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4672906238 67433375e2 zDiário Liberdade - [Alejandro Acosta] Já são 13 países no mundo que aplicam taxas de juros negativas, dos quais 12 deles são europeus.


Sede do Banco Central Europeu, em Frankfurt (Alemanha). Foto: Toni Syvänen (CC BY-NC-ND 2.0)

Já são 13 países no mundo que aplicam taxas de juros negativas, dos quais 12 deles são europeus. À frente se encontra um dos países mais estáveis, a Suíça, com a taxa de juros chegando ao -1%. Além dessa política, os bancos centrais dos Estados Unidos , do Japão, da Inglaterra e da Zona do Euro (o Banco Central Europeu) já compraram em torno de US$ 12 trilhões de títulos podres. A especulação financeira é promovida na base dos empréstimos ultra subsidiados do Estado, o que é muito bom para os especuladores e ruim para 95% da população que usa as aplicações apenas para fugir das perdas inflacionárias. Ou seja, um capitalismo que só funciona turbinado pelo Estado, ou como Vladimir I. Lenin disse em 1912, um capitalismo de Estado.

A Alemanha, o coração do capitalismo europeu, passou a ser atingida em cheio pela crise. Recessão industrial, escândalo da Volkswagen, gigantesca crise do maior banco, o Deutsche Bank, crise do regime político por causa dos refugiados. A expectativa dos especuladores financeiros é que a Alemanha reduza, ainda mais, a taxa de juros dos empréstimos a dois anos, que servem como modelo para os demais países da União Europeia. Essa taxa já caiu de -0,26% para -0,35%.

A crise se aprofunda a passos largos em toda a região. A Itália e a Espanha deverão reduzir as taxas ainda mais neste ano.

A imprensa capitalista tenta apresentar as taxas de juros negativas como um fenômeno sobrenatural, “um raro e estranho fenômeno” escrevia o Finantial Times, o jornal britânico que funciona como um observatório do imperialismo.

Supostamente, a ideia por trás dessa política seria enxugar o sistema financeiro e favorecer o consumo.

Na realidade, o BCE, assim como acontece com todos os bancos centrais, perdeu o controle da economia. O endividamento público, das empresas e dos consumidores, atingiu uma escala apocalíptica. E ainda estamos na ante-sala de um novo colapso capitalista, ainda maior que o de 2008, previsto para acontecer no próximo período. Como resultado, a economia não somente não tem saído do lugar, como, em termos produtivos, continua encolhendo.

Redução ou aumento dos juros?

O capitalismo se encontra em fase terminal, com várias pontes de safena. A estorinha do “empreendedor” que abria uma empresa para ganhar dinheiro é coisa de um passado remoto. Hoje é o assalto em larga escala dos cofres públicos e dificuldades crescentes para obter lucros a não ser por meio da especulação financeira ultra parasitária ou o trabalho semi escravo.

Nos Estados Unidos, os monopólios recebem dinheiro público à vontade a taxas de 0,25 %. Mas quais seriam os motivos para que essas grandes empresas estejam pressionando o governo pelo aumento das taxas de juros?

Em primeiro lugar, a quantidade de dinheiro fictício disponível no mercado mundial, que não encontra localização produtiva, chegou a volumes obscenos. A especulação financeira, que movimenta volumes recordes de capitais fictícios, está perdendo fôlego devido ao aprofundamento da crise capitalista. Os grandes capitalistas buscam retomar as taxas de lucro dos títulos podres, que chegaram aos 15%, há três anos, e hoje se encontram em torno de 3,5%, e caindo.

Por que os monopólios pressionaram pelo fim dos juros zero?

A inundação do mercado com dinheiro podre, sem lastro produtivo, com o chamado QE (quantitative easing), levou à queda da taxa de lucro no mercado dos títulos podres. O Estado compra títulos (muito) podres pelo valor cheio. Por meio deste mecanismo, no ano passado chegaram a repassar US$ 90 bilhões por mês.

Quando os juros forem aumentados nos Estados Unidos, acontecerá uma gigantesca fuga de capitais no Brasil e nos demais países atrasados que acelerará, e muito, a crise capitalista.

