Na verdade, o processo iniciado na Catalunha também o beneficia economicamente, uma vez que controla boa parte do mundo editorial em catalão e edita grande parte dos livros favoráveis ao processo, o que é tolerável, porque o dinheiro é o primeiro, também para Lara.
Porém, uma coisa é ganhar dinheiro e outra que a Catalunha poda vir a ser independente. Daí que Lara utilize o canal dos progres espanhóis, e através de La Sexta e do seu programa estrela dos sábados à noite introduza um amálgama de novos movimentos da esquerda com o fim de dividir o processo na Catalunha e, de rebote, garantir a continuidade do PP em Madrid, com um PSOE enfraquecido graças a Podemos e IU.
Assim, um PSOE meio desfeito, se for necessário, garantirá um governo de concentração nacional espanhola em Madrid, assi como nas Ilhas Balears e no País Valenciano. José Manuel Lara jogou a dividir o voto da esquerda espanhola antes das europeias empolando Pablo Iglesias e apoiou Ciudadanos, partido que joga a carta do unionismo duro e a da ambigüidade ideológica, com a mesma intenção, mas não deu certo.
Lara veta os argumentos do direito a decidir e do # Sisi. No canal La Sexta têm cabida todos os progres sempre que defendam, acima de tudo, uma Espanha unida. Vemo-lo cada sábado e, além disso, o discurso de La Sexta já se parece com o de Antena 3; de facto, compartilham tertulianos e só há que ver os que falam em nome da Catalunha: Paco Marhuenda, Toni Bolaño, Albert Rivera... a pluralidade espanhola sim, a catalã não.
Numa clara tentativa de criar divergências dentro do soberanismo, dão uma abrangência extraordinária a Podemos e a IU, que fazem uma suposta defesa do direito a decidir, abrandada e que, sobretudo, trabalham para diferenciar o eixo nacional e o social, que são inseparáveis, uma forma de desviar o foco da consulta e invisibilizar o duplo # Sisi.