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5696910995 5dddca376e zArgentina - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] O direitista Maurício Macri, do Cambiemos (Vamos Mudar, em português), derrotou, no segundo turno das eleições presidenciais, o candidato do governo de Cristina Kirchner, Daniel Scioli, do Frente para la Victória, por 51,4% dos votos contra 48,6%.


Foto: Mauricio Macri by Flickr (CC BY-ND 2.0)

Agora, a direita passou a encabeçar o governo federal, a Prefeitura de Buenos Aires e a Província de Buenos Aires, onde o candidato de Scioli foi derrotado no dia 25 de outubro. Em 22 de novembro, Scioli obteve a maioria dos votos na Província de Buenos Aires.

Cambiemos é o sucessor do Compromiso por el Cambio (Compromisso pela Mudança, em português), fundado por Macri em 2003, que deu origem ao PRO (Proposta Republicana) em 2005. Em 2007, Macri venceu as eleições para a Prefeitura da cidade de Buenos Aires, derrotando o kirchnerismo. Ele se beneficiou como então presidente do clube de futebol Boca Juniors, que tinha acabado de ganhar a Libertadores, e também pela expulsão de Ibarra do governo por causa do massacre do Cromanón. Macri foi reeleito quatro anos mais tarde.

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O macrismo conseguiu aglutinar setores do peronismo e do radicalismo (a União Cívica Radical, que entrou em colapso em 2001). Em aliança com esses setores, tem aplicado uma política de terra arrasada na cidade de Buenos Aires, desde 2007, e também nas províncias em aliança com o “radicalismo” e o GEN (Generación para un Encuentro Nacional), liderado por Margarita Stolbizer.

Uma fraca saída de contenção da crise

O “macrismo” aparece como uma saída fraca à crise capitalista argentina, pela direita, impulsionada pelo imperialismo. Seria a saída imperialista, impulsionada pela Administração Obama, contra os governos nacionalistas na América Latina. Para o próximo período, esta ala do imperialismo deve aumentar o impulso dessa política, principalmente no Brasil, no Equador e na Venezuela, que já foi aplicada com sucesso no México e nas recentes eleições municipais na Colômbia, dois países de grande importância regional.

O calcanhar de Aquiles da política de Obama e do “macrismo” reside em que as chances da “direita democrática” latino-americana para aplicar o plano de “ajuste” que os monopólios exigem são escassas. Por esse motivo, a continuidade do endurecimento do regime será inevitável, apesar de uma certa descompressão conjuntural. As eleições que acontecerão nos Estados Unidos no próximo ano, e o grau do aprofundamento da crise capitalista, representam dois dos principais fatores que poderão aumentar ou reduzir o fortalecimento da política abertamente golpista.

O próprio Macri, que no ano passado era repudiado como um “neoliberal”, mudou o discurso para se apresentar como um “renovador” que iria manter os aspectos positivos da política kirchnerista, como os programas sociais e as “nacionalizações” a la Kirchner.

O capitalismo não conseguiu colocar em pé uma política alternativa ao neoliberalismo que colapsou em 2008. Por esse motivo, os grandes capitalistas pressionam por maiores doses da política neoliberal. Nos elos mais fracos do sistema capitalista mundial, a desestabilização social gerada por essa política tende a se acelerar.

A crise tirou, em boa medida, a base social dessa direita latino-americana, que agora aparece como uma espécie de zumbi cuja política quase exclusiva é o aumento da entrega dos respectivos países ao imperialismo. A desagregação do regime político reflete o aprofundamento da crise em escala mundial. Uma evolução semelhante, e anterior, pode ser observada nos países mediterrâneos da Europa. Na Espanha, por exemplo, o bipartidarismo está dando lugar a vários partidos, integrados ao regime, onde o “Ciudadanos” tenta colocar em pé uma alternativa direitista “pragmática”, um verdadeiro vale tudo perante o fortalecimento contraditório de Podemos (o Syriza espanhol), para as eleições que acontecerão no dia 20 de dezembro.

A divisão interna da burguesia dificulta a formação de uma frente única que consiga aplicar uma nova onda de políticas neoliberais, tal como foi feito por Menem (1989-1999) na Argentina e por FHC (1995-2003) no Brasil.

Macri tenta impulsionar uma coalizão “neoliberal” incluindo a ala direita do peronismo e do kirchnerismo que conta com os governadores, os setores ligados a Sergio Massa (o candidato derrotado no primeiro turno) e parte da burocracia sindical. Essa aliança deverá ser implodida com a ascensão do movimento de massas.

A atomização do Congresso facilitará a ação da direita turbinada pelo dinheiro dos monopólios. O kirchnerismo deverá continuar como uma força importante, pois ainda conta com a força de choque juvenil, a Campora, e fortes laços com a burocracia sindical e estatal, e com setores da burguesia argentina.

Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.


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