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armyDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] Um dos mais importantes objetivos da intervenção da Rússia, das demais potências regionais e do imperialismo na Síria é a venda de armas.


Foto: Sargento Justin P. Morelli / Exército dos EUA (CC BY 2.0)

O governo do Irã anunciou recentemente a compra de 100 aviões Sukhoi. A China comprará mais 20. Ambos compraram os sistemas anti-mísseis, o S300 e o S400, respectivamente.

A França, que também enfrenta o brutal aprofundamento da crise capitalista mundial (como todos os demais países), e que tem a Alemanha por trás, se apressou a criar um fato com o objetivo de entrar rapidamente no mercado. Uma das principais empresas fabricantes de aviões de guerra franceses, que tentou entrar no mercado brasileiro com Lula, tem enfrentado crescente crise.

O mercado de armas é a bola da vez devido ao aprofundamento da crise capitalista mundial. Devido ao estágio ultra parasitário do capitalismo, a paralisia industrial e ao crescente esgotamento da especulação financeira, umas das “saídas” para a crise é o mercado de armas. Esse mercado, como todo mercado, precisa ser “desenvolvido”, ou seja, é preciso criar situações que gerem a necessidade das compras. Nada melhor que a escalada da ameaça terrorista e o “desenvolvimento” de guerras.

Mas o mercado de armas está ficando cada vez mais saturado, o que implica em que a escalada das guerras, por causa da disputa dos mercados, ficará, cada vez mais, colocada à ordem do dia.

A Turquia está desenvolvendo um sistema anti-mísseis próprio com a ajuda dos chineses. Os sionistas israelenses, além das vendas de produtos de segurança, tentam vender o sistema anti-mísseis (semicaseiros), o Iron Dome, testado contra os mísseis do Hamas e da Jihad Islâmica, principalmente.

Os Estados Unidos têm um mercado “cativo” por meio de “ajudas”, pressões e os mecanismos que compõem a dominação imperialista em geral. Mas a concorrência está aumentando rapidamente. Há os russos, os europeus e as potências regionais. O Japão está começando a entrar no mercado e, embora neste momento seja um aliado próximo dos Estados Unidos, a “necessidade faz o ladrão”. Os chineses também têm aumentado consideravelmente a participação neste mercado.

O grande comprador é a ultra obscurantista monarquia da Arábia Saudita. O feirão está ficando quente.

A corrida armamentista nos países atrasados

Nos últimos anos, os principais compradores de armamentos têm sido os países atrasados.

O imperialismo usa vários mecanismos para impulsionar a venda de armas e manter o dinamismo do complexo industrial-militar. Os principais deles são o monopólio tecnológico, a chantagem diplomática, o incitamento de guerras e as agressões militares. Os Estados Unidos, além de possuírem o maior orçamento militar do mundo, detém o monopólio da tecnologia militar de ponta, seguidos pelos demais países imperialistas europeus, muito à frente dos países atrasados produtores de armas. Embora, por causa da crise, os russos e os chineses, principalmente, tenham conseguido aumentar o mercado por meio de armamentos mais baratos.

O acirramento dos conflitos regionais e das políticas nacionalistas, provocados pelo enfraquecimento econômico, político e militar do imperialismo, principalmente após as derrotas no Afeganistão e no Iraque, também têm sido, em parte, impulsionados pelas multinacionais imperialistas com o objetivo de desovar a produção devido ao aprofundamento da crise capitalista nos países centrais. Verdadeiras corridas armamentistas podem ser observadas na região Ásia Pacífico, envolvendo a China, Índia, Coreia do Sul e, agora, o Japão; no Oriente Médio, com Israel, Arábia Saudita, Qatar, os Emirados Árabes Unidos e o Irã; e na América Latina, com a Venezuela, Colômbia, Brasil e Argentina.

O Departamento de Defesa norte-americano tem uma seção cuja função é promover a venda de armas. Muitos dos créditos e empréstimos internacionais, mascarados como ajuda para o desenvolvimento, assim como os subsídios para monopólios, são concedidos sob a condição de que sejam destinados à compra de armas. Segundo estimativas do próprio Departamento de Comércio, a metade das “luvas” (que, em verdade, é corrupção direta), nas transações comerciais no mercado mundial, está relacionada com a venda de material bélico. No Reino Unido, essas “luvas” possibilitavam descontos no pagamento de impostos até o ano de 2001.

Nunca o mundo vivenciou um número tão alto de guerras como nos últimos trinta anos. De acordo com o Instituto Sipri, entre 1940 e 1996, os Estados Unidos gastaram pelo menos US$ 5,5 trilhões no programa de armas nucleares, além de US$ 320 bilhões em custos de armazenamentos e logística e US$ 20 bilhões no desmantelamento de armas obsoletas. Isto representou quase 30% do orçamento militar do período estimado em US$ 18,7 trilhões. O custo da Segunda Guerra Mundial foi de US$ 3,2 trilhões em dólares de 2007. O da Guerra do Vietnã, US$ 670 bilhões; da Primeira Guerra Mundial, US$ 364 bilhões; da Guerra de Coréia, US$ 295 bilhões; da Guerra do Golfo, US$ 94 bilhões; e as guerras do Iraque e Afeganistão têm consumido mais de US$ 3 trilhões, até o presente momento, e têm se transformado numa das principais causas da crise do imperialismo. O custo das guerras na África desde 1990 ultrapassa os US$ 350 bilhões, o equivalente a toda a ajuda destinada ao desenvolvimento do continente no mesmo período.

