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medvedevSíria - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A Rússia representa, junto com o Irã, o principal aliado do governo de al-Assad.


Presidente sírio Bashar al-Assad junto com o primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev e o ministro de Relações Exteriores da Rússia Sergey Lavrov. Foto: Wikimedia Commons

Além da existência da única base naval russa no Mar Mediterrâneo, localizada no porto de Tartus, ao norte do Líbano, a principal preocupação do governo Putin se relaciona com o contágio da crise no norte do Cáucaso e o sul da Rússia, principalmente na Tchetchênia e no Daguestão. Nessas regiões, o governo central esteve envolvido em guerras sangrentas na década de 1990 e na primeira metade da década passada. A situação foi controlada por meio de fortes investimentos que tiveram na base a bonança dos altos preços do petróleo. As principais lideranças ou bem foram cooptadas ou mortas. Mas agora a situação é diferente. A enorme queda dos preços do petróleo, junto com as sanções imperialistas, tem pressionado o governo Putin e a economia russa.

A recente retirada de uma centena de assessores militares russos de Damasco, que foi divulgada pela imprensa saudita, não significa que os russos estejam abandonando seus interesses na Síria. A Rússia impulsiona uma saída diplomática perante a crise do governo de al-Assad. Não por acaso, figurões da oposição a al-Assad têm circulado em Moscou no recente período.

A Administração Obama atua principalmente com a Turquia, o Catar, a Arábia Saudita e a Jordânia, que têm importantes contradições em relação ao apoio e combate da miríade de grupos em campo. Ao mesmo tempo, busca equilibrar esses acordos com os interesses do Irã e da Rússia para contrapor uma frente única contra o Estado Islâmico. Por esse motivo, o governo de al-Assad não pode ser simplesmente deposto. Se faz necessário um arranjo político que contemple os alauitas, que são apoiados pela Rússia e pelo Irã.

A tentativa de chamar a uma nova reunião em Genebra tem fracassado devido à evolução dos acontecimentos no campo de batalha, o que tem levado à escalada das contradições entre todos os grupos militares e políticos. Enquanto a Rússia, os Estados Unidos e o Irã tentam conter a desestabilização na Síria, a Turquia, o Catar e a Arábia Saudita tentam fortalecer o controle de posições no país, por meio dos próprios “rebeldes”, o que passa, fundamentalmente, pelo enfraquecimento do governo de al-Assad e a perda de posições pelo Exército.

Muito mais que "rebeldes"

O Estado Islâmico se encontra fora do controle direto do imperialismo e das potências regionais. A influência sobre Jabhat al-Nusra, a al-Qaeda na Síria, é pequena, apesar dos acordos e de não ter sido colocada na lista das organizações terroristas promovida pelo imperialismo. O controle sobre os demais grupos principais é fraco.

Os “rebeldes” ligados à Turquia e ao Catar atacam pelo norte, onde tentam consolidar suas posições, enquanto os “rebeldes” ligados à Arábia Saudita e à Jordânia o fazem pelo sul. O governo al-Assad busca segurar as regiões de maioria alauita, nas regiões ocidentais do país e em parte da cidade de Aleppo.

A Rússia tenta levar à mesa de negociações a coalisão Ahrar al-Sham, um dos principais aliados da al-Nusra, mas para isso depende do envolvimento da Turquia, do Catar e da Arábia Saudita. No jogo das pressões e contra-pressões os acordos comerciais cumprem um papel de primeira ordem, principalmente por causa da escalada da crise capitalista. A Rússia impulsionou o Gasoduto Turco. Os sauditas enviaram figuras do primeiro escalão a Moscou e a São Petersburgo para tentar chegar a um acordo com os russos sobre a Síria, que passa pelo abandono de al-Assad. Além das promessas de compras bilionárias em armas, foram bilhões em contratos comerciais assinados na última “feira” de São Petersburgo que acontece como contraponto a Davos.

Por trás da crise na Síria e no Oriente Médio se encontra o colapso capitalista de 2008 que provocou o estouro do regime político no elo mais fraco, os países árabes. Para o próximo período, está colocado um novo colapso capitalista de proporções ainda maiores. A crise no Oriente Médio, longe de ser resolvida, deverá continuar se desenvolvendo e se juntar a um novo e inevitável estouro. Resta saber onde acontecerá. No Cáucaso? No sul da Rússia? Na região Pacífico da Ásia? Na América Latina? Não dá para fazer essa previsão neste momento. Mas a Ucrânia também era um país muito pacato …

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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