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ccGaliza - Diário Liberdade - Ilduara Medranho*] Sabedes o que se passa? Que apesar de sermos feministas e ter berrado em mil ocasions em manifestaçons, concentraçons e demais, a máxima de "nós parimos, nós decidimos", nom o temos nada claro, em relaçom ao aborto sim, mas no caso de querer ser mae, nom, e agora tentarei explicar porque acho que nom decidimos.


"Doula (E) com bebê e mai" por TheLawleys - http://www.flickr.com/photos/lawley/2056696634. Licenciado sob CC BY 2.0, via Wikimedia Commons - http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Doula_(L)_with_newborn_and_mother.jpg#/media/File:Doula_(L)_with_newborn_and_mother.jpg

Pois por fatores diversos, se decidires ficar grávida e levar a gravidez a término, tés que entrar no jogo do sistema, e o sistema quer que paras, e que todo vaia bem, mas nom para ti, senom para el. Umha vez estás dentro e comunicas à tua médica de cabeceira que estás grávida, prepara mil papéis para o seguimento da tua gravidez, análises, consultas com parteiras, tocólogos, etc. Até cá todo normal, és mulher, estás grávida, precisas atençom médica.

Entom acodes tu, muito contenta, a todas essas marcaçons, e cá é que se inicia o controlo sobre ti e a tua gravidez. Começam a tratar-te como se fosses umha nena, incapaz de decidir como queres defrontar a tua gravidez e passam a decidir por ti.

No meu caso pessoal tenho duas crianças e, na primeira gravidez, eu, deixei-me fazer todo o que o pessoal sanitário considerou necessário para que eu pudera parir. Aceitei todas as manobras possíveis para acelerar o momento do parto, manobra de Hamilton (1), rutura prematura de bolsa, manobra de Kristeller (2), episiotomia (3)... E todo isto temperado com umha anestesia epidural que impedia o movimento para que a lei da gravidade figera o seu trabalho. Pois sim! Parim! Com toda essa "ajuda" parim. É assim como fam com milhares de mulheres a diário...

De toda esta "ajuda" está amplamente demonstrado que pode ser contraproducente e que som práticas muito perigosas. Há infinidade de estudos publicados sobre o tema.

Na segunda gravidez, estava mais informada do que se deve fazer na hora dum parto, ou seja empoderei-me e decidim DECIDIR eu e PARIR eu, procurei umha doula que já conhecia previamente, e acudim a ela.

O primeiro que me dixo foi que para parir na casa era necessário ter umha parteira, que havia várias na Galiza e deu-me os contactos de algumhas.

A pesar de confiar nela profundamente, no seu fazer como doula que acompanhou muitas mulheres na sua gravidez e nos partos, ela insistiu que sem parteira nada, A MINHA DOULA, negou-se a atender-me se nom havia umha parteira, eu insistim que podia fazê-lo com ela sozinha e ela explicou-me o porquê de ter umha parteira, com isto tento dizer que nom som intrusistas, nem todas essas barbaridades tiradas do relatório que figérom as enfermeiras no que di respeito das doulas que tanto deu que falar nas ultimas semanas.

Infelizmente, devido a umha hipertensom o de parir na casa nom pudo ser, mas sim pudo ser é trabalhar durante toda a gravidez com esta mulher, grande mulher, que fijo com que eu estivera confiada na minha toma de decisons. Nunca me dixo o que tinha que fazer, limitava-se a mostrar-me possibilidades diferente e eu decidia o que fazer, ensinou-me muito, fijo com que cada passo que eu dava fora firme e seguro. Acompanhou-me no caminho, nom levantou muros, ensinou-me a bordejar os que o sistema levantava, já que decidiram que nom podia aguardar mais e havia que induzir o parto quando ainda faltavam três semanas para o término. Nom o figem, nom lhes fixem caso, decidim esperar a que estivéramos prontas a bebé e mais eu, e assim foi, quando estivo pronta começou o parto. Estava dentro do sistema, num hospital, mas num primeiro momento dim com profissionais bons que me deixárom estar, dentro das minhas possibilidades como queria, mas chegou a mudança de turno e com ele chegou a minha talhante titulada particular, digo talhante em referência ao relatório das enfermeiras que dim que as doulas som talhantes, mas neste caso foi umha parteira perfeitamente colegiada e titulada a quem sem aviso prévio, nem consulta decide cortar-me porque estou parindo muito rápido e eu sozinha e isso nom pode ser, completamente surrealista, mas eu, num momento tam vulnerável nom pudem fazer nada, porque nom fum informada desse procedimento? Porque fam política de factos consumados? Pois para ter o controlo sobre a mulher, seguir perpetuando o patriarcado…

Conclusom: nós podemos parir, podemos decidir, mas para isso, precisamos estar conscientes. Durante milhons de anos, a espécie humana sobreviveu sem tanta instrumentalizaçom nos partos, com a companhia de outras mulheres, mas ao patriarcado interessam-lhe as mulheres submissas, obedientes, com fé cega no sistema. E isso que se está a falar das doulas é medo puro, porque elas fam com que nom nos deixemos levar por paternalismos absurdos de que nom podemos parir sem a ajuda do sistema.

Como mulheres, como feministas devemos empoderar-nos e saber gozar dos nossos corpos, da nossa gravidez e reconstruir todo, porque tal como esta construído nom nos beneficia em absoluto, mais bem todo o contrário.

Por isso há que deixar claro que sim:

NÓS PARIMOS, NÓS DECIDIMOS!! E OS NOSSOS CORPOS SOM NOSSOS E NELES MANDAMOS NÓS!!

1- http://matronaonline.net/maniobra-de-hamilton/

2-http://www.elpartoesnuestro.es/blog/2011/09/07/maniobra-de-kristeller

3- http://www.mulheres.org.br/fiqueamigadela/episiotomia.html

*Feminista e mae


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