Devido ao esgotamento do capitalismo, e a tendência à queda das taxas de lucro, que tem na sua origem o chamado aumento da composição orgânica do capital (aumento do capital constante frente à mão de obra impulsionado pela concorrência, conforme foi explicado detalhadamente por Karl Marx no seu livro O Capital), a burguesia imperialista busca manter altas taxas de lucro através da especulação financeira, a venda de armas e as atividades ilícitas, tais como o tráfico de drogas e outros “crimes”, que, conforme tem sido revelado nos últimos anos, é controlado, principalmente, pelas agências de espionagem e os principais bancos.

O aumento dos gastos militares nos países atrasados, a partir da campanha do chamado “combate ao terror”, é uma política orquestrada pelo imperialismo que tem provocado o aumento considerável da miséria, a fome, assim como o reaparecimento de doenças que já haviam desaparecido; as Nações Unidas calculam que mais de 800 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 1 dólar por dia. Os verdadeiros objetivos dessa política são a tentativa de repassar o custo da crise dos países centrais para os países atrasados, e, ao mesmo tempo, tentar conter o movimento revolucionário de massas que continua crescendo perante o aprofundamento da crise capitalista. Os altos preços do petróleo e dos alimentos, provocados principalmente pela especulação nos mercados futuros, andam em paralelo com o aumento da repressão contra as massas das cidades e do campo. A classe operária mundial está no centro do alvo do imperialismo em um período em que se aprofunda a luta aberta entre a burguesia e o proletariado mundial.

Os atentados terroristas do 11 de setembro de 2001, assim como os recentes atentados de Paris, têm como objetivo real servirem a essa política imperialista.

O complexo industrial-militar norte-americano

Nos Estados Unidos, o número de empresas fornecedoras do Departamento de Defesa passou de 22.000 em 1961 para aproximadamente 135.000. Considerando que o chamado orçamento de “defesa” se encontra dividido entre vários departamentos ou ministérios, o valor ultrapassa os U$ 1,5 trilhões, o que corresponde a quase 50% do orçamento federal e a 30% dos impostos federais arrecadados; teve uma taxa de crescimento anual de aproximadamente 9% desde o ano 2000, o que representa mais de três vezes a taxa de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). Considerando ainda as verbas secretas, o valor pode ultrapassar os U$ 2 trilhões, apesar dos números oficiais falarem em US$ 700 bilhões, o que já seria um número gigantesco.

Os monopólios do setor armamentista estão estreitamente ligados aos grandes bancos imperialistas e a outros monopólios “civis” que obtêm grandes contratos vinculados aos orçamentos militares. Calcula-se que o chamado complexo militar-industrial dos Estados Unidos seja responsável por mais de 50% da economia do país. A maioria das vagas de trabalho abertas nos últimos anos foi no setor militar. O exército dos Estados Unidos possui aproximadamente 1,5 milhões de soldados, além de milhões de contratistas (mercenários terceirizados).

Nos Estados Unidos, a indústria armamentista encontra-se dominada pela Lockheed Martin, a Northrop Grumman, a Boeing, a Raytheon, a United Technologies, a Aerojet, a Rocketdyne, a Honeywell, a MiltonCAT e a GE. Estas empresas empregam mais de um milhão e meio de trabalhadores e monopolizam os principais contratos. O contrato assinado pelo governo com a Lockheed Martin, em outubro de 2001, o F-35 Joint Strike Fighter, representou um orçamento estimado de U$ 9 bilhões para o desenvolvimento, e o compromisso de compra pelo governo de 2.443 unidades dessas aeronaves, o que, considerando um custo de U$156 milhões por unidade, representa quase U$ 400 bilhões. Outros contratos, como os programas de Defesa contra Mísseis Balísticos (Aegis, THAAD, PAC-3) e o Submarino Classe Virgínia ultrapassam, respectivamente, os U$ 5 bilhões em custos de desenvolvimento. Cada submarino custará em torno de U$ 2 bilhões, e o governo passou a comprar dois por ano a partir de 2012. A Northrop Grumman é o maior construtor naval do mundo, e também fabrica caça-bombardeiros e sistemas eletrônicos.

Na Europa, o setor militar é dominado pela EADS, BAE Systems, Thales, Dassault,Saab e a Finmeccanica. A aliança do imperialismo inglês com o imperialismo norte-americano se fortaleceu com a adoção da BAE Systems como uma das principais fornecedoras de material bélico para o governo dos Estados Unidos, a aliança na indústria petrolífera, com a BP-Amoco, e a rejeição do governo inglês de integrar a zona do euro.

A dependência da economia norte-americana da produção de armas tem aumentado consideravelmente desde os anos 30. Fortemente enfraquecida devido à depressão que se seguiu à crise que estourou em 1929, o sistema capitalista passou a se manter, e até a passar por um período de relativa “bonança” entre 1948 e 1967, mediante mecanismos artificiais. O principal deles foi o aumento exponencial dos investimentos estatais na produção de armas, o que levou à estruturação do chamado complexo industrial-militar. Nos países imperialistas europeus, o processo de militarização da economia e da sociedade apresenta uma evolução similar.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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