A especulação financeira, que representa o coração do capitalismo mundial, apresenta claros sinais de esgotamento. Para o próximo período, está colocado um novo colapso de gigantescas proporções. O sistema financeiro mundial deverá quebrar de conjunto, da mesma maneira que aconteceu em 2008. Mas os Estados burgueses, agora hiper endividados por causa dos resgates, terão condições de proceder a novos resgates? Quem pagará a conta? E quais serão as consequências sociais?

Na direção de um novo e gigantesco colapso capitalista mundial

Os fatores que levaram à crise de 2008 continuam atuando e com mais força do que nunca. Os preços das principais empresas norte-americanas, listadas no S&P 500, têm visto cair seus valores, seus lucros e as avaliações de risco.

As explosões que aconteceram em 1974 (crise do petróleo e crise capitalista mundial), 1987 (operações de alta frequência), 1998 (fundo LCTM), 2001 (bolha de Internet), 2008 (subprime e colapso capitalista mundial) tendem a parecer um jogo de crianças na comparação com a próxima bolha do crédito, que envolve diretamente os bancos centrais. Para voltar ao balanço de 2008, a Reserva Federal norte-americana precisaria enxugar do sistema financeiro pelo menos US$ 4,5 trilhões, o que hoje é impossível sem provocar uma quebradeira em massa.

O crescimento da China, da mesma maneira que tem acontecido nos demais países, tem sido conseguido na base dos anabolizantes: dinheiro do Estado em larguíssimas proporções, para os capitalistas. Mas agora cresce a desaceleração da economia chinesa, caem os preços das commodities (matéria-primas comercializadas nas bolsas especulativas), aumenta a crise nos chamados países emergentes e a crise nos países desenvolvidos tornou-se endêmica.

A subprime, a especulação com títulos imobiliários, é ainda maior e atingiu os países atrasados. Na Rússia, na China, na Arábia Saudita, no Brasil, no México e em praticamente todos os países a especulação imobiliária tem ido a mil por hora.

O parasitismo do capitalismo atingiu o ápice e, a cada dia que passa, o apodrecimento fica ainda maior. A especulação financeira ameaça travar as engrenagens do sistema, repetindo numa escala ainda muito maior o que aconteceu na década de 1930.

A recessão industrial atingiu todas as potências industriais, a começar pela Alemanha, o Japão e a China. No Brasil, continua avançando a passos largos, mas também avançam a inflação, desvalorização do dólar, o aumento do desemprego até nas estatísticas oficiais.

Crise capitalista, crise do parasitismo financeiro

O parasitismo financeiro atingiu um ápice difícil até de imaginar. O coração do capitalismo, a especulação financeira, somente por meio dos nefastos derivativos financeiros, movimenta 15 vezes a produção mundial real. Vladimir I. Lenin, no seu conhecido livro, O imperialismo Etapa Superior do Capitalismo, tinha analisado o fenômeno, com a tendência ao aumento exponencial dos capitais fictícios.

A especulação financeira atua como uma espécie de buraco negro ultra parasitário que absorve todos os principais recursos. Se calcula que os bancos centrais das principais potências tenham injetado pelo menos US$ 12 trilhões desde 2008, nos Estados Unidos, na Europa, no Japão, na China, no Brasil, na Índia e na Rússia. Na realidade, tem sido muito mais. As taxas de juros zeradas ou negativas para as grandes empresas e as compras de títulos financeiros podres pelos governos continuam alimentando a especulação em larga escala. Todas as bolhas são infladas por meio de fartos recursos públicos.

De acordo com um conhecido relatório do Congresso norte-americano, somente até 2010, o governo tinha repassado nada menos que US$ 16 trilhões para resgatar bancos e grandes empresas. Não por acaso, a dívida pública nos Estados Unidos soma mais de US$ 18 trilhões. Somente nos dois governos Obama, acumulou mais de US$ 12 trilhões. Ou seja, em menos de 10 anos cresceu o dobro que em mais de 200 anos!

O mundo capitalista avança rapidamente para um caminho de alta paralisia, recessão, desemprego e hiperinflação. Esses são os motores que colocarão em movimento os trabalhadores no mundo.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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