sociedade em classes. Acha-se na raiz da mesma, no inicío da divisom motivada pola apariçom de excedente provocado na agricultura que dava lugar à economia. Por motivos económicos também, o sexo feminino foi empregado como moeda de troco, garante da reproduçom do grupo, nas guerras por território e excedente. Mas hoje, burguesia e capitalismo som os principais interessados na manutençom da realidade que as mulheres padecem, sendo um dever, das comunistas principalmente, levar o grosso da sua luita contra quem mais promove a perpetuaçom do patriarcado.

Idem com a opressom nacional. A dominaçom de um povo por outro é, em essência, a procura de um lucro económico. É verdade que aparecem outros benefícios aos opressores e outros prejuízos à parte oprimida, que trascendem o económico. Assim, o benefício psicológico do povo “superior”, e também o da sua própria classe oprimida sobre o povo oprimido, vem ser um deles. Somando à problemática da questom nacional que as primeiras naçons dotadas dumha organizaçom política que as aproxime dos estados-naçom atuais forom promovidas pola burguesia, e que o marxismo clássico nom tinha aprofundado suficientemente na questom, o nacionalismo, como também o feminismo, fôrom tomados por questons secundárias para o objetivo comum ao proletariado.

Sinergia entre opressons, transversalidade, relaçom dialética entre opressons e luitas, som fatores de umha importáncia vital e cuja experiência acumulada, sintetizada e estudada, permite avaliá-las na atualidade com a atençom que requerem. Atuar entre contradiçons pode provocar a sensaçom de deixar num segundo lugar questons que estám ao mesmo nível e se retroalimentam. Na Galiza, avaliar o grau de pureza no socialismo de umha organizaçom ou no independentismo de outra, é perder-se em infantilismos que aprofundam em divisons fitícias de cara à confluência na luita. Por outra parte, há quem na sua aliança com forças de ámbito estatal, e no formato empregado, sim se afaste da desejável unidade.

Da naçom em si à naçom para si

No século XVIII, algumhas individualidades encarnárom a preocupaçom e denúncia pola situaçom de atraso que padecia a Galiza e que seriam referenciais para o galeguismo posterior. A génese deste é protagonizada por umha parte do povo galego que, tomando em consideraçom as nossas caraterísticas diferenciais, reivindicava mais do que “Espanha” dava ou impunha. Provincialismo (1840-1885), Regionalismo (1885-1915), Nacionalismo (1916…), Independentismo (1922…), cada um destes -ismos assentou as pedras dum entrave defensivo que gerava e construía movimento próprio.

Há nessa evoluçom um desmarcar-se cada vez mais da pertenência a Espanha. O futuro a conquistar materializava-se já na própria conceçom do quadro de luita que iam assentando para atingir os objetivos. Quem caminhou esse caminho foi carregando-se de coerência e fazendo do nacionalismo galego primeiro e do independentismo depois, instrumentos muito mais eficazes.

A revoluçom de 1846, a proclamaçom da efémera, mas real, I República da Galiza, a construçom de sindicatos galegos à margem dos de obediência espanhola, a incorporaçom do padrom histórico da nossa língua e do monolingüismo social… fôrom e som desenvolvidos por galegas e galegos que, com estes e outros exemplos, construírom a Galiza que hoje temos e somos.

Das bases do Reino Suevo ao Probe Galiza, nom deves chamar-te nunca espanhola de Rosalia. Provincialismo, Regionalismo, nacionalismo das Irmandades da Fala, o independentismo do CRAG, Soziedade Nazonalista Pondal, Vangarda Nazonalista Galega, Uniom Socialista Galega de Johám Jesús Gonçales, a defesa de Benigno Álvares da necessidade de um partido comunista patriótico… até chegar a umha UPG que supujo o primeiro partido comunista nacionalista. Embora deixasse, nos dez pontos fundacionais, a porta aberta a umha possível aliança federal e nom citava em nengum deles a independência, essa reivindicaçom chegará, abertamente e de novo, da mao do Partido Galego do Proletariado para nom deixar de estar presente.

