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260514 GALAXIA fernendes do rego cunqueiro carvalho caleiroGaliza - Diário Liberdade - [Rodrigo Moura] Os anos da guerra civil impulseram uma espécie de silêncio na literatura galega. Alguns autores continuaram publicando no exílio, sobretudo através do Centro Galego de Buenos Aires e, além disso, impulsionaram uma consciência galeguista e a difusão da cultura galega através de conferências, congressos, revistas e emissões de rádio. Na poesia, Luís Seoane e Lorenzo Varela foram, de certa forma, as vozes mais significativas dos exilados; na prosa, Castelao e Branco-Amor.


 

Enquanto isso, a Galiza vivia os horrores da pós-guerra e só em 1950 se reiniciou devagar um certo labor cultural que começou com os homens da Geração Nós. Com a morte de Castelao, destacados intelectuais, como: Ramom Pinheiro, Outeiro Pedraio e Jaime Ilha Couto, convencidos da estirilidade da ação política, decidiram centrar os seus esforços na transmissão do legado cultural às novas gerações, que estavam sendo educadas sob o prisma da ditadura franquista, sempre longe do conhecimento do passado histórico e cultural da Galiza e de sua realidade linguística.

Foi assim que surgiu a Editorial Galáxia que, mais tarde, facilitaria o prosseguimento do trabalho literário com a publicação de novas obras poéticas e narrativas, além disso, essa editora impulsionou também a publicação de uma coleção de ensaios, sobretudo nas áreas da filosofia e da literatura. Entre os autores mais destacados nessa época, podemos citar os nomes de Ramom Pinheiro, Garcia Sabell, Fernandes da Veiga e Carvalho Caleiro que contribuiram de maneira decisiva para manter aceso a luz e o brilho da cultura galega, sobretudo no campo do pensamento e da crítica literária.

Em 1936, muitas obras foram interrompidas em virtude da ditadura e a produção editorial galega motivou que as primeiras vozes que voltaram, pouco a pouco, a soar no panorama da lírica pertencessem a autores de gerações sucessivas, algumas já relevantes na literatura galega anterior à guerra civil. Foi em 1950 e ao longo dessa década, quando uma plêiade de poetas - que apresentam uma grande heterogeneidade também no que tange às suas estéticas - prosseguiram, renovaram ou iniciaram sua obra lirica.

As linhas principais que seguiram a poesia destes anos flutuam entre a sobrevivência do neo-trovadorismo (Álvaro Cunqueiro), o culturalismo (Carvalho Caleiro), a religiosidade, o classissismo e o paisagismo humanista (José M Dias Castro), o intimismo sombrio ligado aos âmbitos urbanos ou à natureza (Luís Pimentel), a angústia existencial (Cunha Novás), o erotismo (Luz Pozo Garza), o canto à paisagem essencial (Manuel Maria) e o realismo social (Celso Emílio).

Nesta tessitura multicolorida da poesia galega de pós-guerra, foi o livro de Celso Emílio, O sonho sulagado, que significou a ruptura com o individualismo a o retorno a uma concepção da poesia que retomava a tradição civilizadora iniciada com Rosália de Castro. Ao longo da década de 1960 até a metade da década de 1970, a poesia de cunho realista, que terá por guia e principal nome Celso Emílio Ferreiro, expressa vigorosamente a indigência do país e de seu povo. As circunstâncias da época - a longa pós-guerra espanhola e europeia - favoreceram a recepção da poesia comprometida de Celso Emílio.

No que tange à narrativa, esta sofrera uma drástica interrupção em 1936 como consequência do conflito bélico, e as novas produções que tiveram que esperar até 1950, data em que Carvalho Caleiro deu à cultura galega a obra A gente da barreira. Depois dele, e ao longo da década de 1950, três autores singulares, Ángelo Fole, Branco-Amor e Álvaro Cunqueiro, publicaram as suas primeiras obras de ficção em prosa, iniciando uma fecunda fase da narrativa galega. Alguns escritores pertencentes à Geração da pós-guerra, como Gonçalo Mourulho e José Luís Mendes Ferrim foram de vital importância para a sobrevivência da literatura galega.

Ángelo Fole traça em seus livros de contos uma homenagem ao espaço bravo, rude das terras de altas do leste (Courel, Íncio e Queiroga) e à comunidade que o habita, incidindo nas suas formas de vida e na relação da temática esotérica que toma forma da cultura antropológica popular.

Branco-Amor explora, de certa forma, uma dimensão neo-realista e social em suas novelas e também em sua narrativa breve. Os ambientes urbanos subdesenvolvidos do início do século constituem o marco espacial das suas fabulações.

Por sua parte, Álvaro Cunqueiro é um escritor que ensaia com êxito as diversas formas de literatura. Em sua narrativa cria um mundo mágico e presencionista, onde se combinam os mitos clássicos, orientais e atlânticos acrescido de uma cosmovisão tradicional do povo galego. Alguns desses traços também se podem detectar na sua variada e extraordinária obra lírica ou nas suas produções dramáticas.

 


Rodrigo Moura estudou letras português na UERJ, no Brasil, e é pesquisador das literaturas lusófonas e da galega em particular. 

 

 

 

 


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