Se bem a própria Guarda Civil foi sempre um corpo militar dedicado à repressom da populaçom civil no Estado espanhol, a incorporaçom direta de unidades do Exército de Terra a labores repressivos supom um salto importante no esforço crescente que o Estado espanhol está a investir na defesa ativa do regime e da classe dominante no quadro de umha crise socioeconómica sem precedentes na história recente.
Três brigadas do Exército de Terra e a Unidade Militar de Emergências (UME) estám a ser treinadas em táticas de choque contra manifestantes e repressom contra movimentos de massas de caráter civil. Os exercícios fam parte de um ciclo de formaçom subordinado ao tema "Combate em localidades, controlo de massas e estabelecimento de chesk-points".
A escusa inicial para estas atividades formativas terá sido o envio de tropas a países em conflito como o Líbano o a República Centro-Africana, mas o facto é que os exercícios estám a generalizar-se entre tropas nom adscritas a missons internacionais, o que pom em evidência o objetivo repressivo interno das mesmas.
Além disso, nem no Líbano nem na República Centro-Africana parecem ter sido aplicados os tais cursos formativos, devido à natureza da intervençom espanhola nesses países, o que torna ainda menos explicável a nova formaçom tática em termos unicamente internacionais, pois nom há intervençons junto da populaçom civil africana ou libanesa.
Por outra parte, a Polícia Militar espanhola, cuja funçom tinha ficado reduzida após a desapariçom do Serviço Militar Obrigatório nos anos 90 do século passado, retoma agora o protagonismo, com um reforço económico, em funçons e pessoal que só se explica como mais um passo na extensom da atividade repressiva militar fora dos quartéis.
A grande vantagem da Guarda Civil (de caráter militar) face à Polícia Nacional (de caráter civil) está no funcionamento estrito na chamada "benemérita" de umha hierarquia militar que permite umha operatividade mais direta, eficaz e disciplinada. Assim sendo, a incorporaçom direta de novos corpos militares do Exército de Terra, da Polícia Militar e da Unidade Militar de Emergência servirá para reforçar e tornar mais efetivo o poder repressivo do Estado num contexto de aumento das desigualdades, propício para estalidos sociais.
Existem vídeos na rede, como o que a seguir oferecemos, que confirmam a existência dos exercícios militares em previsom de agirem contra a populaçom civil:
Aumento radical do gasto em material repressivo
Lembremos que outras medidas incidem no aumento da violência institucional direta contra a populaçom no Reino de Espanha. Principalmente a partir de 2012, tem havido um espetacular incremento do gasto público em material repressivo, que nesse ano aumentou em 1.780%.
De facto, o Governo espanhol anunciou que entre 2012 e 2016 haverá um gasto de 10 milhons de euros para "repor e modernizar" o material policial para o "controlo e vigiláncia de manifestaçons". Em 2013, o gasto nessa verba específica atingiu os 3,26 milhons de euros.