Esta foi a resposta do Povo Galego, no seio da luita de classes que percorre a história e no meio da configuraçom também das identidades nacionais e da sua própria, aos planos que as elites foráneas iam configurando e executando. Percorrêrom essa linha que tem num extremo Espanha e no outro a Pátria, construindo, nessa atitude, um sujeito político definido, diferenciado e soberano, sendo parteiras e maes da naçom para si.

Consciência nacional: a grande aliada

A tomada de consciência nacional está num outro plano do que a de classe. A esta última, chegamos a partir de umha cultura concreta e de umha língua determinada, que podem ser próprias, alheias produto do processo de dominaçom, ou ambas. Podemos afirmar que a opressom nacional, ao menos neste sentido, é inoculada antes da de classe. Além disto, a privaçom da identidade afetará até a configuraçom do raciocínio e da psicologia do individuo. Viver um conflito lingüístico é viver um conflito nacional. Ambos fruto, principalmente, de interesses económicos de classes em luita. A língua é o vínculo nacional mais evidente de umha coletividade e a questom nacional semelha emergir sempre à sua sombra, como querendo lembrar-nos que ao nom ter desparecido de todo, o seu povo ainda é e está aí.

Num povo privado da sua identidade (por outro), todas as classes sociais do primeiro padecem essa opressom, embora cada umha sufra as conseqüêcias moduladas polas condiçons materiais que lhe som próprias. Mas há umha tendência histórica das classes dirigentes à negociaçom e ao pacto com a parte opressora, para manter os seus privilégios sobre a maioritária classe oprimida do seu próprio povo. É portanto esta última que conta na reapropriaçom da identidade usurpada com um reforço e um aliado para se afastar, se diferenciar e luitar contra as opressons que padece, por compatriotas e foráneos, até eliminá-las. Este é o caso galego, no qual a reivindicaçom nacional está hegemonizada pola esquerda e nom pola burguesia.

Auto-ódio e chauvinismo gram-espanhol

A atitude de “comunistas” que acusam quem defender coerentemente a questom nacional de dividir o proletariado é coerçom exercida em conivência com as suas burguesias nacionais. Que as e os comunistas galegos tenhamos que dar explicaçons da nossa condiçom de independentistas evidencia o atraso que padecem a maior parte das correntes comunistas do planeta nesta matéria.

É o avançado estado de consolidaçom de projetos nacionais burgueses como o espanhol que provoca diferentes opressons entre membros da mesma classe se som de nacionalidades diferentes. É a dinámica burguesa que divide o proletariado ao procurar construir estados-naçom únicos e coesos, expandindo-se ou herdando sistemas que se constituírom por cima de naçons que se resistem.

PCE e PCE(r) estám infestados de chauvinismo gram-espanhol e partilham com a burguesia domintante desse Estado, mesmo projeto nacional. A importáncia desta questom fica bem refletida na palavra de ordem do fascista Calvo Sotelo: “prefiro umha Espanha roja a umha Espanha rota”. No caso da sua militáncia da Galiza, padecem desse chauvinismo combinado com um inconsciente auto-ódio provocado pola dominaçom espanhola que os empurra, sem eles saberem, a abraçar mais forte ainda o chauvinismo.

É tal a claridom de Lenine na matéria, que até coloca em cima da mesa umha possível e conjuntural cessom tática muito controversa: “Se a burguesia da naçom oprimida luitar contra a opressora, nós somos sempre, em todos os casos e com mais decisom que ninguém, a favor, já que somos os inimigos mais audazes e conseqüentes da opressom. Mas se a burguesia da naçom oprimida está polo seu nacionalismo burguês, nós somos contra, luita contra os privilégios e violências da naçom opressora e nengumha toleráncia sobre a tendência da naçom oprimida face os privilégios”.

Negaçom da Galiza na Galiza de hoje

A sobrevivência da língua e da identidade nacional, íntimamente ligadas, estám também em planos diferenciados. Mas as pressons exercidas por Espanha atuam como um vírus para as duas. A saúde da nossa cultura e do nosso povo estám seriamente ameaçadas polas suas homólogas espanholas. Se a influência de Espanha na questom lingüística é negativa, também o é no plano político, no qual quanto menos Espanha, melhor.

