O ministro de Educação Superior e Ciência do Equador, René Ramírez, informou que foram registrados "3.500 procedimentos" de extração de sangue de membros da comunidade indígena huaorani, que habitam a Amazônia equatoriana.
Isso "significa que tiraram porções (450 ml) de sangue de uma pessoa em mais de uma vez", acrescentou em declarações ao canal estatal ECTV.
Segundo testemunhos de indígenas à Defensoria do Povo do Equador, dois cidadãos estadunidenses os enganaram proprondo-lhes exames médicos que nunca entregaram. Os fatos aconteceram entre 1990 e 199, de acordo com as mesmas fontes, informa a AFP.
Um dos estadunidenses seria um médico da petroleira estadunidense Maxus, com sede no Texas, e as mostras teriam sido vendidas pelo Instituto Corriel, sediado em Nova Jersey, à Escola de Medicina da Universidade de Harvard.
A Defensoria havia denunciado em 2012 que "se comprovou que o Instituto Corriel tem em suas bases de dados amostras e vende material genético da nacionalidade huaorani", ressaltando que desde 1994 havia distribuído sete culturas celulares e 36 amostras a oito países.
Por sua vez, o mandatário equatoriano, Rafael Correa, comentou na última sexta-feira que as amostras haviam sido tiradas desde a década de 1970 "em cumplicidade com uma petroleira que operava nesses territórios, a Maxus". A empresa esteve presente na selva equatoriana até meados dos anos 90, tendo extendido sua presença através de outra companhia.
Correa assinalou que foram feitos "experimentos" porque os aborígenes, que se mantinham distantes da civilização, são "imunes a certas doenças".
O Governo equatoriano está buscando as vias jurídicas para instaurar as demandas pertinentes, apesar de "não existir nenhuma lei federal dos Estados Unidos que dê um fundamento jurídico para a demanda em cortes contra a Corriel, a Maxus ou os investigadores" de Harvard, agregou o presidente.