Em votação nesta sexta-feira (22), mais de três milhões de irlandeses – 60% do eleitorado – compareceram aos postos de votação para aprovar o casamento gay, em uma das maiores mobilizações populares das últimas décadas.
A apuração das urnas, encerrada neste sábado (23), mostrou que 62% dos cidadãos e cidadãs da Irlanda são favoráveis à medida, enquanto que 37,93% se apresentaram contra. Os casais homossexuais, ativistas e simpatizantes da causa votaram "sim" à afirmação "O casamento pode ser contraído de acordo com a lei por duas pessoas, sem distinção do seu sexo".
Em 2010, o governo havia aprovado uma lei de união civil que deu reconhecimento legal a casais gays. Mas há diferenças entre união civil e casamento, informa a BBC. A principal delas é que o casamento é protegido pela Constituição, enquanto a união civil não é.
Mesmo com a maior parte das instituições da sociedade civil e também de políticos defendendo a legalização da união homossexual, a Igreja Católica usuou suas ferramentas ideológicas para propagandear o "não". Segundo a AFP, a instituição controla mais de 90% das escolas do ensino básico da Irlanda e os sinos tocam duas vezes por dia na televisão pública. Além disso, 84% da população se considera católica e mais de 50% frequenta a missa todos os domingos.
Mas a Igreja reconheceu a derrota do conservadorismo e se adaptará à nova realidade da sociedade irlandesa.
"Eu acho que a igreja precisa fazer uma revisão da realidade", disse o arcebispo de Dublin, Diarmuid Martin. "Eu fico feliz de ver como os gays e lésbicas estão se sentindo hoje, pelo fato de que isso seja algo que enriquece a maneira como vivem. Eu acho que é uma revolução social", afimou.