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aviaoTurquia - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] No dia 24 de novembro, um caça russo SU-24 foi derrubado perto da fronteira Síria-Turquia por dois caças turcos F-16 que teriam usado mísseis ar-ar. Os dois pilotos russos saltaram e acabaram sendo, provavelmente, mortos por grupos “rebeldes” em território sírio.


De acordo com a versão oficial turca, o caça teria sido avisado dez vezes antes de ser abatido. O governo russo declarou possuir evidências de que se encontrava em território sírio a seis mil metros de altura.

Desde o começo das operações da Rússia na Síria, haviam sido feitos acordos com a Turquia, os Estados Unidos, Israel, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos com o objetivo de evitar o confronto militar.

O governo turco, ao invés de buscar um entendimento imediato com os russos, chamou uma reunião em caráter de urgência com a OTAN. Até o momento, as retaliações foram preventivas. O governo do presidente Vladimir Putin suspendeu a colaboração militar com a Turquia, foi anunciado que o sistema anti-mísseis S-300 será atualizado para o padrão S-400 na base aérea de Khmeimim e todos os ataques aéreos passarão a contar com cobertura aérea por aviões de combate. Os canais diplomáticos continuam abertos no primeiro escalão dos ministérios das Relações Exteriores.

A frente única de Obama com Putin

A Síria tem um enorme potencial de contágio desestabilizador no Oriente Médio. A presença militar da Federação Russa na Síria data de várias décadas atrás, da época da antiga União Soviética. A Rússia possui no porto de Tartus, localizado ao norte do Líbano, a única base naval no Mar Mediterrâneo. Assim que os “rebeldes”, financiados pelo imperialismo e a reação, conseguiram infiltrar e controlar os protestos de massas que estouraram há quatro anos, os russos e o Irã passaram a atuar na defesa do governo al-Assad. Mas o ponto de virada aconteceu em junho deste ano.

O secretário do Departamento de Estado norte-americano esteve no balneário de Sochi, localizado no sul da Rússia, onde manteve encontros de primeiro nível. O objetivo foi colocar em pé uma frente única com o objetivo de estabilizar a Síria e evitar que se convertesse numa nova Líbia ou Somália. Em contrapartida a Administração Obama desescalou as tensões na Ucrânia, no Mar do Sul da China e na América Latina. Essa política acabou aumentando as tensões com os aliados tradicionais do imperialismo, a começar com Israel e a Arábia Saudita e reflete o grau de crise. Para estabilizar a situação, os Estados Unidos precisaram se aliar com inimigos tradicionais.

Obama encabeça a direita tradicional nos Estados Unidos que disputa com a direita truculenta a política a ser implementada no próximo período, com o objetivo de enfrentar o inevitável aprofundamento da crise capitalista. Os cinco debates dos pré-candidatos do Partido Republicano às eleições presidenciais que acontecerão no próximo ano oferecem uma amostra da política da ala direita do imperialismo. Guerra, inclusive atômica, contra o Irã. Guerra contra a Rússia. Guerra contra a China.

As relações Rússia-Turquia

As relações entre os governos Putin e Erdogan têm evoluído positivamente no último período. A Turquia, apesar de ser um membro da OTAN, tem mantido uma relação ambivalente com os Estados Unidos e a Europa. A Rússia tem buscado influenciar essas relações desenvolvendo as relações comerciais energéticas, que representam o principal componente da política econômica turca após a crise da indústria têxtil que estourou a partir de 2008. O gasoduto SouthStream foi desviado, no Mar Negro, da Bulgária para a Turquia para driblar as regulamentações da União Europeia relacionadas com o monopólio da Gazprom, a gigante do gás russo, no fornecimento de gás.

A saída da Frota russa do Mar Negro depende do Estreito de Bósforo, que é controlado pela Turquia.

As relações entre a Rússia e a Turquia começaram a entrar em rota de colisão com a escalada da intervenção russa na Síria. A Turquia depende do controle da região para viabilizar a própria política. O lucrativo e disputado fornecimento de gás à Europa, com a perspectiva da Turquia se converter num nó (hub), depende dessa política. Está em jogo não somente o transporte do gás russo, mas também do gás do Catar, Irã, Azerbaijão, Turcomenistão e até do Líbano e Israel.

A Rússia também tem pretensões de potência regional e depende do sucesso da intervenção na Síria para aumentar o mercado de armas no Oriente Médio e no mundo, reduzir as sanções relacionadas à Ucrânia, disputar o mercado de fornecimento de gás e de energia nuclear na região. Além disso, há a questão dos grupos guerrilheiros financiados pelas monarquias do Oriente Médio que podem começar a atuar no Cáucaso, nas repúblicas da Ásia Central e no sul da Rússia (Tchetchênia e Daguestão) no caso do governo sírio colapsar.

O governo turco, encabeçado pelo primeiro-ministro Erdogan, tem impulsionado os próprios “rebeldes” com o objetivo de conter o avanço dos curdos e de aumentar a própria influência na região. O Estado Islâmico tem sido um dos principais favorecidos por meio da facilitação de rotas logísticas e para a comercialização do petróleo que eles controlam. A mesma política tem sido aplicada pela Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos, e, em alguma medida, pelo Catar e o imperialismo.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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