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1402062897-indymarchEscócia - Diário Liberdade - A Escócia celebra um referendo pela independência o próximo dia 18. O apoio ao "sim" cresceu 8 pontos em só um mês, o que praticamente empata a intenção de voto nos inquéritos (48% "sim" 52% "não"). Assim, o resultado final virá da mão dos indecisos, um 12% do eleitorado, que parece pode decidir a favor do "sim" desde a esquerda.


A campanha pelo "sim" à independência da Escócia tem estado muito centrada no social-democrata SNP (Partido Nacionalista Escocês). Grande parte do voto "sim" associa-se, portanto, com uma simpatia cara o actual primeiro ministro escocês, Alex Salmond, líder do partido. Contudo, há amplos sectores da esquerda escocesa e outros grupos críticos com o SNP que, sem terem nunca votado a Salmond, poderiam finalmente votar "sim".

O voto pelo "não" parece ter chegado ao seu limite, pois nas últimas séries de inquéritos tem ficado mais ou menos nas mesmas cifras, sendo aparentemente incapaz de angariar novos apoiantes. É o voto "sim" que varia e sempre a subir desequilibrando a balança, o qual pode ser interpretado como uma mobilização gradual de pessoas antes indecisas. Em mais detalhe, isto associa-se a pessoas de esquerda, contrárias ao SNP e às suas políticas neoliberais, mas de sentimento escocês e que vêem na independência uma oportunidade histórica, apesar do Salmond.

Nas palavras do jornalista Paul Mason "Os jovens mais coerentes com os que falei entendem o risco macroeconómico, mas contrapõem duas cargas cada vez mais intoleráveis de aturar: a incapacidade do eleitorado escocês, mais bem virado à esquerda, de influir em Westminster [sede do governo britânico], e a incapacidade de afastar o Partido Trabalhista da Escócia [sucursal do britânico] das políticas partidárias do livre mercado e a austeridade".

Um jovem trabalhador comenta: "Quero autonomia fiscal total. Que cada cêntimo que gastemos seja produzido por nós. Durante muitos anos em muitas eleições pode que não votáramos pelo pouco efeito que os nossos votos tinham em Westminster. [Mas agora], mesmo se a cousa fica difícil e cometemos erros, prefiro que sejam os nossos próprios erros".

Os grupos em contra da independência são principalmente os sectores conservadores e a social-democracia sistémica britânica. Aqui encontram-se desde elementos de extrema direita como o UKIP, os Tories (Partido Conservador), até o SLD (Liberais Democratas) ou mesmo o Partido Trabalhista. A campanha pelo "não" inteligentemente fez frente comum numa plataforma simplesmente denominada Better Together ('Melhor Juntos'), dando uma sensação de unidade apartidária e evitando o uso da palavra "não".

Economia e descontentamento

Porém, uma vez admitido o direito da Escócia a decidir o seu futuro como nação - já que o referendo foi pactuado entre Londres e Edimburgo - o debate centrou-se principalmente na economia.

Tanto Salmond como Alistair Darling, líder do Better Together, têm tentado convencer o eleitorado das vantagens e inconvenientes duma Escócia livre ou formando parte do Reino Unido. Ambos procuram o apoio empresarial de forma explícita e descarada, pretendendo assim transmitir uma imagem de solidez e estabilidade. Isto pode dar a sensação de a independência da Escócia ser um assunto meramente técnico sem calhado histórico, cultural ou social, virando sempre arredor do seu melhor possível encaixe dentro do sistema capitalista.

Por isto, o referendo pode-se ganhar ou perder graças ao eleitorado operário de Glasgow (a maior cidade da Escócia) e áreas circundantes, tradicionalmente associado ao Partido Trabalhista britânico mas de fundo sentimento patriótico escocês, o qual explica grande parte do número de indecisos, além dos simpatizantes de formações como o SSP (Partido Socialista Escocês), partidos de esquerda transformadora à vez que independentistas.

Nas palavras duma jovem da zona: "Nós não votamos por Alex Salmond. Votamos para termos o nosso próprio governo. Quero deixar para trás toda essa porcaria sobre a libra [moeda] e o Trident [programa de armas nucleares]. Votamos por algo que nunca tivemos antes".

Mason acrescenta: "A independência converteu-se num relato da gente que não quer um Big Government ['Grande Governo']. Este é um debate entre as ruas, bares e discotecas escocesas que bulem de energia fronte à sórdida elite de funcionários oficiais. Não seria estranho que o entusiasmo deste sonho impulsione gente avondo às urnas pelo 'sim' ".

O jornalista fala ainda dum intangível, o expressivo sod it factor ('factor p'ra o caralh*'), uma atitude entre descontentamento e castigo que pode levar a muitos e muitas jovens e operárias a apostarem pelo "sim", mesmo se antes votaram partidos de alegada esquerda associados a Londres, vítimas da crise capitalista e com a esperança de que uma Escócia livre possa depois ser conduzida fora desse sistema; se bem a alternativa pela esquerda ao SNP não está muito organizada nestas alturas.

Com The Guardian, Channel 4, The Times e Vilaweb


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