A aliança independentismo-IU, da qual a FPG foi pioneira no concelho de Cangas, supom abraçar voluntariamente o vírus, por ser ele portado por representantes, também, de classe trabalhadora. Assim de simples. Pouco importa descartar a quarentena à qual se vinha submetendo o espanholismo desde a década de sessenta de tam bons resultados, geradora dum potente movimento que se desenvolveu vacinado na sua maioria contra o vírus.

A FPG, ao tempo que petava nas portas do BNG para procurar a sua integraçom, com Beiras como interlocutor principal, partilhava governo com IU por meio da uniom estável denominada ACE. Até essa altura, nom era provável que umha força dita independentista levasse avante tal aliança. Outra era ensaiada sem unidade orgánica, por um BNG que renegava publicamente do independentismo e que involuíra até a praxe autonomista, da qual está hoje aparentemente afastando-se, à procura de se recolocar em coordenadas soberanistas.

A AGE nasce, prévia unidade da FPG com o MpB e o Espazo Irmandiño de Beiras, após as saídas dos dous últimos do BNG. Mas a primeira foi a única que emigrou de um independentismo que Beiras e MpB defendêrom só esporadicamente.

Nom deixa de surprender ver a FPG e o MpB, forças “mais patrióticas” de Anova, defenderem umha coligaçom com IU às eleiçons de 25 de maio à eurocámara, enfrentando-se à quase a metade da nova organizaçom. O sim a participar junto a IU ganhou por 11 votos. A questom nacional emerge de novo mas, ironicamente, para ir contra os interesses de quem se di ainda independentista e soberanista. Também surpreendem as declaraçons de X.M Beiras, a falar da inviabilidade do Estado galego, a afirmar ao mesmo tempo: “eu sou independentista e marxista, mas nunca exercim como tal”, como se tal cousa fosse possível. O trascendental é que, perante a eleiçom Galiza-Espanha, optárom pola segunda.

PCE

Até há pouco, havia certo consenso na caraterizaçom que a esquerda da Galiza fazia de PCE-IU. Só o medo ao isolamento que pode provocar manter a coerência e a firmeza nos princípios explica o abandono da defesa da Galiza como quadro específico e diferenciado da luita de classes. O abandono, disfarçado de abraço fraternal com a esquerda espanhola, é oportunismo e debilidade fruto desse medo.

Além disso, o PCE é a mesma peça fundamental para a continuidade da maquinaria da burguesia fascista da transiçom. Eis o voto, neste 2014 em Madrid, pola inclusom de RG na listagem de “organizaçons terroristas”, apoiando assim estratégias de guerra suja contra o independentismo galego. O papel das CCOO, ontem e hoje, que IU continua apromover na Galiza é outra contradiçom que carrega nas costas e oculta a parte “nacionalista” de AGE. Contradiçom que chega à colissom com os interesses da CIG (parte de Anova está neste sindicato) e da CUT, sindicato refencial da FPG e promovido por esta.

Conclusom

Nós continuaremos ao nosso, embora Yolanda Díaz manifeste chauvinistamente que preocupar-se do soberanismo é nom entender nada. Padecemos a opressom da burguesia, de Espanha e a de parte dos seus comunistas que deveriam ser camaradas. Mas seremos nós a afrontar a luita de classes em toda a sua complexidade, desde a própria identidade e até as últimas conseqüências.

As nossas relaçons com parte da esquerda estatal som de tu a tu. Há esquerda foránea que compreende que “a emancipaçom do povo oprimido enfraquece as bases económicas, políticas, militares e ideológicas das classes dominantes na naçom dominante e contribui assim para a luita revolucionária da classe obreira dessa naçom”. Anova, polo de agora, caminha empregada polos interesses da esquerda reformista espanhola, noutra direçom.

Abraám Alonso PInheiro é membro da Direçom Nacional de NÓS-UP.

 


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