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010714 castelaoBrasil - Diário Liberdade - [Rodrigo Moura] Afonso Daniel Rodríguez Castelao representa a consciência ética do galeguismo ou galeguidade. Nascido em Rianxo em 1886. Aos 9 anos mudou-se para a Argentina por conta dos negócios de seu pai. 


Na Pampa, viveu experiências sugestivas que deixariam rastro na sua futura obra literária. Voltou para Galiza aos 14 anos e cursou o bacharelado e depois o curso de Medicina em Santiago de Compostela. Em 1909 foi licenciado e apenas exerceu a função de médico até então. Já em Pontevedra, iniciou uma etapa de extraordinária atividade, colaborando com as Irmandades da Fala.

Foi diretor artístico da Revista Nós durante a II República e foi eleito deputado pelo Partido Galeguista. Durante a Guerra civil e a pós-guerra defendeu com força a causa republicana, os direitos nacionais de Galiza e expôs seus desenhos em Moscou e Nova Iorque, onde publicou seu álbum Milicianos. Estabeleceu-se finalmente em Buenos Aires e deu ao título Sempre en Galiza, livro de ensaios e memórias considerado como livro sagrado do galeguismo. Morreu em Buenos Aires em 1950 no Centro Galego de Buenos Aires.

A produção artística e literária de Castelao tem como substrato operante a consciência galeguista e um profundo humanismo. O galeguismo promove a sua identificação com a terra e com o povo do campo, os marinheiros e os imigrantes - que constituía mais de 70% da povoação do primeiro terço do século XX -; o humanismo põe em xeque a dignidade, valores e interesses do ser humano, fornecendo a sensibilidade ética das criações estéticas, que se orientam frente à compreensão dos indivíduos, ao tempo que misturam sutilmente com o ânimo do leitor.

Diferentemente de Risco e Otero Pedrayo, Castelao não parte de um corpus ideológico sobre a sua narrativa. Ainda que quase sempre interprete a vida ideologicamente e, às vezes, se aproxima da cosmovisão dos outros autores. Un ollo de vidro (1922) foi a primeira obra narrativa publicada em livro por Castelao. O seu subtítulo, Memorias dun esquelete, já indica um certo inclinamento à narrativa fantástica que, sem dúvida, não é mais do que um fio condutor de um texto baseado na justaposição de breves estampas, impregnadas de sátira social e política. A indeterminação e abertura semântica da palavra cousas, por exemplo, é indicativa da variedade de assuntos tratados pelo autor e constituem exemplificações da realidade humana.

A universalidade é alcançada a partir do Outro, que é validado com relatos mais próximos da realidade social. Os dous de sempre (1934) é a única novela de Castelao. A sua estrutura recorre a uma reunião de micro textos, que se alternam para narrar as vidas totalmente diferentes dos protagonistas. Estes, amigos desde a infância, representam duas personalidades opostas e duas formas diferentes de enfrentar a dura existência humana. Um simbolizando a passividade e o conformismo e o outro a atividade.

A antítese é elevada como figura central dessa novela e dela derivam grande parte do humor da obra. Castelao tentou se enveredar pelo domínio do teatro, Os vellos non deben de namorarse (1941) é uma farsa que explora o tema do velho que está apaixonado por uma moça. A obra reúne elementos dramáticos e cômicos e divide-se em três partes, que constituem peças autônomas. A unidade do conjunto é obtida através da temática, através de paralelismos e pelo epílogo que reúne no mundo os três protagonistas. Sobre o autor: Rodrigo Barreto da Silva Moura estuda Mestrado em Literatura Portuguesa e Galega na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e faz parte do grupo de pesquisa do Programa de Estudos Galegos da UERJ, coordenado pela Dra Claudia Maria de Souza Amorim.


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